terça-feira, novembro 11, 2014

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Jaguar do Zoo de Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Em que Constituição leu Cavaco que podia negociar uma antecipação de eleições a troco de um acordo conseguido sob a sua vigilância? Este presidente tem uma abordagem muito original do respeito da Constituição e quanto a trabalho de casa deve estar a pensar nos trabalhos que no Palácio de Belém costumam ser feitos pelo Fernando Lima.

É cada vez mais óbvio o envolvimento político de Cavaco no governo, mas isso é bom, uma vitória eleitoral sobre a direita terá um valor especial pois não será só Passos a ser derrotado mas também Cavaco Silva. Por este andar não teremos legislativas antecipadas mas, em contrapartida, o país podrá vir a ter eleições presidenciais antecipadas, o que seria boma para a tranquilidade na vida política deste país.

«O Presidente da República respondeu às críticas do líder parlamentar do PS, Ferro Rodrigues, exortando-o "a fazer o trabalho de casa". Após ser questionado sobre as declarações do socialista sobre a "falta de bom senso ao mais alto nível", Cavaco Silva reagiu dizendo que é necessário "lembrar a alguns políticos que quando falam de certos assuntos, devem estudá-los primeiro. Devem estudar a Constituição e o que dizem as leis".

Cavaco Silva lembrou ainda que a lei que estabelece que as eleições devem ocorrer entre 14 de Setembro e 14 de outubro "foi aprovada, em 1999, pelo PS, pelo PCP e pelos Verdes, tendo o voto contra de PSD e CDS".

O Presidente falou ainda sobre a PT, dizendo que espera que não ocorra o "desmembramento da empresa" e deixam uma questão em jeito de crítica à atuação de quem tem comandado a empresa nos últimos anos: "O que andaram a fazer os acionistas e os gestores desta empresa?"» [DN]

 BES

Parece que muitos milhões fugiram do BES antes da entrada em cena de Vítor Bento e do deputado do PSD na gestão no banco, a solução apresentada por Ricardo Salgado que o governo e o BdP aceitaram numa altura em que se dizia que estava tudo bem e que até haviam investidores estrangeiros interessados na compra do banco. O problema é que foram muitos mais os milhões que saíram do banco nos dias seguintes mas desses ninguém quer falar.

 Go pro numa bolha de água no espaço



      
 Governo de oposição
   
«O governo devia mudar de nome. De Governo de Portugal passar a Oposição a Costa. As primeiras sondagens após a eleição interna do candidato socialista a futuro primeiro-ministro, aterrorizaram o Governo e a já reduzida direita que ainda o apoia. As suas aves canoras foram chamadas à pedra e advertidas de que doravante não haverá discordâncias nem sequer criticazinhas, apenas louvores e incensos. Até já apareceu um editorial assente em impossível elogio a Crato.

Seguir-se-á outro a louvar o falar grosso da justiça por lançar a suspeita criminal sobre dois mexilhões que estavam apenas a cumprir o seu papel de segurar a rocha. O escrutínio minucioso do governo de Costa na câmara de Lisboa vai ser continuado e ampliado. Até um ministro se deu ao trabalho de passar um filme cómico atrasado numa audiência parlamentar nacional, para diminuir Costa. De súbito, invertem-se os papéis: os ministros, e já são dois, em vez de cuidarem do País, criticam a gestão camarária de um escasso território, com 560 mil habitantes, menos de 5% da população do Continente. Porque a ele preside António Costa, inimigo a abater.

O argumentário aí está: Sócrates a regressar pela mão do PS. Sócrates, o que ousou fazer sair o País do subdesenvolvimento crónico, o que atraiu indústrias, o que reestruturou fontes de energia, o que reformou educação, segurança social e saúde, o que pretendeu manter as telecomunicações em mãos nacionais, o que se afanou a construir estradas e linhas férreas, o que ousou colocar o País nas redes transeuropeias de comunicações, transportes e energias. Mas também o que ousou disputar o monopólio comunicacional da direita, o que acreditou que o gastar muito para combater a crise era a verdadeira política europeia, sem se precaver contra a forte viragem de Merkel e Sarkozy, o que deveria ter exigido parceria de governo com outros, em 2009, quando passou a minoritário, Sócrates é visto como Tamerlão, às portas de Constantinopla, disposto a mudar-lhe o nome para Istambul. Um governo tão frustrado como impotente, que recorre a fantasmas de há três anos e meio atrás para amedrontar cidadãos livres que toma por criancinhas ingénuas! Quando, afinal, teve tempo para tudo mudar e tudo fez piorar.

A Costa tudo se exige, agora: que apresente programa completo e detalhado, pasme-se, a um ano de eleições. O que fazer com a dívida, como controlar o défice, como criar emprego, como aumentar as exportações e reduzir as importações, como captar investimento, como aumentar o crescimento e evitar a deflação, como resolver a crise do BES, como fazer regressar os que emigraram, como reduzir a pobreza, como cuidar dos velhos e das famílias, como prevenir a criminalidade, como baixar os impostos, como promover o conhecimento e a inovação. Tudo o que o governo destruiu ou não conseguiu construir é agora exigido, por transferência freudiana da impotência, a um ainda candidato à liderança interna do partido da oposição. Isto demonstra o fracasso de três anos e meio de afundamento consciente do País, bem como a perturbação nos espíritos dos que se meteram na alhada e dela não conseguem sair.

Depois de chegar ao governo, Costa terá inúmeros obstáculos a vencer: a quebra do crescimento, do investimento, do consumo e do crédito, sem os quais não crescerá o emprego, nem baixará a emigração; a pobreza aumentada, o desemprego jovem persistente e o regressado insucesso escolar; um novo impulso a exportações com mais créditos e menos viagens; a erosão das pensões e dos seus fundos, a desatenção aos idosos e à medicina familiar e as barreiras de acesso ao SNS, as velhas e novas epidemias e pandemias; o revigorar da administração e a simplificação de procedimentos; o abandono e taxação de pensionistas pobres e remediados. Até lá, muitos lhe saltarão ao caminho. Por que sim e porque não, como na fábula de La Fontaine, do velho, do rapaz e do burro. Ele terá que seguir o caminho que escolheu, sem se deixar deter ou embaraçar: tem um congresso a preparar e vencer, um partido a unir e reforçar, uma estratégia de longo prazo e uma táctica para galgar o ano que falta.

Os ardis surgirão de todos os que sentem a inexorável derrota mas persistem no fatalismo da agonia: o governo, oposição da oposição, a esquerda à esquerda de si própria, mais apta para se cindir que para se propor; a esquerda conservadora que prefere capitalizar na crise do capitalismo a tentar substituir a prática do capitalismo. O populismo ainda incerto, mas já vociferante. Ainda sem programa, mas já ambíguo e contraditório. A alimentar-se do imaginário e das frustrações populares do “correr com estes, depois se verá”. Como se a dinâmica do azorrague suprisse a inércia do conteúdo.

Costa tem um calendário e um roteiro de propostas, não uma ladainha de promessas. Tem um congresso a convencer e vencer, um corpo temático a congregar, preparar, disciplinar e difundir, um ano que se augura difícil lá fora e inóspito cá dentro. Certamente, um programa eleitoral a propor. Aí, sim, os ansiosos por carne fresca terão alimento para retalhar. Acalmem-se. Ainda é cedo para tal festim.» [Público]
   
Autor:

António Correia de Campos.


 A anedota do dia
   
«Questionado sobre o caso BES, o responsável do FMI recusa responsabilidades da troika no caso e diz que o caso “apanhou toda a gente de surpresa”, garantindo que não houve complacência da troika, que tinha de remeter estes casos para o supervisor, o Banco de Portugal.

Subir Lall diz ainda que soubera que o problema era grave “mais ou menos ao mesmo tempo que toda a gente” e diz que vai responder por escrito à comissão parlamentar de Inquérito ao caso BES.» [Observador]
   
Parecer:

A forma mais cobarde de escapar a responsabilidades no caso BES é afirmar que todos foram apanhados de surpresa. É quase impossível que durante estes três anos o FMI não se tenha apercebido de nada quando o próprio Gaspar, ainda na qualidade de ministro das Finanças, dizia numa reunião com a associação dos bancos que “Se eu fizesse declarações sobre a dívida do BES tinha muito a dizer”.  É impossível acreditar que Gaspar nada tenha dito ao FMI sobre o assunto .
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se o representante do FMOI que é um grande aldrabão.»

 Realizações nos planos económico, social e cultural
   
«Na semana em que se assinalam 25 anos sobre a queda do Muro de Berlim, o Partido Comunista Português (PCP) publicou um artigo no jornal Avante! em que recorda as “notáveis realizações nos planos económico, social e cultural” da República Democrática Alemã (RDA). A reunificação da Alemanha é vista como uma “anexação” que deu origem a uma “‘grande Alemanha’ imperialista”.

“Aquilo a que assistimos no território da ex-RDA foi à destruição forçada das realizações económicas, sociais e culturais de mais de quarenta anos de poder dos trabalhadores”, pode ler-se no editorial publicado pelos comunistas a 6 de novembro. Referindo-se sempre à “chamada queda do Muro de Berlim”, o PCP considera que as celebrações do fim do muro são a forma capitalista de celebrar o fim do socialismo e da RDA, através de uma reunificação que consideram ser, na verdade, uma “anexação” que levou à formação de uma “‘grande Alemanha’ imperialista”.» [Observador]
   
Parecer:

Mas que grandes realizações! E quem disser o contrário está a fazer a propaganda da CIA, era o que se dizia de todos os que não concordavam com "o partido".
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Viveiro de empresas na Santa Casa
   
«A Misericórdia de Lisboa adjudicou, desde 2012, pelo menos 18 contratos públicos, num valor próximo dos dois milhões de euros, a um conjunto de dez empresas quase todas acabadas de constituir.

Todas elas eram estreantes enquanto fornecedoras da instituição e todas elas pertencem a pessoas que têm participações cruzadas nessas e noutras empresas, frequentemente sedeadas nos mesmos locais. Em muitos daqueles contratos, geralmente resultantes de ajustes directos, as únicas firmas convidadas a apresentar propostas integram um grupo mais alargado de duas dezenas de sociedades pertencentes às mesmas pessoas, sendo que algumas não têm qualquer actividade conhecida. 

A administração da Misericórdia, depois de confrontada pelo PÚBLICO com estes factos, há três semanas, mandou abrir um inquérito interno e instituiu regras mais apertadas para a aquisição de bens e serviços e para a adjudicação de empreitadas. 

As situações identificadas pelo PÚBLICO, a partir das informações obrigatoriamente publicadas em bases de dados oficiais, abrangem uma parcela muito reduzida das compras da Misericórdia. Desconhece-se, no entanto, se elas são apenas a expressão de práticas mais generalizadas.

O que não surpreenderia numa casa cujas estruturas intermédias e superiores são ocupadas, há décadas, por sucessivas camadas de clientelas dos diferentes partidos que têm governado o país e, consequentemente, a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML). Isto porque o provedor e os restantes membros da Mesa (o órgão que administra a instituição) são nomeados pelo Governo. » [Público]
   
Parecer:

Enfim, esta economia social é mesmo social.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se o provedor da Santa Casa pelo seu comportamento exemplar na promoção do empreendedorismo empresaria.»

 Índia vai ter ministro do yoga
   
«Narendra Modi fez remodelação e nomeou Shripad Yesso Naik como ministro responsável pelas medicinas e práticas tradicionais, como o ayurveda, o yoga, a Unani, a Siddha e a homeopatia.

Naik, de 62 anos, eleito pela circunscrição de Goa Norte, era ministro do Turismo e passa a assumir aquela pasta específica depois de o presidente indiano ter decidido isolar aquelas áreas retirando-as da alçada do Ministério da Saúde.» [DN]
   
Parecer:

Não é nenhuma novidade, com Pires de Lima Portugal já tem um ministro das palhaçadas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 A Europa no seu melhor
   
«Eurodeputados querem ouvir Juncker mas presidente do executivo comunitário e antigo primeiro-ministro do Luxemburgo não estará presente.

A Comissão Europeia pediu informações adicionais ao Luxemburgo sobre os acordos fiscais multinacionais porque os dados já remetidos pelas autoridades do Grão Ducado foram considerados insuficientes.

"O Luxemburgo já forneceu alguns dados, mas não se trata de uma informação completa" referiu o porta-voz da comissária Margrethe Vestager, responsável pela área da Competência no novo Executivo comunitária. Ricardo Cardoso não precisou se esta informação adicional se refere à investigação que a CE já tinha anunciado no verão ou se envolve os acordos secretos com 343 multinacionais, recentemente revelado por um consórcio internacional de jornalistas de investigação, e que ficou conhecido como "LuxLeaks".» [DN                                                                                                                                ]
   
Parecer:

A direita escolheu para presidir à Comissão Europeia o maior trafulha fiscal, um verdadeiro Al Capone do fisco. Agora em vez de fazerem as perguntas ao bandido fiscal que os preside a Comissão pergunta ao actual governo do Luxemburgo, enquanto o cobarde do esquentador nem se deixa ver.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  

   
   
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