terça-feira, agosto 21, 2012

Contrato social ou conflito social?


A crise do país chegou ao ponto em que já se defende abertamente o sacrifício de um grupo profissional supostamente culpado e merecedor de todos os castigos, já lhes cortaram 10% do ordenado, depois tiraram-lhe os subsídios, daqui a uns tempos um qualquer Pires de Lima ou Mexia sugere que passem a receber ordenado apenas mês sim, mês não. Não é novidade, a melhor forma dos oportunistas justificarem uma crise profunda é elegendo um grupo de culpados, em função do credo, da profissão ou da raça. Em Portugal a direita escolheu os funcionários públicos e os pensionistas, depois de anos a serem alvo de difamação e invejas defende-se descaradamente a sua expropriação, não é novidade, mas estão com sorte, outros foram para os fornos.
  
A verdade é que o Gaspar inventou um desvio colossal e atribuiu a sua responsabilidade a três meses de gestão orçamental por parte do governo anterior. Ainda estamos em Agosto e já se percebeu que o desvio colossal não só é definitivo como aumentou de forma ainda mais brutal, o país caminha para um défice de 6% e para mais dez mil milhões de dívida soberana. Tanto quanto se sabe a responsabilidade não foi das PPP, do novo aeroporto, do rendimento mínimo ou das Novas Oportunidades.
  
É evidente que os subsídios e os vencimentos dos funcionários e pensionistas já não bastam para compensar os erros desastrosos do Gaspar, será necessário reter vencimentos e pensões pelo menos até ao mês de Março, isso no pressuposto de o Santinho de Massamá conseguir um milagre ainda maior do que o crescimento económico em 2013, transformar um ministro das Finanças incompetente e extremista num ministro competente e capaz de acertar nas suas previsões.
  
A verdade é que o caminho da difamação e do conflito social conduzirá o país à desgraça, Portugal está hoje muito pior do que estava em 2010, a crise financeira agravou-se, o tecido económico foi parcialmente destruído, as escolas têm menos qualidade, nas creches as crianças dormem umas em cima das outras, nas ruas formam-se filas à espera da ajuda alimentar, a divida soberana cresce exponencialmente, um quarto da população está no desemprego.
Pior ainda do que tudo isso é não haver solução à vista, termos um governo que levaria à falência qualquer mercearia, um presidente que se delicia com as vacas da Ilha Graciosa, uma classe política formada por bandalhos, opinion makers comprados pelos hipermerceeiros e outros comerciantes.

Se alguém pensa que o Mexia ou o Pires de Lima estão preocupados com os seus trabalhadores quando defendem o corte dos subsídios a funcionários públicos e pensionistas desenganem-se, se assi fosse até os poderiam aumentar em vez de aumentarem os lucros com que alimentam dos dividendos e os seus próprios prémios. A lógica destes senhores é a de que cabe ao Estado apropriar-se do rendimento dos funcionários e pensionistas enquanto deverá caber às empresas privadas o roubo aos seus empregados.
  
Esta gente ainda não percebeu que as suas loucuras de extrema esquerda apenas terá um resultado: o conflito social. A única alternativa é o contrato social, é o acordo de longo prazo com uma distribuição equitativas dos custos presentes e dos benefícios futuros, não é aceitável que se roube hoje dias de trabalho ou vencimento aos trabalhadores e quando as empresas tiverem lucros estes sirvam para comprar Ferraris. Não é admissível que se cortem vencimentos e subsídios ao mesmo tempo que o Portas promete reduções do IRC.
  
Ou contrato social ou conflito social, escolham!
  
Se o governo fosse social-democrata como um dos seus partidos enganosamente se diz perceberiam esta questão, mas como o que domina é a extrema direita cobardolas que nunca se assumiu como tal vão mesmo conduzir o país à desgraça. temos um primeiro-ministro que não tem receado mentir para atirar os portugueses contra a Função Pública e um ministro das Finanças disposto a levar até ao fim a sua política desastrosa, isso para não falar do sôr Álvaro, esse apesar de ser ministro já nem merece um comentário.