sábado, agosto 18, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
 
Borboleta, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 

   
A ver as ondas? [A. Cabral]   


Jumento do dia
   
Sôr Álvaro
 
O grandioso economista, professor numa universidade algures na América, que escreveu um livro vulgar sobre a economia portuguesa descobriu que estamos a enfrentar a maior crise mundial. Agora já há crise, isto para prevenir que afinal a promessa de Passos do fim da recessão em 2013 é mesmo concorrência desleal com a Santinha da Ladeira por parte do Santinho de Massamá.

«Sobre o fim da recessão anunciada por Passos Coelho na festa do Pontal na terça-feira, o ministro da Economia e do Emprego diz-se convicto de que as reformas irão "dar os seus frutos", mas lembra, em entrevista à SIC Notícias, que "há sempre imponderáreis e uma incerteza muito grande" na maior crise mundial das últimas décadas.» [Expresso]
   
 As xanatas do Passos

Deste Verão ficará a memória de um casal a ir para a praia da Manta Rota que tanto poderia ser de Lisboa, de Massamá como da Baixa da Banheira. O país ficou a saber que tinha um primeiro-ministro comum, casado com uma mulher vulgar a roçar o feia, que come sandes de fiambre e que está a ficar careca com as arrelias governamentais.

Aposto que para o ano no seu primeiro dia de praia, quando for na passadeira da fama da Manta Rota em Hora combinada com os jornalistas, o ilustre Passos vai aparecer com uns calções de banho do género Praia do Meco, uma camisola de alças aos buraquinhos, carregando o chapéu-de-sol, enquanto a esposa carrega a geleira cheia de bejecas, de uma melancia e de sandes de courato.

 O fim do Euro é o fim da UE
 
O ministro finlandês dos Negócios Estrangeiros já sugere aos europeus que se preparem para o fim do Euro. Ora, se o Euro acaba devido à desigual distribuição dos seus benefícios e às assimetrias na competitividade não bastará o fim da moeda europeia para que alguns países sobrevivam, será necessário o restabelecimento das fronteiras, o fim da livre circulação de capitais, e a possibilidade de adoptar restrições quantitativas às importações.
  
O que o senhor finlandês quer é continuar a beneficiar das vantagens comparativas e da sangria de riqueza nos países do Sul.
 
 Assange, as suecas e os algarvios

Se ter relações sexuais com uma sueca sem usar preservativo dá direito a julgamento e prisão, então teremos de concluir que uma boa parte dos algarvios com mais de 60 anos teriam passado pelas prisões suecas.

 Grande Sôr Álvro!

Os admiradores fizeram-lhe uma página no Facebook:

 

  
 Passos "Show"
   
«Há 15 anos, quando Diana, então princesa de Gales, morreu, não foram só os media que juraram nunca mais: rios de tinta correram sobre a separação entre público e privado e a perigosa dança que tantos, como ela, julgaram poder dançar. Claro que o arrependimento e a reflexão e sobretudo as consequências de um e outra duraram o fósforo que estas coisas costumam demorar, e a doença que matou Diana fez-se pandemia.
  
Símbolo da paradoxal "modernização" da monarquia, Diana estava condenada muito antes de entrar no túnel de Alma. Por definição, a realeza não tem privacidade: os corpos dos reis são políticos, Estado feito carne e osso. Não assim há tanto tempo, as suas noites de núpcias eram testemunhadas pela corte. Rimo-nos disto, não é? No pós-Big Brother, não devemos. Nem podemos, quando ainda temos na retina as imagens do PM na praia a estender a humilde toalha num areal sobrelotado, de mão dada com a mulher, e a beijá-la no mar.
  
A panóplia de imagens desse primeiro dia de férias, que quase todos os jornais, incluindo este, colocaram na primeira página, tem, parece, uma explicação: o PM teria combinado com os media que podiam tirar todas as fotos que quisessem e depois deixá-lo em paz. Ou seja, publicou-se como "naturalidade" uma encenação. E os media, ao omitir a informação fulcral da autorização, foram coautores. Isto é grave? É. E é-o tanto mais quando a "verdade" e o "não viver acima das possibilidades" está no centro do discurso político de Passos. Ao voltar ao rés do chão modesto e à praia apinhada de que fez o ano passado a caminhada triunfal da sua vitória, este quis fazer passar a ideia de que não só "não mudou" como que comunga das dificuldades dos portugueses e não tem medo de os enfrentar na sua justa cólera pelas promessas não cumpridas. Sucede que, para tal, as forças de segurança sitiaram a localidade - sem que alguém nos informasse sobre qual o efetivo no terreno e calculasse o preço de tanta modéstia. 15 dias de férias num resort recatado custariam mais uns tostões ao PM mas poupariam muitos em horas extraordinárias das polícias. E, o que devia ser para Passos muito mais relevante, poupariam aos seus a exposição e a possibilidade de cenas desagradáveis, até perigosas.
  
Se Passos tem direito à privacidade e a não ser incomodado quando está com a família de férias, seja onde for? Isso nem se discute. Mas se o PM tivesse regressado a Manta Rota em nome desses princípios não teria havido imagens autorizadas. Nem assistiríamos ao perfeito alinhamento desta instrumentalização do privado com o resto do discurso político de Passos: tanto finge ser um homem como os outros apanhado num momento íntimo que encenou ao milímetro como nos garante, no Aquashow pontalício, que apesar de estarmos pior estamos muito melhor que antes dele. E que, claro, é nele, alguém capaz de vender sem regatear (ou mesmo sem dar por isso) o que de mais precioso há, que devemos confiar como salvador.» [DN]
   
Autor:
 
Fernanda Câncio.
   
 Outra transformação estrutural
   
«Se a zona euro (ZE) conseguir sobreviver à crise financeira, terá que resolver a crise de crescimento que se arrasta desde a introdução da moeda única.
  
É sabido que Portugal pouco cresceu na década passada - entre 2001 e 2011, média anual foi de 0,6% -, mas convém lembrar que a ZE, no mesmo período, cresceu anualmente apenas 1,1%.
  
Recentemente, a narrativa da crise europeia mudou um pouco: já não é apenas das dívidas soberanas, mas também de competitividade. A trama é conhecida: a periferia da ZE viu os custos unitários de trabalho (CUT) dispararem, aumentou o endividamento e perdeu competitividade, travando a convergência no interior da ZE. Este objetivo é, porém, alcançável se todos aplicarem as reformas estruturais: baixar a despesa pública, desregular mercados, comprimir salários.
  
Esta narrativa tem vários problemas. Se os CUT escalaram desde 2000 em certos países (não especialmente em Portugal), quem mais desestabilizou a ZE foi a Alemanha, que os reduziu fortemente. Sem discutir a eficácia das reformas que o permitiram, pensar que elas são generalizáveis é incorrer na falácia da composição: a Alemanha pôde reduzir os CUT precisamente porque a ZE, seu principal mercado, não o fez; se o fizesse, levaria a Europa à recessão. Por outro lado, a ideia de que, numa zona monetária, as regiões convergem, não só viola os factos conhecidos como ignora que as assimetrias só são sustentáveis se compensadas por transferências do centro. Por fim, se recordarmos que se ambiciona esta convergência num contexto de austeridade permanente imposto pelo pacto orçamental, vemos como é improvável o sucesso desta experiência.
  
A ideia de que basta deixar o mercado funcionar ignora que os processos de integração regional podem levar à concentração das indústrias mais inovadoras no centro, deixando para a periferia os sectores não-transacionáveis, protegidos mas menos produtivos (esta terá sido a tática de defesa dos periféricos face ao choque concorrencial dos países do anel industrial à volta da Alemanha). Este processo pode empurrar países para a especialização em setores de baixa produtividade, e Portugal, preso entre o modelo de baixos salários no qual já não é competitivo e o patamar das economias na fronteira tecnológica, é vulnerável a este risco.
  
Sendo impossível concorrer com os salários pagos na China ou no Leste europeu, a prioridade é a transformação da estrutura económica. Aqui, uma política industrial europeia seria essencial, não para escolher vencedores nem proteger indústrias em declínio, mas para apoiar setores onde exista concorrência e inovação, e que sejam estratégicos para cumprir objetivos fundamentais: a Europa precisa de um Green Deal e Portugal devia estar na linha da frente. Esta pode ser a única agenda de transformação estrutural da economia compatível com o regresso de uma prosperidade partilhada.» [DE]
   
Autor:
 
Hugo Mendes.
      
 Assange e a guerra do preservativo
   
«Em agosto de 2010, Julian Assange, famoso e em vias de o ser mais, foi a um debate, na Suécia. Encontra "Miss A", que o convida a ir lá para casa. Têm sexo. Dias depois, noutro debate sueco, Assange encontra "Miss W", vão para casa dela e têm sexo. Os debates na Suécia já parecem um manual de instruções do Ikea, sempre com convites para montar algo. E até faltou uma peça: "Miss A" e "Miss W", tendo-se encontrado dias depois, conversaram sobre Assange e deram-se conta de que ele não usou, como prometido, o preservativo. Apresentaram queixa e estamos agora à beira de uma guerra. Já houve guerras por causas insignificantes, mas nunca por uma tão fina e transparente. Assange foi para o Reino Unido, a Suécia pediu extradição, Londres concedeu, Assange fugiu para a Embaixada do Equador, Quito deu-lhe asilo político e temos armado o conflito. O Equador quer levar Julian Assange e a Grã-Bretanha não deixa. Depois de terem guerreado os argentinos por causa de lã (nas Malvinas só há ovelhas), os britânicos arriscam-se a combater outros sul-americanos por causa de látex. Entretanto, Julian Assange está nas suas sete quintas. Se bem se lembram, ele tornou-se famoso por desvendar telegramas diplomáticos. E, agora, está dentro de uma embaixada... O embaixador equatoriano tem interesse em fechar bem as gavetas. Ele que pergunte às suecas. Assange pode só entrar quando é chamado, mas depois de lá estar não é de confiar.» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.
     
 Gaffe e contra-gaffe
   
«Há frases que deixam rasto. Quem as diz não é necessariamente quem as faz, havendo quase sempre, pode presumir-se, espaço para reflexão. Assim se faz a agenda política. Uma das frases que mais rasto deixou recentemente foi esta: “Que se lixem as eleições.” Parecia uma boa frase, apreciada por muitos amigos. Mas gente mais experiente terá dito ao primeiro-ministro que estava a dizer algo que não podia dizer. Não que a frase desrespeitasse a democracia, que isso é um problema menor na Europa (não o seria em Angola, por exemplo). É que a frase revelaria um certo programa de governo do qual o primeiro-ministro, um dia, poderá querer escapar-se.
  
Nestes últimos dias, no entanto, Passos Coelho já se corrigiu, garantindo que queria um segundo mandato – presume-se que depois de ganhar eleições. E porquê? Porque afinal gosta da democracia? Não, disse ele, porque sem esse segundo mandato as suas “reformas” não se consolidariam e voltaria o “regabofe”. Claro que esta descrição do que se passou desde 2007 não revela a melhor compreensão económica, mas isso nem interessa muito aqui.
  
Alguém lhe deve ter recordado que, em democracia, tudo o que se faz pode ser desfeito. Por palavras mais simples, Margaret Thatcher não teria sido de ferro com apenas quatro anos de governo. Precisou de dez. E, mesmo assim, muito do que fez foi revertido, de tal maneira que o Estado social britânico se mantém como um dos melhores do mundo.
  
Mas esse não é o problema principal da dita frase. O principal problema é que Passos Coelho corria o risco de ser tido como o interlocutor privilegiado de uma interpelação já ouvida em outros contextos, a saber: “Só preciso lá de ti dois ou quatro anos.” Ou seja, “só preciso que vás para o governo um par de anos para fazer os bons negócios que se podem fazer”. É que, se as reformas podem ser revertidas, os negócios ficam.
  
A pressa com que alguns negócios estão a ser feitos é reveladora. Ela é, em parte, justificada pelo Memorando da troika, mas essa explicação não chega, até porque são vendas com impactos mínimos nas contas problemáticas do Estado português.
  
E ainda há mais. Aquilo que está a ser feito em Portugal tem também a ver com um programa europeu de uma corrente política que quer manter o euro tal como está, um euro em que as crises cíclicas são resolvidas pela contracção das economias mais fracas. E esses sim, é que se estão completamente a “lixar” para eleições, sobretudo em países fracos como Portugal (embora devessem estar preocupados com eleições no centro da Europa). Isso não pode ser revelado sem moeda política de troca.
  
Depois de corrigir a gaffe, o primeiro-ministro podia passar à correcção política, mas isso ainda estará longe de acontecer. Ou não acontecerá. Em reino de contradição, a ordem das gaffes e contra-gaffes pode sempre ser arbitrária, para que se fique sem saber bem o que pensa quem fala. Afinal, tudo sob controlo, portanto.» [i]
   
Autor:
 
Pedro Lains.
   
 A inutilidade de um discurso
   
«Pedro Passos Coelho desceu ao Algarve. Para ir a banhos, na Manta Rota; para dizer frioleiras, na Quarteira. Em torno deste discurso haviam-se criado expectativas. Eram despropositadas e até falsas. Passos está amarrado de pés e mãos e nada pode dizer que ultrapasse os limites impostos pela ideologia que defende.
O conclave jantarista não adiantou nem atrasou. Ainda por cima, ele não mobiliza, não entusiasma, não convence. Manifestamente, as convicções, se alguma vez as teve em dose elevada, ausentaram-se-lhe. A voz, que sabia modelar e entoar, é monótona, fatigada e fatigante. Os correligionários aplaudiram sem entusiasmo e sem brio, como se tivessem sido arregimentados para um encontro que lhes não dizia respeito.

Segui, com cuidadosa atenção, o que Passos Coelho disse. Só não fiquei decepcionado porque nada esperava de novo e de arrebatador. Fez o elogio próprio e do seu Governo, debitou palavras incolores sobre o esforço dos portugueses, assim como do drama dos jovens sem futuro e dos sem trabalho. Tudo isto sem um escasso assomo de emoção; sem um pingo de ternura para os seus compatriotas que não passam férias porque passam fome. A banalidade quase insultuosa das suas frases foi isso mesmo: o homem esteve a falar: não disse nada.

Depois, nas televisões, foram os comentadores do óbvio. À banalidade respondeu a banalidade de uns senhores e de uma senhora que não arriscam porque não pensam ou estão solidificados naquelas tolas articulações verbais. A tristeza do clima estende-se, doentiamente, por todos os sectores da nossa vida. A mediocridade conquistou carta-de-alforria, e os esforços que alguns fazem, para sacudir esta parda resignação, não estão a resultar. De todos aqueles preopinantes que tive de ver e ouvir, os dois melhores foram Manuel Carvalho da Silva e Rui Moreira. Independentemente de se estar ou não de acordo, ambos têm ideias de seu, não encarneiram, propõem aquilo que conjecturam e fazem-no com preocupações de clareza e de pedagogia. 

O discurso na Quarteira não merecia mais do que meia dúzia de palavras. As pessoas que, nas televisões, esgarçaram as falas de Pedro Passos Coelho, esganiçando-se para atribuir ao que diziam o tónus intelectual e prodigamente político, nada adiantaram, não nos estimularam, não fizeram com que reflectíssemos. Podiam, acaso, aludir aos perigos resultantes de um texto anódino. Podiam, talvez, assinalar a pobreza lexical dos dizeres de Passos. E, até, avisá-lo de que não deve dizer "há anos atrás" (como ele insiste), pela lógica razão de que não há "há anos à frente." Ao menos isso, mas nem isso.

Não sei para quem Pedro Passos Coelho julga que fala. Mas a certeza é de que não a falar para todos nós. Porque nem todos nós somos matóides, e muitos de nós sabem pensar e agir. Se o não fazem é por cansaço e por medo. Estamos enfiados num buraco aparentemente sem fundo. Há mais de um milhão e trezentos mil portugueses sem trabalho, e o número aumenta diariamente. A nossa juventude está a ir embora. Os velhos são ignorados e morrem dolorosamente, à espera, nos jardins. Aconteceu um episódio instrutivo quando Passos falou no facto de as coisas irem melhorar no próximo ano. O buzinão dos utentes da Via da Infante fez-se ouvir, apesar de os sons terem sido amortecidos. 

Amortecidos é o que estamos, de uma forma geral. E o discurso do poder funda-se nessa evidência. Não conseguimos reagir, eficazmente, a este descalabro. A ideologia que nos tem sido rudemente imposta parece ter, de facto, amortecido o espírito de combate e de repulsa por este estado de coisas. Até quando?

Apostila – Vou aos antigos e aos contemporâneos. Pelo menos estes fornecem-nos respostas que os autores actuais não dão, por inércia, ignorância ou indiferença. Aí está um significativo trecho do "Diário IX", de Miguel Torga, data de Setembro de 1961:

"É um fenómeno curioso: o país ergue-se indignado, moureja o dia inteiro indignado, come, bebe e diverte-se indignado, mas não passa disto. Falta-lhe o romantismo cívico da agressão. Somos, socialmente, uma colectividade pacífica de revoltados."» [Jornal de Negócios]
   
Autor:
 
Baptista Bastos.
 
 Um governo encalhado
   
«O discurso do Primeiro-Ministro no parque aquático do Pontal revela um governo encalhado que não navega nem se afunda.
   
Foi uma pesada deceção para quem esperasse desafios mobilizadores e novos motivos de esperança, apesar da bonomia estival exibida pelo chefe do Governo. Indiferente às mudanças que entretanto ocorreram pela Europa, não encontrou melhor para desafiar a Oposição do que a relíquia arqueológica da "regra de ouro" da limitação constitucional do défice. Aos sinais de naufrágio da atividade económica e do desemprego galopante, respondeu com o elogio da resignação e condenou o "regabofe" que alegadamente nos teria conduzido às desgraças do presente. Em resumo: nem sombra de estratégia europeia - quadro incontornável do nosso destino coletivo - nem fumo de uma política económica que trace um rumo para contrariar a recessão. Da avassaladora maré das promessas de reforma do estado, emergem, periclitantes, a reforma das autarquias, confiada a um ministro moribundo, e um mapa judiciário também concebido à margem das populações locais. A privatização da RTP reduziu-se ao 2º canal e foi extinta, para já, uma única fundação de entre as larguíssimas centenas que se dizia parasitarem as finanças públicas. Se eram estas as reformas estruturais prometidas, então "a montanha pariu um rato". A denúncia do estado clientelar, assumida no passado com tanto vigor, em nada perturbou a continuidade das nomeações sem concurso público. Anuncia-se o propósito piedoso de acabar com "os privilégios de uma elite financeira", sem mais especificação, mas as dívidas do Estado às pequenas e médias empresas continuam a agravar as dificuldades de financiamento que estrangulam a nossa economia. Por último, o ministro da Defesa, confrontado com o teor de um recente despacho do "Departamento Central de Investigação e Ação Penal", respondeu que ignora o desaparecimento de importantes documentos do seu ministério mas que é à Procuradoria- -Geral da República que compete "investigar o que houver para investigar e tirar conclusões", como se pode ler na edição de terça-feira deste jornal.
  
É extraordinário que passados mais de oito anos sobre a polémica compra de dois submarinos a um consórcio alemão, o assunto ainda suscite parangonas nos jornais, reações de governantes e iniciativas do responsável máximo pela investigação criminal - o Procurador-Geral da República. Entretanto, houve eleições ganhas e perdidas, mudaram os governos, alternaram os partidos, sucederam-se os ministros e correram processos na justiça. Contudo, o primeiro responsável pela guarda dos documentos de um ministério é o seu titular. E sendo certo que foram muitos os titulares da pasta da Defesa, em governos sucessivos de diferentes partidos, antes e depois de se ter verificado o seu desaparecimento, nenhum deles pode descartar as suas responsabilidades próprias e remete-las impunemente para o foro da justiça criminal. Porque os ministérios têm uma estrutura hierárquica e instrumentos disciplinares para apurar anomalias, corrigir erros e sancionar os infratores, e por tudo isso cabe ao ministro um dever de zelo e de prestação de contas pelo qual só ele é politicamente responsável. Por tudo isso, parecem deslocados e displicentes os trocadilhos do antigo ministro da Defesa e atual ministro dos negócios estrangeiros - "Há oito anos que, de vez em quando, notícias dos submarinos emergem e submergem". Porque, além do mais, se é verdade que os submarinos alemães ficaram piores que os submarinos franceses depois "da redução de capacidades imposta por Paulo Portas", como refere o JN de quarta-feira, então o contrato assinado em 2005 está ferido de invalidade por graves irregularidades cometidas num concurso internacional! Estranha-se, enfim, que perante factos conhecidos há tanto tempo, todos eles admitam que ainda possam ter algum esclarecimento útil a prestar...
   
Não surpreende, portanto, que até hoje, só os alemães tenham conseguido apurar subornos, identificar os culpados e ordenar condenações. Mas fica a pergunta: quem os subornou?» [Jornal de Notícias]
   
Autor:
 
Pedro Bacelar de Vasconcelos.
   
  
     
 Matar rolas-bravas para quê?
   
«A Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA) critica a inclusão da rola-brava nas espécies que se podem caçar a partir de domingo, alertando que esta ave pode desaparecer se não forem adoptadas medidas de conservação.» [CM]
   
Parecer:
 
Começa a ser tempo de o ser humano perder os seus hábitos mais selvagens.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proteste-se.»
      
 Mas que belo ajustamento!
   
«A crise económica está a ter um impacto decisivo nos salários dos portugueses. O número de trabalhadores por conta de outrem que ganham menos de 310 euros líquidos por mês aumentou 9,4% num só ano, abrangendo agora quase 153 mil pessoas.» [DN]
   
Parecer:
 
Com notícias destas já imaginamos o Álvaro a chegar ao orgasmo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao homem de Massamá.»
   
 Parece que a direita britânica arranjou um problema
   
«Conhecido juiz espanhol e atual advogado de defesa de Julian Assange, Baltasar Garzón ameaça levar o caso do fundador da WikiLeaks ao Tribunal Internacional de Justiça (TIJ) das Nações Unidas caso o Reino Unido não permita ao seu cliente deixar o país depois de o Equador lhe ter concedido asilo político.
  
Em declarações hoje publicadas pelo jornal 'El País', Garzón assegurou que os britânicos são obrigados a deixar sair do país o seu cliente. "O que tem que fazer o Reino Unido é aplicar as obrigações diplomáticas da Convenção do Refugiado e deixá-lo sair dando-lhe salvo-conduto. Caso contrário, recorreremos para o Tribunal Internacional de Justiça".» [DN]
   
Parecer:
 
O frete ao aliado americano vai transformar-se numa dor de cabeça diplomática com o RU a correr sérios riscos de enfrentar a América Latina e mesmo a reavivar o problema da colónia das Malvinas.
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
   
 Percebe-se que Passos já não se esteja lixando para eleições
   
«Passos Coelho terminou o seu discurso de rentrée política no Pontal na última terça-feira a garantir que 2013 já não será um ano de recessão em Portugal. O efeito dessas palavras junto dos portugueses ainda não é medido na sondagem de agosto da Eurosondagem para o Expresso e a SIC. Mas uma coisa é certa: até esse dia Passos Coelho, o PSD e o Governo não tinham conseguido inverter a tendência de queda que têm tido na sondagem nos últimos meses.
  
Tendência essa que leva a que no pico do verão de 2012 o PSD tenha o seu resultado mais baixo desta legislatura, com o PS a conseguir o seu resultado mais elevado, estando agora a apenas um ponto de diferença dos social-democratas. Isto é, os dois partidos estão praticamente empatados, com o resultado que os diferencia a ficar dentro da margem de erro desta sondagem.» [Expresso]
   
Parecer:
 
Em quinze dias o estarola de Massamá deixou de se estar lixando para eleições como se viu no aqua show que deu no Algarve. Percebe-se a caminho de as perder e com as piores cconsequências do excesso de troikismo por se sentirem o pobre arrisca-se a ser corrido mais cedo do que espera.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Esperem-se mais alguns meses.»
   
 É só sucessos
   
«O indicador coincidente de actividade registou uma queda, em Julho, de 2,4% quando comparado com igual período do ano passado. Este é o sétimo mês consecutivo de abrandamento da queda da actividade económica, de acordo com os dados divulgados esta sexta-feira pelo Banco de Portugal. A queda de 2,4% é a menos acentuada desde Agosto de 2011.
  
Estes dados apontam assim para que a actividade económica abrande a sua queda, numa altura em que já foram conhecidos a evolução do produto interno bruto (PIB) nacional do primeiro semestre, com os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) a revelarem um acentuar da recessão. O PIB português registou uma quebra homóloga de 3,3% no segundo trimestre do ano devido à queda da procura interna. Esta foi a maior queda desde o segundo trimestre de 2009. » [Jornal de Negócios]
   
Parecer:
 
Coisa estranha, a queda abranda há sete meses e a recessão agrava-se. Se além de ficarem com os subsídios o pessoal do BdP tivesse um aumento ainda iriam concordar com Cavaco Silva e prever crescimento económico e criação de emprego ainda em 2012. Um milagre digno do Santinho de Massamá que está a destronar a Santinha da Ladeira.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao governador do BdP.»
   
 As boas notícias que chegam de Espanha
   
«O crédito malparado em Espanha disparou para 9,42% do total dos empréstimos concedidos, em Junho, de acordo com o Banco de Espanha citado pela Bloomberg. Este é o valor mais elevado desde, pelo menos 1962, adianta a mesma fonte. Em Maio, os empréstimos de cobrança duvidável situaram-se nos 8,96%.
  
Também no final do primeiro semestre, os prejuízos da banca espanhola ascenderam a 10,66 mil milhões de euros, o que corresponde ao número mais elevado desde que o Banco de Espanha começou a compilar os números (1970).
  
Estes prejuízos comparam com um lucro de 4,7 mil milhões de euros registados em igual período do ano passado, adianta a agência de informação.» [Jornal de Negócios]
   
Parecer:
 
Crescimento em 2013?
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Proponha-se a contrução de uma capela dedicada ao Santinho de Massamá.»
   
 Bolas de Berlim a 2 euros? Grandes gatunos
   
«Nas praias, os preços da bola de Berlim com ou sem creme, variam entre os 1,20 e 1,50 euros, mas também já há quem arrisque a vendê-las por 2 euros. A maior parte dos vendedores têm contratos com panificadoras que asseguram a produção, vendem a preços baixos pelas grandes quantidades, aumentando as margens de lucro.» [Dinheiro Vivo]
   
Parecer:
 
Da Praia dos Três Pauzinhos até pelo menos à Praia do Cabeço vendem-se a 1 euro!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao governo qual a receita e iva gerada pelo negócio das Bolas de Berlim.»
   
 Gente cheia de sorte!
   
«Há quase um ano que se mantém um valor nunca antes observado de desprotecção social. As "culpas" vão para a explosão do desemprego, mas também para a política social que cortou apoios a quem precisava.
  
Há três trimestres consecutivos que Portugal regista uma média de 465 mil desempregados sem protecção social, o valor mais alto de sempre. No segundo trimestre deste ano, esse grupo representava 56% dos desempregados estimados pelo INE, um valor semelhante ao já verificado em 2011.
  
O número dos desempregados sem apoio social é estimado a partir dos valores publicados pelo INE, comparados com números recentemente divulgados pela Segurança Social sobre a protecção no desemprego. Por isso, não tem em conta quem não esteja abrangido pelo conceito estatístico de desempregado, seguido na UE. Ou seja, não inclui as 90,7 mil pessoas que querem um emprego, mas não o procuraram; os 217,4 mil interessados num emprego, mas que estão indisponíveis. De fora, também ficam os 261 mil trabalhadores em horário parcial e que gostariam de um completo (subemprego).» [Público]
   
Parecer:
 
Se é sorte estar desempregado para poder agarrar um mundo cheio de novas oportunidades, então estar desempregado e nada receber é quase como ganhar o Euromilhões.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Agradeça-se ao Santinho de Massamá pelo bem que está fazendo aos portugueses.»