segunda-feira, setembro 03, 2012

Coisas estranhas


Neste país passam-se coisas estranhas, gente que se comportam de forma estranhamente incoerente, notícias que saem em momentos oportunos, fica-se com a sensação de que há qualquer coisa de errado.
Paulo Portas tem sido um ministro feliz, conseguiu tirar poder ao ministro da Economia e tem andado numa roda viva de viagens por conta da diplomacia económica, não faltarão os hotéis de cinco estrelas, o champanhe e as viagens em classe executiva. A gestão cuidadosa da agenda levou-o ao estatuto de ministro bem visto, uma vantagem de nunca assumir responsabilidades na austeridade e desaparecer estrategicamente sempre que as coisas estão a correr mal.
  
Mas o Tribunal Constitucional trocou as voltas ao ministro, decidindo-se pela inconstitucionalidade do corte dos subsídios obrigou o governo a uma redistribuição dos custos da austeridade, situação agravada pelo desvio colossal de quase 2,5% no défice orçamental, que deverá ser compensado no próximo ano. Portas descobriu que os seus eleitores já não suportavam mais impostos e começou a dar sinais de divisão na coligação. À questão dos impostos acrescentou divergências em relação ao trespasse da RTP para os amigos do Passos e do Relvas.

Quando Portas estava a precisar de ser metido na linha eis que pela primeira vez aparece uma fuga do processo dos submarinos e sai no DN ( logo no DN que muitas vezes mais se parece com o Povo Livre a preto, branco e azul) que o líder do CDS é suspeito no negócio dos submarinos, coincidência das coincidências, a notícia sai um dia depois de a procuradora-geral Adjunta Cândida Almeida ter ido à Lusófona de Castelo de Vide dizer aos pirralhos da JSD que Portugal não é um país corrupto. Que maldade, num dia uma procuradora envolve-se numa iniciativa política do PSD, no outro o líder do CDS é queimado na comunicação social com uma fuga num processo a cargo de Cândida Almeida!
  
Mas se este é um daqueles processos em que alguém decidiu não brincar em serviço e comportou-se como um mafioso russo, outras situações merecem alguma admiração. Veja-se o que sucedeu com os professores, por causa de uma treta da avaliação fizeram tudo o que se viu. Agora não só aceitaram a avaliação tal qual estava como ainda aceitam milhares de despedimentos e resta saber o que mais. Quanto terão “pago” aos líderes dos professores ou aos responsáveis por alguns blogues guerrilheiros para que estejam calados ou se limitem a alguns arrufos de namorados?
  
Veja-se também o que se passou com os camionistas nos últimos anos, com o anterior governo tudo fizeram para desestabilizar o país, fizeram boicotes de estradas e seguira uma estratégia de confronto com as autoridades, numa clara tentativa de provocar conflitos. Não admira que um conhecido opinion maker e militante destacado do PSD tenha manifestado alguma desilusão com a falta de autoridade da polícia que não recorreu à bordoada. Agora que o gasóleo é bem mais caro, que a economia está em recessão  e que uma boa parte dos camiões estão parados não se ouve um único protesto.
  
São três exemplos entre muitos que poderiam ser dados que mostram como a nossa democracia não está lá muito bem de saúde. Há grupos mafiosos a manipular a informação e a ajudar a derrubar ou a manter governo recorrendo a truques sujos.