Andam por aí uns gajos nas discotecas que de dia eram das
jotas e á noite e de volta de uns shots saltava-lhes a língua e as ideias e
defendiam abertamente tudo o que cheire a fascismo. Mas como o corporativismo
era coisa do passado e com social a mais para os defensores de países quase sem
estado, como se uma nação fosse um imenso mercado do Roque Santeiro, em vez de
defenderem o corporativismo abraçam o liberalismo extremista.
Um dos traços mais característicos destes fascistas de
discoteca é a necessidade que sentem de afirmar sistematicamente o seu apego à
democracia. Dão uma valente bordoada num grande empresário só porque os ousou
criticar mas logo de seguida afirmam o seu amor pela liberdade de expressão e
pela democracia. Defendem políticas de redistribuição que para serem
concretizadas quase precisam do recurso ao exército, elogiam a imensa resignação
do povo, mas defendem estas medidas com o ar pesaroso de quem se está
sacrificando para salvar o país e a democracia.
Quem os ouve e os compara com Salazar vê neles gente
modernaça que deseja o progresso do país, mas que tudo fazem em nome da
democracia de que são defensores incondicionais. Mas ao lado de Salazar
revelam-se bem inferiores.
Salazar tinha a coragem de defender em público as suas
ideias sem recorrer a etiquetas de social-democrata ou sequer de democrata,
dizia logo que era fascista. Salazar era um homem de inteligência superior de
reconhecido mérito académico, os de agora são uma procissão de burros, a
maioria deles com cursos que nem nas Novas Oportunidades seriam certificados.
Salazar percebeu a importância da classe média e promoveu a sua expansão,
encontrou uma Lisboa miserável e nos anos sessenta Lisboa era uma cidade de
classe média.
Mesmo fascista Salazar tinha preocupações sociais, percebia
que havia limites para a espoliação dos mais pobres, sabia que um país precisa
de uma previdência social. Os de agora não percebem que sem classe média
Portugal teria sido um país comunista no pós 25 de Abril pois não foram os Antónios
Borges e os amigos da Quinta Patino que deram o peito na Fonte Luminosa. Não percebem
que as conquistas sociais resultantes de anos e anos de processos negociais não
se jogam para o lixo com base em leis inconstitucionais e só porque um qualquer
Josef Mengele da economia quer fazer uma experiência com os portugueses.
Salazar usava a PIDE para impor a sua vontade, Estes usam o
medo da troika para assustar os portugueses e de vez em quando vão às instalações
da polícia de choque assistir a um simulacro de repressão de manifestantes. Salazar
respeitava alguns adversários por quem tinha respeito intelectual, estes
vingam-se de todos os que ousem criticá-los, quem se meter com eles vê o seu
nome a ser sujo na primeira página do Correio da Manhã.
Os portugueses já não vivem em democracia, enfrentam um
fascismo de discoteca conduzido por tarados, iletrados, imbecis e cobardes.