domingo, novembro 23, 2014

Semanada

O órgão se soberania não eleito, melhor remunerado, menos escrutinado e com mais férias se não fosse o “maledito” decidiu iniciar mais uma jornada contra a democracia. Até agora o resultado é favorável aos magistrados que nesta partida ganham por um a zero. Mas, além de estar ainda no início, esta é mais uma partida de um longo campeonato durante o qual os magistrados da direita têm feito sucessivas tentativas de se transformarem em sacerdotisas gordas e anafadas do sistema político. Veremos como este jogo vai acabar, mas certamente não vai acabar bem.
  
Às vezes a boca foge-nos para a verdade e isso poderá ter sucedido com o deputado Duarte Marques que exultando de alegria com a detenção de Sócrates não se conteve e disse uma frase que ficará para a história deste processo e da justiça portuguesa: “Aleluia, a malta de Mação não perdoa”. A malta de Mação é ele e o super juiz Alexandre que conduz o processo sem se perceber se é juiz de instrução, agente da PJ ou magistrado do MP. Resta saber agora se o termo malta diz respeito a um grupo de escuteiros, um grupo excursionista, ou uma qualquer associação mafiosa.  Para já o deputado Duarte Marques revelou que os seus neurónios foram produzidos a partir da serradura de um pinheiro de Mação.
  
Na mesma semana em que os caça fantasmas da justiça tentam afastar de vez o fantasma de Sócrates o país ficou a saber de uma grave situação de corrupção. Não estão em causa as duas garrafas de vinho de produção caseira recebidas pelo director nacional do SEF, a corrupção dos vistos gol não está na actuação oportunista ou ingénua deste ou daquele director-geral, os vistos são eles próprios um esquema corrupto em que a corrupção activa são os estrangeiros que os compram e a corrupção passivva é praticada por Portugal. O que sucede nos vistos gold? Portugal diz aos cidadãos estrangeiros que se não derem dinheiro terão de se sujeitar às regras e esperar anos por um visto, mas se derem um envelope chorudo levam logo um visto válido para dez anos e ainda terá políticos empenhados em agilizar o processo. Se isto não é corrupção o que ser, afinal, a corrupção? Para evitar a condenação moral dizem-nos que há vários países a fazem o mesmo, como se a multiplicação dos criminosos diminuísse a sua culpa, o pior é que nesta comparação entre estados europeus corruptos Portugal é um dos que se corrompe por menos.
  
Ultrapassada a crise da legionella e esquecido o ébola aceitam-se apostas sobre qual a próxima doença que servirá ao Opus Macedo para promover mais uma imensa campanha de promoção pessoal semelhante ao que fez com aquelas duas doenças onde fez de director-geral da Saúde e ainda contracenou com a Catarina Furtado. E enquanto o Opus Macedo vai preparando os sucessos que justificarão a sua missinha de acção de graças na Sé de Lisboa o país vai conhecendo o lado negro da saúde em Portugal, onde nem as médicas já podem engravidar.
  
Na quinta ou sexta soube-se que Ricardo Salgado iria ao Parlamento no dia 3 de Dezembro, isto depois de todos terem percebido que o governo mentiu e que o mercado das acções do BES por ter sido animado por golpes oportunistas. Agora aceitam-se apostas sobre se na mesma altura em que Ricardo Salgado vai ao parlamento o Caso Sócrates vai ou não ter uma qualquer evolução dramática que ofusque a comissão parlamentar de inquérito ao aso BES.