Há mais margem para mais austeridade? Claro que há, basta
estender a todos os portugueses o que se fez aos funcionários públicos,
exigindo de cada um deles, desde o mais rico ao mais pobre um esforço
proporcionalmente idêntico e o país sairá da crise. Vale a pena recordar, os
funcionários públicos tiveram aumentos nas suas contribuições para a
aposentação e ADSE, tiveram um corte de 10% nos vencimentos e, por fim,
perderam os subsídios. Em cima de tudo isto sujeitaram-se aos aumentos de todos
os impostos como todos os portugueses.
Há quem diga que este é o preço de terem emprego certo o que
é mentira, ou que ganham mais 15% do que a média dos portugueses, o que é uma
manipulação goebbeliana da verdade, Há alguma empresa ou grupo profissional do
sector privado que tenha sido alvo de um despedimento colectivo de 40 mil
profissionais, sem qualquer indeminização como sucedeu com os professor? Há
alguma profissão que no sector privado tenha remunerações que em média sejam
inferiores às praticadas no Estado?
Mas a questão não está entre os pobres ou entre sector
público ou privado da classe média, mas sim na dimensão discriminatória e
sacana da austeridade. A verdade é que muitos portugueses têm sido deliberadamente
excluídos do esforço de austeridade, para este governo há portugueses de
primeira e portugueses de segunda.
Compare-se, por exemplo, os rendimentos anuais líquidos de
Eduardo Catroga antes e depois da crise ou das medidas de austeridade. A
verdade é que há neste país muita gente a ganhar com a crise e os que não estão
a ganhar estão a evitar prejuízos maiores transferindo-os para os portugueses
mais pobres através de medidas de austeridade.
Um bom exemplo deste oportunismo é o que se passa com os
bancos, durante anos desviaram lucros, fugiram aos impostos, ajudaram os seus
clientes a desviarem a riqueza para as off shore, emprestaram o dinheiros a
juros baixos aos seus sócios, familiares e amigos. Agora financiam-se à custa
de um empréstimo internacional ao país e já conseguiram um perdão dos juros que
serão suportados pelos contribuintes.
É evidente que há mais margem para austeridade e os
funcionários estão aí para servir de prova disso, que se sacrifique o Eduardo
Catroga e outros na mesma proporção e não só o programa de austeridade terá
mais recursos como ainda será infinitamente mais justo.
Os que dizem que não há mais margem para mais austeridade
são os mesmos filhos da puta que defenderam que um grupo restrito de
portugueses fosse condenado a pagar sozinho a crise do país. O resultado dessa
política económica canalha estão à vista, um desvio colossal nas receitas
fiscal e o sacrifício exigido aos funcionários públicos de nada serviu, o país
está bem pior do que antes do resgate, a economia está destruída, os banqueiros
são os mesmos filhos da puta a que já nos habituaram e o país está à beira do
colapso e sem presidente ou governo capaz de fazerem frente à situação.