Se o Goebbels passasse fosse reincarnado e passasse por este
país iria perceber que apesar de se ter suicidado com a esposa, que por sua vez
matou todos os seus filhos, teria deixado uma forte herança, perceberia que
enquanto no reino animal essa herança é passada por via genética, no reino dos
humanos mais do que a raça ou os credos são as ideias que se herdam.
É evidente que já não chegaria a tempo de sugerir que elegêssemos
os judeus como culpados da crise ou que lhes ficássemos com os bens como fez a
Alemanha que dessa forma financiou 30% das despesas da guerra. Muito antes da
Alemanha ter perseguido os judeus já o nosso país tinha dado o exemplo,
expulsando os que insistiram em não converter-se e matando ou chacinando os que
se converteram, a diferença é que por cá iam para a fogueira.
À falta de judeus o Goebbels sugeriria outros grupos,
certamente que se lembraria dos maçons, gente que na Alemanha nazi também foram
eliminados. Nesse capítulo os Alemães foram mais eficazes do que a nossa Santa
Inquisição ou a PIDE, por cá os maçons sobreviveram da mesma forma que também
sobreviveu o ódio instigado pelo Santo Ofício e pelo salazarismo. Se mesmo
depois de termos eliminados ainda estamos inquinados de um antissemitismo que
até tem expressão no significado de
algumas palavras de uso corrente.
Os nazis ensinaram-nos que a melhor forma de resolver uma
crise financeira era elegendo culpados, condenar esses culpados a ficarem sem
recursos e até a serem escravos. Ora, os maçons não são assim tantos e como
foram infiltrados por gente que mais próximas dos valores do fascismo do que da
maçonaria portuguesa também estão no pder. Assim sendo e como os ricos estão excluídos
e os pobres já deram o que tinham a dar restam os funcionários públicos.
Se o Goebbels estivesse por cá e lhe pedissem a opinião ele
diria que escolhêssemos, por exemplo, os funcionários públicos. E como o
justificaríamos? Goebbels acrescentaria “digam ao povo que eles ganham mais do
que os outros!”. E assim seria feito, aliás, assim se fez.
Aliás, se o Goebbels fosse vivo até poderia ser útil, já sem
os prestígio de outros tempos e sem um grande cargo que já teve ainda poderia
ser contratado em segredo para assessor especial do governo, uma espécie de
ministro sem pasta ou mesmo ministro dos fretes. Como para fazer fretes ao Miguel
Relvas ou para assessorar o governo nas privatizações o lugar já está ocupado o
Goebels poderia ser precioso noutros domínios.
Seria uma mais-valia no combate a gente como o D. Januário
ou o pessoal da RTP que anda por aí a dizer que discorda da brilhante ideia que
o Relvas teve e que o Borges divulgou a título de atirar barro à parede. O
Goebbels perceberia que nos dias de hoje já não se pode mandar as SA malhar
nessa gente como se fazia com os judeus e todos os opositores ao nazismo,
especialista em manipulação e propaganda o Goebels diria logo “arranjem um
jornal amigo e difamem essa gente”. E assim se faria.