Estou triste, estou eu e uma boa parte dos portugueses,
estamos tão triste que nem o cavalo do D. José consegue resistir a este
ambiente de tristeza, o pobre o bicho chora tanto que quem passa pelo Terreiro
do Paço em pleno mês de Agosto já vai equipado de chapéu de chuva.
Com um governo destes que aumenta os impostos e cobra menos
dois mil milhões do que o esperado e agora que pretende recuperar a receita a
melhor solução que encontra é precisamente aumentar os impostos aos que ainda
pagam?
Vejam o coitado do Alberto da Ponte, um brilhante gestor que
conseguir pôr os portugueses a beber mais Sagres do que Superbock e que tinha
sido promovido a número dois de uma multinacional vês obrigado a regressar ao
país para ganhar menos do que o Santinho de Massamá, como é que o pobre homem
não pode estar triste? Se ainda, ao menos, ganhasse tanto como o Catroga, mas
não, fazer o frete aos chineses rende mais do que fazer de “Ponte” entre o
bolso dos portugueses e o bolso da Ongoing.
Como é que não se fica triste quando depois de andarmos dois
anos entusiasmados com a possibilidade de transformar o país numa imensa
multinacional do pastel de nata, até já imaginava o país cheio de bandeiras
lusas encomendadas à China, com a esfera armilar substituída pela massa folhada
do delicioso pastel e vem agora o sôr Álvaro dizer que não, que já não vamos
ser as pastelândia da Europa, agora vamos ser o novo Brasil, ouro na
panasqueira, petróleo em Alcobaça, pirites no Alentejo, gás natural ao largo de
Tavira. A nossa vocação não é para pasteleiros e outras coisas do género e
muito menos enfermeiros na Florida algarvia dos velhos boches, o que nós somos
mesmo é mineiros.
Compreendo a tristeza do nosso Ronaldo, como não podia
deixar de ser o nosso número um, o capitão da equipa da alma lusa, não podia
deixar de transmitir ao mundo o ambiente aqui do balneário ibérico, estamos
tristes, somo um povo de tristes. Vai-se para professor e acaba-se em aluno da
administrativa do centro de emprego, vai-se para enfermeiro acaba-se em
auxiliar da mulher a dias, vai-se ganhar dez milhões e aumentam-nos os impostos
para o dobro. É mesmo de qualquer um ficar triste.
Como se pode ficar alegre se olhamos para Belém e vemos o
Cavaco, se olhamos para a RTP e vemos o Relvas, se olhamos para São Bento e
vemos o Passos, ficamos tristes da cabeça aos pés, da alma ao aparelho
reprodutor, somo um povo triste e sem vontade de fazer filhos.