segunda-feira, agosto 13, 2012

Equilibrar a curto prazo, arruinar a longo prazo


Terminado o período de ajustamento Portugal poderá regressar aos mercados para renovar a dívida e apresentará alguns equilíbrios sectoriais que nada resolverão e que servem apenas para “inglês ver”. Em contrapartida será um país arruinado a longo prazo.
  
Terminado o ajustamento acrescido do extremismo ideológico do Gaspar e da parolice do Passos Coelho o país terá destruído uma boa parte da sua capacidade produtiva, condenada por vender para o mercado interno, eliminou muitas das suas pequenas empresas eliminando a esperança de emprego para muita gente com poucas qualificações, expulsou do país uma boa parte dos seus melhores quadros e dos jovens mais promissores.
  
Mas talvez pior do que isto foi a mensagem dada aos agentes económicos. Os empresários mais preguiçosos, que nada investem na sua competitividade, podem ficar tranquilos porque quando tiverem de novo arruinados e o país entrar novamente num beco sem saída alguém se lembrará de arranjar um Gaspar numa qualquer sacristia e de ir buscar um Álvaro ao Canadá para impor uma receita digna do general Augusto Pinochet, mais horas de trabalho, salários mais baixos e porrada nos cornos.
  
A banca ficou a saber que pode continuar a apostar no consumo, a servir de plataforma para a exportação de capitais para as off shores, a fugir ao pagamento de impostos e a esbanjar lucros em dividendos. Quando estiverem a corda no pescoço porque emprestaram dinheiro aos sócios, amigos e afilhados sem garantias apropriadas, ou estiverem à beira da falência porque apostaram no lucro fácil da dívida soberana serão salvos pelo povo que roubaram e condenaram ao subdesenvolvimento, receberão empréstimos garantidos pelos contribuintes e terão um ministro das Finanças simpático.
  
Os mesmos que montarem uma ignóbil campanha de desinformação para levarem os mais pobres a sentirem-se culpados pela crise estão passando aos empresários uma mensagem que mete nojo, podem ser incompetentes, podem promover a evasão fiscal, podem levar as vossas empresas à ruína, serão salvos porque enganamos um povo cobarde que aceita todas as medidas brutais de austeridade, basta levar o primeiro-ministro a exibir a polícia de choque para que esse povo aceite todas as injustiças.
  
Quando o período de ajustamento terminar o país estará imensamente pior do que estava, terá perdido a esperança, terá expulso os seus jovens, terá passado a mensagem de que neste país só só os ricos têm direitos adquiridos, o direito de explorarem, de abusarem e de enganarem e de reprimirem o seu povo.