sexta-feira, agosto 17, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
 
Aves de Lisboa: "Borrelho-de-coroa-interrompida [Charadrius alexandrinus] junto ao Parque das Nações
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
Aljezur [J. Ferreira]   
A mentira do dia d'O Jumento
 
A Santinha da Ladeira apresentou no Tribunal do Comércio de Lisboa uma queixa contra o Santinho do Pontal por concorrência desleal, apontando como exemplo das consequências dessa concorrência o incêndio na Capela da Lapa, queixa a santinha da Ladeira que depois de ouvirem o Santinho do Pontal dizer que afinal não se está cagando para os eleitores e para as eleições e que em 2013 sairia o euromilhões ao país a afluência de crentes a porem velinhas foi tanta que o fogo acabou por queimar a capela.

A Santinha da Ladeira argumenta em seu favor que costuma fazer milagres quando lho pedem, uma curazita aqui, um bom emprego acolá, mas uma sorte grande colectiva para todos os crentes, crescimento económico em 2013? A Santinha diz que estamos perante publicidade enganosa e que o Santinho do Pontal é um charlatão.

Jumento do dia
   
Paulo Macedo
 
O nosso Paulo Macedo deve estar a achar o mês de Agosto um pouco monótono e como não quer que os jornalistas se esqueçam dos seus grandiosos feitos lá arranjou qualquer coisa para mandar para os jornais. Lembra os tempos da DGCI quando tinha uma rapariga amiga cuja tarefa era telefonar aos serviços a perguntar se havia alguma coisa para mandar para os jornais.

«Numa nota, o Ministério da Saúde indica que Paulo Macedo pediu, no início do mês, para que fossem cumpridas as recomendações do TC que visam "ajustar a capacidade de produção utilizada à capacidade efetiva das unidades, com vista a reduzir os custos e promover a sustentabilidade do SNS [Serviço Nacional de Saúde], considerando a revisão das redes de referenciação existentes", e também "avaliar e considerar a disseminação das boas práticas pelos serviços de cirurgia cardiotorácica".» [DN]
   
 Estão à rasca!

Apoiados em dois políticos irresponsáveis, Gaspar e Passos Coelho, os estarolas da troika decidiram usar abusivamente um país soberano com que tinham assinado um memorando para fazerem experiências económicas, transformando todo um povo em ratinhos de laboratório. A teses era a de que na ausência de desvalorizações nuym país que está numa zona monetária como o euro a solução da política económica era o empobrecimento forçado dos seus trabalhadores.
  
A tese há muito que existe e circula em papers de economistas pouco dotados e sem grande reconhecimento internacional, mas faltava um país desesperado ou com um governo fraco para aceitar sacrificar o seu povo. Os rapazolas da troika assinaram um memorando com o governo soberano de um país onde se aceitava o respeito pelas regras constitucionais e onde se estabeleciam metas e medidas.
  
Mas um grupo de estarolas ganhou as eleições e o primeiro-ministro veio logo dizer que seria mais troikistas do que a troika. Escolheu um técnico formado em gestão com alguns conhecimentos de economia na perspectiva religiosa dos ultraliberais para ministro das Finanças. Estavam reunidas as condições para governo e troika esquecerem o memorando, ignorarem os princípios constitucionais e iniciarem um programa de testes pouco se importando com a miséria qye daí resultará. Com o Relvas no governo a comunicação social vai fazendo de conta que é mesmo o memorando que está sendo aplicado e a direita chora pelos sacrifícios que obriga o povo a fazer, dizendo que estão previstos no malfadados memorando.
  
É evidente que mais tarde ou mais cedo os portugueses vão perceber o logro em que cairam, vão constatar que foram inventados desvios para os tramarem com medidas de austeridade brutais e vão pedir contas aso estarolas da troika e aos seus amigos do governo português. Ultrapassar a lei que é a Constituição, adoptar medidas de que resulta a miséria de tanta gente é crime que não poderá ficar impune.
  
Não admira que Passos Coelho e troika anddem a prometer o paraíso em 2013, uns e outros precisam de cresciemnto eonómico sob pena de serem acusados nacional e internacionalmente de terem destruído uma economia recorrendo a medidas brutais que vão muito mais além do que tinham acordado. Que em Portugal haja idiotas não é novidade, que organizações como o FMI, o BCE ou a Comissão brinquem com a economia de um país e tratem um povo como se fossem ratinhos de laboratório é uma novidade na história da humanidade. 
  
Alguém  terá de ser responsabilizado e levado à barra do tribunal pelas consequências. Não admira o optimisto dos estarolas, estão à rasca e convencidos de que o optimismo estimula o consumo, o mesmo consumo que condenaram e de uma forma própria de talibans da economia trataram como pecado capital, só faltou exigirem que se cortasse a mão a usasse para comer um bife um pouco maiss caro do que poderiam pagar.
 

  
 Filharada portuguesa
   
«Há dias, um banqueiro tornou pública a soberba do ministro das Finanças ao adoptar o inglês como “língua de trabalho” no seu reino de secos & molhados. Esse banqueiro, Fernando Ulrich, abespinhou--se por Vítor Gaspar impor tal idioma aos que conferenciem com ele – isto é, portugueses a tratar, em território nacional (o Terreiro do Paço ainda o é), de assuntos portugueses.
  
Houve já, e por atitudes assim, quem entrasse de chamar “Nuno Álvares Pereira da Contabilidade” àquele (por iluminado) dirigente. Inapropriadamente, porém: a igreja do Condestável era a do catolicismo, a do ministro é a do cifrão; a bíblia de D. Nuno era a do Vaticano, a do dr. Gaspar é a de Bruxelas; a trindade venerada pelo santo era a celestial, a do contabilista é a troika. Na sanha de aspergir a Pátria, o titular da sua pasta (pasta, massa, dinheiro) tomou como hissope uma calculadora que não regista valores de cultura, de história, de civilização de que a língua portuguesa é símbolo vivo. O menosprezo por ela fez-se-nos, aliás, uma constante: cantores cantam em inglês, romancistas romanceiam em francês, universidades cursam em americano, etc., num inqualificável atentado à nossa identidade.
  
A propósito de identidade, recordo amiúde o presidente Giscard da França que, ao visitar Portugal, nos deu uma bela bofetada de luva branca: quando, na conferência de imprensa de despedida, patuscos do Ministério dos Negócios Estrangeiros e da imprensa lhe falaram em inglês, ele interrompeu, sarcástico, pedindo aos intérpretes o favor de traduzirem o que se dizia para português e francês, as línguas dos países ali afirmados – não a Grã-Bretanha.
  
Gaspar e afins jamais perceberão ninharias destas. Que bela filharada tens, Portugal!» [i]
   
Autor:
 
Fernando Dacosta.   

 Solução europeia compromete PIB potencial
   
«O facto de os trabalhadores inactivos durante longos períodos, perderem aptidões, desactualizarem os seus conhecimentos, perderem confiança, etc., conduz à perda de capital humano, resultando em diminuições do PIB potencial no médio e longo prazo. O mesmo acontece aos jovens com o adiar da entrada no mercado de trabalho
  
Uma crise de financiamento externo resulta sempre de o nível de despesa ser superior ao da produção. A sua correcção implica dor - diminuir o consumo, despesa pública e importações - e esforço - trabalhar mais para aumentar a produção e as exportações da economia.
  
Na Zona Euro todos os países estão a seguir estas políticas, mesmo os que não têm nenhum problema de financiamento externo – como a Alemanha, o que contribui para prolongar e acentuar a recessão na Zona Euro, dificultando o trabalho aos países que têm desequilíbrios externos, pois não podem contar com a procura externa como motor do crescimento da sua produção.
  
A questão para um país como Portugal não é se tem de fazer este reajustamento, é antes a que ritmo e em que medida consegue um "mix" de políticas que reforce a componente de diminuição da despesa ou a de aumento da produção.
  
As políticas que estão a ser seguidas na generalidade dos países da Zona Euro têm-se centrado na diminuição da despesa (quer pública, quer privada), mais do que no reforço da capacidade produtiva. Na maioria dos países europeus, não é só o consumo ou a despesa pública que estão em queda, é também o próprio investimento.
  
O caso português é particularmente grave. O ajustamento da despesa está a ser mais acentuado exactamente onde era menos desejável – na queda do investimento privado. Os números revelados na passada terça-feira revelam que a queda do investimento se acentuou e que esta está a ser acompanhada pela queda da produção industrial.
  
A correcção de situações de défice externo e orçamental resulta sempre em diminuição da procura agregada e numa inevitável queda do PIB efectivo no curto prazo. Num ciclo normal, esta retracção cria lugar para um crescimento mais acentuado na retoma, levando a economia a retomar a trajectória do seu PIB potencial. No entanto, o prolongar e acentuar da actual crise está a criar um risco de se estar a comprometer não apenas o PIB de curto prazo, mas também a evolução do PIB potencial. 
  
A forte diminuição do investimento, que se encontra hoje a níveis semelhantes aos de 1989, coloca em causa a evolução futura da economia. A falta de confiança dos investidores está já a comprometer o crescimento futuro, podendo significar que a retoma será mais lenta do que seria desejável. No caso português, a redução do investimento vai resultar num não aproveitamento de uma parte substancial dos fundos comunitários, desperdiçando um factor de atenuação da crise no curto prazo, e um impulso ao crescimento de longo prazo, se estes fossem aplicados em actividades produtivas.
  
Também o desemprego pode resultar em queda do potencial da economia. O aumento do desemprego de longa duração (confirmado pelos números desta semana) significa que muitos trabalhadores estão a degradar o seu potencial. O facto de os trabalhadores inactivos durante longos períodos, perderem aptidões, desactualizarem os seus conhecimentos, perderem confiança, etc., conduz à perda de capital humano, resultando em diminuições do PIB potencial no médio e longo prazo. O mesmo acontece aos jovens com o adiar da entrada no mercado de trabalho.
  
No caso português, há que juntar a este fenómeno a emigração de jovens qualificados. Num país em envelhecimento, esta perda significa uma queda importante no PIB potencial, uma perda de capacidade futura de pagar a dívida, de garantir a Segurança Social, etc.
  
Tudo isto significa que a trajectória de ajustamento que Portugal e os países da Zona Euro escolheram, que acentua a redução da despesa como único instrumento, além de mais dolorosa é também menos eficaz do que a trajectória seguida pelos EUA, Japão ou Reino Unido, que escolheram um ajustamento mais suave e utilizando um conjunto de instrumentos mais alargado, nomeadamente a desvalorização e o financiamento por emissão de moeda. 
  
Esperemos que o Orçamento de Estado possa trazer novidades nas políticas de estímulo ao investimento, privado, produtivo, criador de emprego e de preferência em sectores transaccionáveis. O Ministério das Finanças terá de apresentar não só uma política de consolidação, mas também uma política de estímulo ao crescimento que a torne credível.» [Jornal de Negócios]
   
Autor:
 
Manuel Caldeira Cabral.
     
  
 

 Austeridade? Sim, para os pobres
   
«A remuneração que BCP, BPI e CGD vão pagar ao Estado pelo apoio público concedido através de instrumentos de capital contingente ("CoCos") vai ser dedutível na factura fiscal que estas instituições terão de suportar ao longo dos próximos anos. No total, os três bancos poderão abater mais de 400 milhões de euros aos seus encargos com impostos, o equivalente a um quarto dos custos totais que terão com a ajuda estatal nos próximos cinco anos e que podem ascender a mais de 1.650 milhões. » [Jornal de Negócios]
   
Parecer:

Não hão banqueiros como os do BCP ou do BPI andarem por aí a apoiar todas as políticas do governo chegando ao ponto de atacarem o TC por fazer aplicar a lei constitucional. É tudo uma questão de preços.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se contra esta canhalhagem!.»
     
 Oito mil professores a mais
   
«O último prazo para os directores de escolas atribuírem turmas aos mais de 13 mil professores dos quadros com horário-zero terminou terça-feira. O Ministério da Educação e Ciência não revelou números, mas os directores estimam que no arranque do ano lectivo haverá nas escolas oito mil professores sem horário. » [CM]
   
Parecer:
 
Fora os que não terão vagas a que concorrer.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Crato e ao Mário Nogueira pela forma manhosa como tramaram os professores.»
      
 Triste exemplo
   
«Philipp Rösler, ministro da economia alemão, voltou a sublinhar o que Angela Merkel já tinha dito: A Grécia tem de trabalhar em vez de pedir mais concessões. A justificação para uma posição tão inflexível é dada por Portugal.
  
Rösler diz que Portugal é o exemplo a seguir porque o "Governo foi capaz de gerar uma grande unidade e consenso nacional em torno das medidas", factor que está a gerar "bons resultados". "Conseguiram dar a entender que a meta não é poupar, e sim desenvolver reformas que tornem a economia competitiva e as estruturas em factores de crescimento".» [DN]
   
Parecer:
 
É triste e quase repugnante ver um ministro alemão usar um país a caminho da desgraça social como exemplo de virtudes no momento de achincalhar o povo grego.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
   
 Estão à rasca
   
«É quase uma profissão de fé num momento em que o país atravessa o período mais prolongado de recessão – sete trimestres consecutivos com a riqueza a encolher – desde pelo menos 1978, o primeiro ano em que há estatísticas trimestrais. E a declaração foi feita no dia em que se conheceram dados negros sobre a evolução do PIB no segundo trimestre deste ano, queda homóloga de 3,3%, e do desemprego, que já está nos 15%.

Mas Passos Coelho não está totalmente sozinho nas suas previsões. Os parceiros da troika, Fundo Monetário Internacional e Comissão Europeia, apontam para uma retoma ainda que muito tímida da economia portuguesa a partir do próximo ano. No último relatório à avaliação do programa de ajuda a Portugal, divulgado em Julho, o Fundo Monetário Internacional (FMI) aponta para um crescimento de 0,2% do PIB depois de uma queda de 3% este ano. Bruxelas antecipa uma evolução idêntica. O Banco de Portugal é menos optimista e aponta para a estagnação da riqueza produzida no próximo ano. Mas a única instituição que contraria de forma clara a previsão do primeiro-ministro é a OCDE que estima um novo recuo do PIB em 2013 de 0,9% depois de uma contracção da riqueza este ano de 3,2%. As projecções da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico não são só as mais negativas, mas também as mais recentes. Datam de 28 de Julho.

Já no que toca ao desemprego, cuja taxa galopante parece ter apanhado todos de surpresa – governo e parceiros da troika – as previsões contrariam a ideia de que 2013 será “um ano de estabilização da economia”. A taxa de desemprego vai continuar a crescer no próximo ano, segundo todas as projecções disponíveis, pelo que a retoma não se vai sentir nos bolsos de muitos portugueses. Mais uma vez, a OCDE é mais pessimista ao antecipar uma taxa de 16,2% para 2013 e de 15,4% para este ano. O FMI e Comissão Europeia estão mais ou menos alinhados ao prever que o desemprego atinja 15,5% e 15,4%, respectivamente, este ano e que chegue a 15,9% e 15,8% no próximo ano. Os dados anunciados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística revelam que o desemprego em Portugal já está nos 15%.» [i]
   
Parecer:
 
Andam muito optimistas...
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Por cá não precisam de se esconder
   
«O serviço de cobrança de impostos do Reino Unido (HMRC) publicou nesta quinta-feira os nomes e fotografias dos ‘20 indivíduos mais procurados’ por crimes fiscais.
  
Os "mais procurados" são indivíduos acusados de fugir do Reino Unido "depois de terem sido acusados de um crime [fiscal] ou durante o julgamento".
  
O HMRC acrescenta que, em conjunto, estes 20 indivíduos "custaram aos contribuintes mais de 765 milhões de libras", o equivalente a 978 milhões de euros.» [CM]
   
Parecer:
 
Alguns até são gente que vai para as televisões dar lições de moral ao país.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»