Aceitaria um programa de austeridade mais exigente do que o
acordado com a troika mas na condição de este visar o pagamento antecipado de
parte da dívida soberana. Mas não é isso que este governo pretende, apesar da
austeridade brutal a dívida aumenta e isso significa que os benefícios não vão
para as gerações como diz Vítor Gaspar, os benefícios estão indo para os que
mais beneficiaram dos excessos do passado, se é que os houve, os banqueiros, os
donos das grandes cadeias de distribuição, os grandes capitalistas.
Aceitaria uma venda do património do Estado se esta venda se
realizasse sem corrupção, com transparência e ao melhor preço. Mas não é isso
que este governo fez, vendeu a EDP a preço de saldo ao Partido Comunista
Chinês, em troca do negócio conduzido por um assessor secreto que veio de um
banco de investimentos duvidoso colocou na administração da empresa gente a
quem o governo devia favores políticos.
Aceitaria um corte salarial se fosse conseguido no âmbito de
um pacto social negociado entre trabalhadores e entidades patronais, onde
estivesse garantido que a redução de custos se destinada a investimento ou a
redução dos custos e que os benefícios alcançados fossem mais tarde repartidos
equitativamente entre empresas e trabalhadores. Mas não é isso que este governo
fez, o que o governo fez foi impor uma redução brutal dos salários e pegar no
dinheiro para o entregar aos patrões sem lhes exigir qualquer contrapartida,
não havendo sequer garantias de que esse lucro fácil não vai ser consumido em
putas e bens de luxo ou, pior ainda, exportado para off shores em paraísos
fiscais.
Aceitaria uma redução dos vencimentos no Estado e mesmo uma
redução de quadros se isso fosse feito sem perda de qualidade dos serviços
públicos, designadamente, da educação e da saúde e se tal esforço fosse
acompanhado de uma redução de despesas desnecessárias e do fim dos benefícios
fiscais para as falsas fundações. Mas não é isso que este governo fez, manteve
os esquemas corruptos da despesa pública, manteve os benefícios fiscais das
fundações dos amigos e reduziu a despesa pública à custa do empobrecimento
forçado dos funcionários e dos serviços públicos.
Aceitaria um aumento dos impostos desde que a carga fiscal
fosse distribuída de forma equitativa. Mas não é isso que este governo tem
feito, fez muito pior, não só dispensou os ricos de qualquer aumento da carga
fiscal como está a usar o sistema fiscal para institucionalizar o roubo dos
mais pobres. O capitalismo português atingiu níveis de abuso até aqui
desconhecidos, já não são empresários sem escrúpulos a roubar trabalhadores, é
o governo a usar o poder que tem para abusivamente tirar aos pobres sob a forma
de impostos para entregar a receita fiscal directamente aos ricos.
Aceitaria um programa de austeridade se tivesse por
objectivo superar a crise financeira, mas não é isso que este governo está
fazendo. Estão ignorando a crise e com o falso argumento da troika um grupo de
economistas sem qualquer reconhecimento internacional, com currículos pobres e
sem provas dados, amigos do governo e das organizações internacionais que
trocavam papers para aumentarem artificialmente o currículo aproveitaram-se da
crise e de um primeiro-ministo imbecil para transformar Portugal num
laboratório social e os portugueses em ratinhos de experiências. O país é um imenso
Auschwitz com uns quantos Josefs Mengeles da economia a fazer experiências com
os cidadãos do país.
Aceitaria um programa de austeridade concebido e conduzido
por um governo de direita, acho inaceitável uma experiência de reformatação do
país conduzida por um governo sem mandato para tal e com gente inexperiente, sem grandes princípios éticos e com títulos académicos impressos em papel higiénico.