Os portugueses têm um estereotipo de um ministro das
Finanças competentes que tem mais a ver com a personalidade do que com as
aptidões, se for feito, tiver um ar de menino da mamã, marrão e de quem levou
muitas cacholetas, se não conseguir distinguir a beleza de uma top model da de
uma Santa Zita, cheia de pelo e com o sovaco a azedo, então temos ministro das
Finanças! Vítor Gaspar encaixa no esteriotipo e muito embora ninguém o
conhecesse e tenha um currículo académico que o coloca abaixo do meio da
tabela, ficando atrás de gente como, por exemplo, o João Duque ou o Nogueira
Leite, só para referir economistas que foram próximos de Passos Coelho, todos
dizem que o homem é competente. Até o líder do grupo parlamentar do PS chegou a
afirmar que o governo era uma nódoa, mas a pasta das Finanças estava bem
entregue.
O Gaspar tornou-se rapidamente no Vasco do filme “Canção de
Lisboa”, cada vez que o rapaz abria a boca o país caia aos seus pés exclamando “ele
até sabe o que é o mastoideu!”. Quando Passos Coelho fez a sua comunicação do
roubo da TSU foram muitos os que pensaram que o primeiro-ministro é um imbecil
tão grande que nem foi capaz de explicar a medida, o melhor seria ouvir o
Gaspar. A verdade é que o Gaspar revelou-se um imbecil tão grande como o Passos
e não explicou nada. Pela primeira vez começaram a ouvir-se vozes criticando o
Gaspar.
Se no meus tempos de política económica explicasse a TSU nos
termos em que a justificou o Passos, com o argumento da desvalorização que lhe
terá sido soprado pelo Gaspar, teria levado um chumbo a Política Económica. Se
tivesse falhado nas previsões do desemprego, do crescimento económico e na
receita fiscal com a magnitude do erro de Vítor Gaspar teria perdido um
doutoramento em economia pelo ISE se o tivesse e de doutor teria sido
despromovido a porteiro do ISEG.
A dimensão dos erros de ordem técnica do Vítor Gaspar é mais
do que suficiente para decretar a incompetência e falência intelectual do
ministro das Finanças, a não ser que estejamos perante um golpe de estado e
esses erros sejam premeditados, tendo em vista conduzir o país a uma situação
tal que o povo esteja disposto a engolir toda a receita do ministro das
Finanças.
Vítor Gaspar é um incompetente que não acerta numa previsão,
que ignora que tem sob a sua tutela a máquina fiscal e que tem sabido blindar o
Banco de Portugal, o seu emprego de recuo, às medidas que ele impõe aos
portugueses, a pouca vergonha é tanta que não seria de admirar que o golpe da
TSU não se aplique aos funcionários do Banco de Portugal.
Demitir Vítor Gaspar é um imperativo da defesa da democracia
portuguesa, o país não pode ter um ministro que propõe à troika medidas que são
claramente abusivas, inaceitáveis e inconstitucionais. O ministro das Finanças
está usando o memorando e o apoio de funcionários estrangeiros para impor as
suas ideias ao povo português sem que nunca as tenha apresentado ou que tenham
sido sequer incluídas no programa do governo.
Vítor Gaspar comporta-se na relação com a troika como um
Miguel de Vasconcelos do tempo dos Filipes, umas vezes diz que é ele que manda,
outras esconde-se atrás da chantagem de funcionários de Bruxelas, como sucedeu
ontem com um paspalho chamado O’Connors. E na história de Portugal o destino
dos Vasconcelos passa pela janela.