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O "Tavares" no Tejo [A. Cabral]
Jumento do dia
Paulo Portas
A promessa mais repetida por Paulo Portas durante a campanha eleitoral foi a de que a sua participação num governo compensaria o radicalismo de Passos Coelho. Agora percebe-se que Paulo Portas apenas queria e quer beneficiar do conforto de estar no governo, o que pretendia não era salvar o povo dos excessos dos ultra liberais do PSD, era salvar-se a ele próprio.
A verdade é que a primeira reacção de muita gente do CDS à desvalorização fiscal foi a de aprovação pois não corresponderia a um aumento de impostos, uma exigência de Pires de Lima que depois foi adoptada por todo o CDS. Entretanto, Pires de Lima deve estar a fazer as contas aos lucros da UNICER e está calado, Paulo Portas remete-se ao silêncio e não tem coragem de tomar uma posição.
Agora Portas prepara-se para se armar em amaciador, passamos a ter um governo com dois parceiros em que um é o detergente e o outro é o amaciador.
A coisa está mal, CM substitui Sócrates por Passos Coelho
Aviso
Informam-se os portugueses que o muito ilustre e conhecido cientista político Miguel Relvas, graduado em licenciado pela muito reconhecida Universidade Lusófona, estará por alguns momentos em Portugal, não se sabendo ainda nem quando começará a próxima volta ao mundo nem se esta começa para cima ou para baixo, a única coisa que se sabe é que viajará em classe executiva, estará instalado em hóteis de luxo e comerá que nem um alarve, tudo à nossa conta.
A medida
«Passos Coelho mandou criar uma cartilha para que todo o Governo falasse a uma só voz das novas medidas de austeridade. Devia ter antes recebido ele próprio um manual de boa comunicação, porque a sua falhou tão rotundamente como as contas de Vítor Gaspar.
Como no anúncio da Whiskas, o gato retém a única palavra que interessa, a marca de comida, e esquece o blá, blá, blá da dona, do anúncio de Passos, ninguém já se recorda da conversa vazia sobre as novas regras da TSU. Porque o que interessa não é o resultado da medida. O mesmo que teria aquele que todos já esperavam e para o qual se tinham até preparado: o corte generalizado de um subsídio anual, sugerido pelo próprio Passos após a exigência de equidade do Constitucional. O que é relevante e que todos relevam é que o Governo, incapaz de obrigar a banca a financiar a economia, foi pelo lado mais fácil e pôs os trabalhadores a financiar os patrões.
A comunicação
Podíamos ter estado perante um plano estratégico. Passar da bomba atómica para umas bombitas que Vítor Gaspar explicaria lentamente. Mas infelizmente não houve nada disso. Nem estratégia, nem plano. O Governo permitiu todas as leituras e especulações. Continuamos sem saber como será a aplicação da subida da TSU aos salários mais baixos. E muito menos sobre as restantes taxas vagamente anunciadas.
Passou uma semana. O solene Passos Coelho que falou nervoso ao País já deu lugar ao familiar Pedro a desculpar-se nas redes sociais e ao político Passos a atacar adversários numa entrevista televisiva. Vítor Gaspar já esteve duas horas a debitar informação técnica. Entre um e outro, só vacuidades e nada de concreto. O resultado está à vista: um consenso inédito no País, da esquerda à direita, dos trabalhadores aos patrões, contra a dupla Passos/Gaspar. Que até conseguiram o milagre de unir o PS. Como bem resumiu Belmiro de Azevedo, esse ex-apoiante do primeiro-ministro, foi tudo "navegação à vista" após uma decisão meramente ideológica. Que até podia "passar" em anos de crescimento. Nunca na atual situação de desemprego e de pobreza social.
Sobre a medida que Passos anunciou há uma semana tudo se resume pois em três palavras: um erro colossal. Sobre a forma como a mesma foi comunicada nem mil cartilhas lhe valem: uma sucessão de asneiras. E o País que tanto precisa de governo segue cada vez mais desgovernado.
A coligação
Paulo Portas disse que o seu silêncio era patriótico. Mas é apenas político. O que o líder do CDS-PP e parceiro da coligação tem estado a calcular é como é que ele e o seu partido saem desta monumental trapalhada o menos chamuscados possível, como aliás tem sido regra neste ano de governação conjunta. Inicialmente as críticas que iam surgindo à solução/TSU pareciam ser apenas a já habitual desmarcação e marcação de território. Inócuas e inofensivas.
Mas com a colagem à escalada de descontentamento e a convocação-surpresa dos órgãos do partido para este sábado, Paulo Portas terá dado passos maiores do que as pernas. E viu Passos Coelho sair-lhe ao caminho, lembrando não só que esteve sempre ao corrente da medida, como a mesma foi negociada por um ministro e um secretário de Estado do CDS.
Portas ficou agora com outras contas para fazer: ficar colado à polémica medida que pôs o País contra o Governo ou criar uma crise política trágica para Portugal votando contra o Orçamento e saindo da coligação. Ambos os cenários podem voltar a tornar os centristas o partido do táxi. Por um fatal erro de cálculo.
Três notas:
1) Vítor Constâncio, que à frente do Banco de Portugal não viu nada de estranho no BPP ou no BPN, vai voltar a supervisionar os bancos nacionais do alto do seu cargo no BCE. Há culpas que morrem sempre solteiras.
2) Um dia depois de a Associação Portuguesa de Bancos ir à sede do PSD, o Governo recuou numa das medidas que visavam proteger os cidadãos com dívidas no crédito à habitação e tornar mais justa a relação banco/cliente. Elucidativo.
3) O Marquês de Pombal em Lisboa está em obras. Um simples cidadão olhou e viu que não havia sarjetas para o escoamento de águas. Não estavam no projeto. Foi tudo esburacado e reiniciado. Já alguém foi despedido? Haverá indemnizações pelo trabalho suplementar?» [DN]
Autor: Passou uma semana. O solene Passos Coelho que falou nervoso ao País já deu lugar ao familiar Pedro a desculpar-se nas redes sociais e ao político Passos a atacar adversários numa entrevista televisiva. Vítor Gaspar já esteve duas horas a debitar informação técnica. Entre um e outro, só vacuidades e nada de concreto. O resultado está à vista: um consenso inédito no País, da esquerda à direita, dos trabalhadores aos patrões, contra a dupla Passos/Gaspar. Que até conseguiram o milagre de unir o PS. Como bem resumiu Belmiro de Azevedo, esse ex-apoiante do primeiro-ministro, foi tudo "navegação à vista" após uma decisão meramente ideológica. Que até podia "passar" em anos de crescimento. Nunca na atual situação de desemprego e de pobreza social.
Sobre a medida que Passos anunciou há uma semana tudo se resume pois em três palavras: um erro colossal. Sobre a forma como a mesma foi comunicada nem mil cartilhas lhe valem: uma sucessão de asneiras. E o País que tanto precisa de governo segue cada vez mais desgovernado.
A coligação
Paulo Portas disse que o seu silêncio era patriótico. Mas é apenas político. O que o líder do CDS-PP e parceiro da coligação tem estado a calcular é como é que ele e o seu partido saem desta monumental trapalhada o menos chamuscados possível, como aliás tem sido regra neste ano de governação conjunta. Inicialmente as críticas que iam surgindo à solução/TSU pareciam ser apenas a já habitual desmarcação e marcação de território. Inócuas e inofensivas.
Mas com a colagem à escalada de descontentamento e a convocação-surpresa dos órgãos do partido para este sábado, Paulo Portas terá dado passos maiores do que as pernas. E viu Passos Coelho sair-lhe ao caminho, lembrando não só que esteve sempre ao corrente da medida, como a mesma foi negociada por um ministro e um secretário de Estado do CDS.
Portas ficou agora com outras contas para fazer: ficar colado à polémica medida que pôs o País contra o Governo ou criar uma crise política trágica para Portugal votando contra o Orçamento e saindo da coligação. Ambos os cenários podem voltar a tornar os centristas o partido do táxi. Por um fatal erro de cálculo.
Três notas:
1) Vítor Constâncio, que à frente do Banco de Portugal não viu nada de estranho no BPP ou no BPN, vai voltar a supervisionar os bancos nacionais do alto do seu cargo no BCE. Há culpas que morrem sempre solteiras.
2) Um dia depois de a Associação Portuguesa de Bancos ir à sede do PSD, o Governo recuou numa das medidas que visavam proteger os cidadãos com dívidas no crédito à habitação e tornar mais justa a relação banco/cliente. Elucidativo.
3) O Marquês de Pombal em Lisboa está em obras. Um simples cidadão olhou e viu que não havia sarjetas para o escoamento de águas. Não estavam no projeto. Foi tudo esburacado e reiniciado. Já alguém foi despedido? Haverá indemnizações pelo trabalho suplementar?» [DN]
Filomena Martins.
A fraude
«A fraude começou na comunicação ao País do primeiro-minsitro (PM). Passos Coelho tentou convencer os portugueses que tinha de manter os sacrifícios dos funcionários públicos e pensionistas e, além disso, cortar um salário aos trabalhadores do privado porque isso era uma “consequência” da decisão do Tribunal Constitucional.
Miguel Relvas disse mesmo, a partir do Brasil (muito viaja aquele homem!), que "não são medidas novas" mas medidas para "substituir" (sic) as vetadas pelo Tribunal. Não sei o que lhes passou pela cabeça para imaginarem que o País seria suficientemente parvo para engolir tanta aldrabice. Evidentemente, nem os sacrifícios foram "substituídos" (até se agravaram), nem o Tribunal Constitucional exigiu "mais austeridade": limitou-se a decretar, aplicando a Constituição, que a austeridade existente tinha de ser distribuída com mais equidade. Toda a austeridade adicional é, pois, da responsabilidade do Governo e, na parte anunciada pelo PM, nem sequer visa cumprir as metas do défice - visa financiar, à custa do rendimento das famílias, uma disparatada experiência económica de redução generalizada da TSU para as empresas, transferindo rendimentos do trabalho para o capital.
A fraude prosseguiu quando o Governo deixou instalar a ideia de que a redução da TSU era uma exigência da ‘troika' e uma "moeda de troca" para a flexibilização das metas do défice. A entrevista ao Público do Chefe de Missão do FMI acabou com isso: esta redução da TSU não foi uma exigência da ‘troika', foi uma escolha livre do Governo.
Mas a verdadeira dimensão da fraude só ficou exposta na intervenção do ministro das Finanças. As contas que apresentou transformaram-se numa "charada" nacional: com a revisão das metas, em 2013 o défice só tem de baixar 0,5 pontos percentuais (de 5 para 4,5%) - o que devia representar um esforço moderado, de cerca de 850 milhões de euros; no entanto, o ministro das Finanças anunciou para 2013 um novo pacote de medidas de austeridade de 4,9 mil milhões! Era estrita obrigação do ministro explicar a verdadeira razão desta diferença e dos sacrifícios que pretende pedir aos portugueses. Escolheu, porém, o caminho da dissimulação. Mas não há "charada" que resista: se a austeridade em 2013 excede em cerca de 4 mil milhões de euros, ou 2,3 p.p. do PIB, o que deveria ser necessário, é porque o ponto de partida, o défice real de 2012 (sem receitas extraordinárias), não será de 5%, nem sequer de 6%: ficará provavelmente acima dos 7%! E é esta a fraude maior: a tentativa patética do ministro das Finanças de nos convencer que "está a cumprir" quando a evidência mostra que está a falhar! Os sacrifícios brutais que o Governo pretende impor têm, assim, uma única justificação: a dimensão colossal do falhanço do ministro das Finanças nas metas do défice de 2012, apesar de todos os impostos, cortes de salários e orçamentos rectificativos. É o fracasso da austeridade "além da ‘troika'" que os portugueses vão pagar. Que em cima disso o mesmo ministro das Finanças queira ainda retirar-lhes um salário para oferecer às grandes empresas a troco de nada, é do domínio da loucura. Se isto não for travado, 2013 será "o ano do Gaspar": o ano em que um país inteiro se sacrifica para pagar os desvarios de um ministro das Finanças desligado da realidade e a manifesta impreparação de um primeiro-ministro que, alegando ser contra o aumento de impostos, precipitou o País na aventura de uma crise política e forçou o pedido de ajuda externa, ao mesmo tempo que prometia aos portugueses um caminho que não podia nem tencionava seguir. Verdadeiramente, foi aí que a grande fraude começou.» [DE]
Pedro Silva Pereira.
Passos à rasca por causa do Portas
«A relação entre os dois partidos da coligação está em crise. Em menos de 24 horas, Pedro Passos Coelho sentiu necessidade de enviar dois recados que vão directos para Paulo Portas. Quem se preocupa, não se pode “retrair” e tem de “falar publicamente”, disse o primeiro-ministro, numa alusão ao silêncio do líder do CDS, que ainda não apoiou publicamente as medidas de austeridade e só falará depois de ouvir o partido, este sábado.
“As nossas escolhas são sempre questionáveis, mas quando os nossos objectivos são tão importantes e estão para além das eleições e para além da necessidade que todos os políticos têm de agradar, aqueles que realmente se preocupam com estas matérias não podem ficar em casa, não podem ficar envergonhados, não se podem retrair, têm de falar publicamente”, defendeu, esta sexta-feira, Passos Coelho. Mais: o primeiro-ministro diz que o que está em causa é “muito mais” do que saber se “os partidos do governo têm mais ou menos votos” e, por isso, “quem governa não pode estar a governar apenas para o dia seguinte, para satisfazer a opinião pública que, neste momento ou noutro, possa estar preocupada”. Na quinta-feira à noite, em entrevista à RTP, Passos fez questão de colar Portas à decisão de avançar com alterações na taxa social única (TSU), sublinhando que o ministro dos Negócios Estrangeiros estava informado e participou na preparação das medidas.
Recados para o parceiro de coligação que se mantém num silêncio incómodo sobre a nova austeridade anunciada por Passos Coelho e Vítor Gaspar. Portas quer primeiro ouvir o partido e, durante a Comissão Política e o Conselho Nacional, que se realizam este sábado, no Porto, vai ouvir muitas críticas dos centristas, principalmente às mexidas na taxa social única.» [i]
Parecer:
Isto está mesmo mal.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela crise.»