A política económica está longe de ser uma ciência exacta e
não é nada que se pareça com uma espécie de medicina da economia. Não há aqui génios
da economia como o Gaspar se apresenta e muito menos curas únicas como o
ministro pretende dar a entender com a convicção de um fanático das medicinas
asiáticas. Apesar da construção de modelos e dos múltiplos agentes que
interagem também não é um ramo da biologia onde os cidadãos possam ser sujeitos
a experiências laboratoriais. Não é certamente um ramo da propaganda como
parece ser.
Quem orienta a política económica? Um rapaz sem qualquer
formação em política económica, com uns rudimentos de gestão adquiridos numa
universidade de segunda linha e que julga que a economia segue os estímulos dos
spin doctors.
Qual a teoria económica subjacente às opções de Passos
Coelho? Mais do que uma teoria estamos perante princípios decorrentes de uma
ideologia extremista, ideologia nunca assumida e que apareceu pela mão de Vítor
Gaspar já depois das eleições e que foi implementada a partir do famoso desvio
colossal e que tem sido alimentada pelos desvios cada vez mais colossais. As
medidas cada vez mais duras são motivadas pelos desvios cada vez mais colossais,
o Gaspar conduz a economia portuguesa à ruína para aparecer como salvador e sugerir
as suas ideias mais mengelianas. Os maus resultados são o instrumento de
propaganda desta ideologia, o medo é o instrumento de repressão de todo um
povo, a vingança em relação a quem critica o governo é uma arma usada
sistematicamente, até contra um povo que por protestar é apelidado de cigarra.
Quais os princípios orientadores desta política económica?
Nenhum, vivemos conduzidos pelas banalidades de um político sem valor que lá
vai dizendo umas tiradas que acha que convencem um português a aceitar cair na
miséria total. Mais troikista do que a troika, custe o que custar, em 2012
haverá crescimento, em 2013 haverá crescimento, temos de fazer mais sacrifícios.
O país não tem norte, os jornalistas andam há dois anos controlados pelos
Goebbelzinhos do gabinete do dr. Relvas a intoxicar o país com banalidades.
Quais os estudos em que assenta esta política? É uma política
que não respeita os valores constitucionais, que não assentam em qualquer
programa eleitoral ou de governo, que não é testada em nenhum modelo, que não é
explicada. É uma política secreta que assenta em papelinhos do ministro das
Finanças que há muito tem estas ideias e que graças a um primeiro-ministro
fraco quer testá-las em Portugal, como se isto fosse o Togo ou a Líbia.
Esta política económica decorre de uma ideologia que
permanece escondida dos portugueses e que tenta impor-se através de pura
propaganda, de tentativas elementares de manipulação das vontades. Corta-se nos
funcionários públicos para conquistar os do privado, corta-se na TSU para
comprar o patrões que começam a dar sinais de nervosismo, gere-se a privatização
da RTP em função das necessidades de manipulação da comunicação social,
promete-se a privatização da CGD para mudar o tema e conquistar os banqueiros.
Tudo segue uma linha que não assenta em qualquer política coerente, estamos
perante a tentativa desesperada de manter o poder para conseguir levar até ao
fim o projecto de reformatação do país contra a vontade dos portugueses e sem
que estes tenham sido ouvidos.
É uma política económica em que as previsões são feitas com
uma calculadora comprada na loja do chinês pois apenas servem para fundamentar
uma política mentirosa, mente-se nas previsões para durante o ano seguinte se
poder prosseguir no projecto manhoso e depois invocam-se causas externas para o
desastre nas receitas fiscais. E quando se está a perder o poder começa a arder
o Reichstag ou aparece outra novela judiciária para que a ministra da Justiça
tenha uma mutação estranha e passe de ministra a justiceira radiofónica.
Vivemos tempos de pura propaganda.