terça-feira, setembro 18, 2012

Correr com o novo Miguel de Vasconcelos


Os portugueses têm um estereotipo de um ministro das Finanças competentes que tem mais a ver com a personalidade do que com as aptidões, se for feito, tiver um ar de menino da mamã, marrão e de quem levou muitas cacholetas, se não conseguir distinguir a beleza de uma top model da de uma Santa Zita, cheia de pelo e com o sovaco a azedo, então temos ministro das Finanças! Vítor Gaspar encaixa no esteriotipo e muito embora ninguém o conhecesse e tenha um currículo académico que o coloca abaixo do meio da tabela, ficando atrás de gente como, por exemplo, o João Duque ou o Nogueira Leite, só para referir economistas que foram próximos de Passos Coelho, todos dizem que o homem é competente. Até o líder do grupo parlamentar do PS chegou a afirmar que o governo era uma nódoa, mas a pasta das Finanças estava bem entregue.
   
O Gaspar tornou-se rapidamente no Vasco do filme “Canção de Lisboa”, cada vez que o rapaz abria a boca o país caia aos seus pés exclamando “ele até sabe o que é o mastoideu!”. Quando Passos Coelho fez a sua comunicação do roubo da TSU foram muitos os que pensaram que o primeiro-ministro é um imbecil tão grande que nem foi capaz de explicar a medida, o melhor seria ouvir o Gaspar. A verdade é que o Gaspar revelou-se um imbecil tão grande como o Passos e não explicou nada. Pela primeira vez começaram a ouvir-se vozes criticando o Gaspar.
    
Se no meus tempos de política económica explicasse a TSU nos termos em que a justificou o Passos, com o argumento da desvalorização que lhe terá sido soprado pelo Gaspar, teria levado um chumbo a Política Económica. Se tivesse falhado nas previsões do desemprego, do crescimento económico e na receita fiscal com a magnitude do erro de Vítor Gaspar teria perdido um doutoramento em economia pelo ISE se o tivesse e de doutor teria sido despromovido a porteiro do ISEG.
   
A dimensão dos erros de ordem técnica do Vítor Gaspar é mais do que suficiente para decretar a incompetência e falência intelectual do ministro das Finanças, a não ser que estejamos perante um golpe de estado e esses erros sejam premeditados, tendo em vista conduzir o país a uma situação tal que o povo esteja disposto a engolir toda a receita do ministro das Finanças.
   
Vítor Gaspar é um incompetente que não acerta numa previsão, que ignora que tem sob a sua tutela a máquina fiscal e que tem sabido blindar o Banco de Portugal, o seu emprego de recuo, às medidas que ele impõe aos portugueses, a pouca vergonha é tanta que não seria de admirar que o golpe da TSU não se aplique aos funcionários do Banco de Portugal.
   
Demitir Vítor Gaspar é um imperativo da defesa da democracia portuguesa, o país não pode ter um ministro que propõe à troika medidas que são claramente abusivas, inaceitáveis e inconstitucionais. O ministro das Finanças está usando o memorando e o apoio de funcionários estrangeiros para impor as suas ideias ao povo português sem que nunca as tenha apresentado ou que tenham sido sequer incluídas no programa do governo.
    
Vítor Gaspar comporta-se na relação com a troika como um Miguel de Vasconcelos do tempo dos Filipes, umas vezes diz que é ele que manda, outras esconde-se atrás da chantagem de funcionários de Bruxelas, como sucedeu ontem com um paspalho chamado O’Connors. E na história de Portugal o destino dos Vasconcelos passa pela janela.