sexta-feira, setembro 28, 2012

Propaganda


A política económica está longe de ser uma ciência exacta e não é nada que se pareça com uma espécie de medicina da economia. Não há aqui génios da economia como o Gaspar se apresenta e muito menos curas únicas como o ministro pretende dar a entender com a convicção de um fanático das medicinas asiáticas. Apesar da construção de modelos e dos múltiplos agentes que interagem também não é um ramo da biologia onde os cidadãos possam ser sujeitos a experiências laboratoriais. Não é certamente um ramo da propaganda como parece ser.
  
Quem orienta a política económica? Um rapaz sem qualquer formação em política económica, com uns rudimentos de gestão adquiridos numa universidade de segunda linha e que julga que a economia segue os estímulos dos spin doctors.
  
Qual a teoria económica subjacente às opções de Passos Coelho? Mais do que uma teoria estamos perante princípios decorrentes de uma ideologia extremista, ideologia nunca assumida e que apareceu pela mão de Vítor Gaspar já depois das eleições e que foi implementada a partir do famoso desvio colossal e que tem sido alimentada pelos desvios cada vez mais colossais. As medidas cada vez mais duras são motivadas pelos desvios cada vez mais colossais, o Gaspar conduz a economia portuguesa à ruína para aparecer como salvador e sugerir as suas ideias mais mengelianas. Os maus resultados são o instrumento de propaganda desta ideologia, o medo é o instrumento de repressão de todo um povo, a vingança em relação a quem critica o governo é uma arma usada sistematicamente, até contra um povo que por protestar é apelidado de cigarra.
   
Quais os princípios orientadores desta política económica? Nenhum, vivemos conduzidos pelas banalidades de um político sem valor que lá vai dizendo umas tiradas que acha que convencem um português a aceitar cair na miséria total. Mais troikista do que a troika, custe o que custar, em 2012 haverá crescimento, em 2013 haverá crescimento, temos de fazer mais sacrifícios. O país não tem norte, os jornalistas andam há dois anos controlados pelos Goebbelzinhos do gabinete do dr. Relvas a intoxicar o país com banalidades.
   
Quais os estudos em que assenta esta política? É uma política que não respeita os valores constitucionais, que não assentam em qualquer programa eleitoral ou de governo, que não é testada em nenhum modelo, que não é explicada. É uma política secreta que assenta em papelinhos do ministro das Finanças que há muito tem estas ideias e que graças a um primeiro-ministro fraco quer testá-las em Portugal, como se isto fosse o Togo ou a Líbia.
   
Esta política económica decorre de uma ideologia que permanece escondida dos portugueses e que tenta impor-se através de pura propaganda, de tentativas elementares de manipulação das vontades. Corta-se nos funcionários públicos para conquistar os do privado, corta-se na TSU para comprar o patrões que começam a dar sinais de nervosismo, gere-se a privatização da RTP em função das necessidades de manipulação da comunicação social, promete-se a privatização da CGD para mudar o tema e conquistar os banqueiros. Tudo segue uma linha que não assenta em qualquer política coerente, estamos perante a tentativa desesperada de manter o poder para conseguir levar até ao fim o projecto de reformatação do país contra a vontade dos portugueses e sem que estes tenham sido ouvidos.
   
É uma política económica em que as previsões são feitas com uma calculadora comprada na loja do chinês pois apenas servem para fundamentar uma política mentirosa, mente-se nas previsões para durante o ano seguinte se poder prosseguir no projecto manhoso e depois invocam-se causas externas para o desastre nas receitas fiscais. E quando se está a perder o poder começa a arder o Reichstag ou aparece outra novela judiciária para que a ministra da Justiça tenha uma mutação estranha e passe de ministra a justiceira radiofónica.
   
Vivemos tempos de pura propaganda.