Neste país passam-se coisas estranhas, gente que se
comportam de forma estranhamente incoerente, notícias que saem em momentos
oportunos, fica-se com a sensação de que há qualquer coisa de errado.
Paulo Portas tem sido um ministro feliz, conseguiu tirar
poder ao ministro da Economia e tem andado numa roda viva de viagens por conta
da diplomacia económica, não faltarão os hotéis de cinco estrelas, o champanhe
e as viagens em classe executiva. A gestão cuidadosa da agenda levou-o ao
estatuto de ministro bem visto, uma vantagem de nunca assumir responsabilidades
na austeridade e desaparecer estrategicamente sempre que as coisas estão a
correr mal.
Mas o Tribunal Constitucional trocou as voltas ao ministro,
decidindo-se pela inconstitucionalidade do corte dos subsídios obrigou o
governo a uma redistribuição dos custos da austeridade, situação agravada pelo
desvio colossal de quase 2,5% no défice orçamental, que deverá ser compensado
no próximo ano. Portas descobriu que os seus eleitores já não suportavam mais
impostos e começou a dar sinais de divisão na coligação. À questão dos impostos
acrescentou divergências em relação ao trespasse da RTP para os amigos do
Passos e do Relvas.
Quando Portas estava a precisar de ser metido na linha eis
que pela primeira vez aparece uma fuga do processo dos submarinos e sai no DN (
logo no DN que muitas vezes mais se parece com o Povo Livre a preto, branco e
azul) que o líder do CDS é suspeito no negócio dos submarinos, coincidência das
coincidências, a notícia sai um dia depois de a procuradora-geral Adjunta
Cândida Almeida ter ido à Lusófona de Castelo de Vide dizer aos pirralhos da
JSD que Portugal não é um país corrupto. Que maldade, num dia uma procuradora
envolve-se numa iniciativa política do PSD, no outro o líder do CDS é queimado
na comunicação social com uma fuga num processo a cargo de Cândida Almeida!
Mas se este é um daqueles processos em que alguém decidiu
não brincar em serviço e comportou-se como um mafioso russo, outras situações
merecem alguma admiração. Veja-se o que sucedeu com os professores, por causa
de uma treta da avaliação fizeram tudo o que se viu. Agora não só aceitaram a
avaliação tal qual estava como ainda aceitam milhares de despedimentos e resta
saber o que mais. Quanto terão “pago” aos líderes dos professores ou aos
responsáveis por alguns blogues guerrilheiros para que estejam calados ou se
limitem a alguns arrufos de namorados?
Veja-se também o que se passou com os camionistas nos
últimos anos, com o anterior governo tudo fizeram para desestabilizar o país,
fizeram boicotes de estradas e seguira uma estratégia de confronto com as
autoridades, numa clara tentativa de provocar conflitos. Não admira que um
conhecido opinion maker e militante destacado do PSD tenha manifestado alguma
desilusão com a falta de autoridade da polícia que não recorreu à bordoada.
Agora que o gasóleo é bem mais caro, que a economia está em recessão e que uma boa parte dos camiões estão parados
não se ouve um único protesto.
São três exemplos entre muitos que poderiam ser dados que mostram
como a nossa democracia não está lá muito bem de saúde. Há grupos mafiosos a
manipular a informação e a ajudar a derrubar ou a manter governo recorrendo a
truques sujos.