Quando um governo aumenta o número de alunos por turma para
28 ou 30 alunos no ensino público para poder despedir professores e poupar no
ensino e ao mesmo tempo dá ajudas ao ensino privado e exige apenas que as
turmas tenham pelo menos 12 alunos está criar uma vantagem ao que estudam no
privado e discrimina os alunos do ensino público. Daqui a alguns anos alguém
vai chegar à conclusão de que os resultados dos ensino privado são melhores, o
que demonstra a superioridade do modelo de ensino assente em escolas privadas.
Mas esta abordagem é bem mais grave e visa muito mais do que
criar artificialmente uma vantagem competitiva para o ensino privada, na sua
essência visa discriminar os cidadãos com menores recursos que não têm
alternativas à escola pública. Não bastando as assimetrias sociais o governo
quer ainda certificar-se que os filhos das classes mais abastadas ganham
vantagem no plano social beneficiando de um ensino melhor.
A igualdade é aparentemente reposta no momento do acesso às
universidades públicas, que em regra são melhores do que aquela onde o dr.
Relvas se transformou milagrosamente num cientista da política certificado por
canudo académico. Só que nessas universidades invertem-se os interesses, os
mais ricos são os que entram nelas beneficiando do “empurrão” dado no ensino
secundário.
O ministro das Finanças tira aos pobres e à classe média
para dar aos ricos, o Lambretas descobriu que as crianças dos pobres cabem duas
em cada cama das creches, o ministro da Saúde cria dificuldades no acesso aos hospitais
públicos e, como não podia deixar de ser, o ministro da Educação enxota os
pobres das escolas.
Este é o primeiro ministério da Educação que diz querer
melhorar a qualidade do ensino aumentando alunos por turma, reduzindo
professores, gastando menos nas escolas públicas (e mais nas escolas privadas)
e desprezando todos os aspectos pedagógicos. Os filhos dos mais pobres e da
classe média são uns malandrecos e a única preocupação do ministro em relação
ao ensino público centra-se na avaliação, era o que faltava que andassem na
escola pública e no fim ainda ficassem com boas notas.
Esta opção do governo é claramente classista, visa manipular
a sociedade favorecendo algumas classes e empobrecendo cultural e
academicamente outras. Compreende-se a opção, o governo que desinvestiu na
modernidade, que apenas concebe a competitividade aumentando a escravidão da
mão de obra aposte em pobres pouco qualificados, são esses os necessários às
industrias pouco desenvolvidas em que o governo aposta.
PS: Importa recordar que as escolas privadas participaram
activamente nos processos eleitorais ao lado das candidatura da direita pelo
que as generosas ajudas a essas escolas podem ser entendidas como um processo
corrupto de favorecimento. O governo paga os favores que a direita recebeu nas
eleições.