Terminado o período de ajustamento Portugal poderá regressar
aos mercados para renovar a dívida e apresentará alguns equilíbrios sectoriais
que nada resolverão e que servem apenas para “inglês ver”. Em contrapartida
será um país arruinado a longo prazo.
Terminado o ajustamento acrescido do extremismo ideológico
do Gaspar e da parolice do Passos Coelho o país terá destruído uma boa parte da
sua capacidade produtiva, condenada por vender para o mercado interno, eliminou
muitas das suas pequenas empresas eliminando a esperança de emprego para muita
gente com poucas qualificações, expulsou do país uma boa parte dos seus
melhores quadros e dos jovens mais promissores.
Mas talvez pior do que isto foi a mensagem dada aos agentes
económicos. Os empresários mais preguiçosos, que nada investem na sua competitividade,
podem ficar tranquilos porque quando tiverem de novo arruinados e o país entrar
novamente num beco sem saída alguém se lembrará de arranjar um Gaspar numa
qualquer sacristia e de ir buscar um Álvaro ao Canadá para impor uma receita
digna do general Augusto Pinochet, mais horas de trabalho, salários mais baixos
e porrada nos cornos.
A banca ficou a saber que pode continuar a apostar no
consumo, a servir de plataforma para a exportação de capitais para as off
shores, a fugir ao pagamento de impostos e a esbanjar lucros em dividendos.
Quando estiverem a corda no pescoço porque emprestaram dinheiro aos sócios,
amigos e afilhados sem garantias apropriadas, ou estiverem à beira da falência
porque apostaram no lucro fácil da dívida soberana serão salvos pelo povo que
roubaram e condenaram ao subdesenvolvimento, receberão empréstimos garantidos
pelos contribuintes e terão um ministro das Finanças simpático.
Os mesmos que montarem uma ignóbil campanha de desinformação
para levarem os mais pobres a sentirem-se culpados pela crise estão passando
aos empresários uma mensagem que mete nojo, podem ser incompetentes, podem
promover a evasão fiscal, podem levar as vossas empresas à ruína, serão salvos
porque enganamos um povo cobarde que aceita todas as medidas brutais de
austeridade, basta levar o primeiro-ministro a exibir a polícia de choque para
que esse povo aceite todas as injustiças.
Quando o período de ajustamento terminar o país estará
imensamente pior do que estava, terá perdido a esperança, terá expulso os seus
jovens, terá passado a mensagem de que neste país só só os ricos têm direitos
adquiridos, o direito de explorarem, de abusarem e de enganarem e de reprimirem
o seu povo.