A direita tem o poder e com a ajuda da troika teve todo o poder, governou à margem da Constituição, contou com um presidente mais dócil do que o Américo Tomás, não precisou da PIDE para meter quase todos os jornalistas na linha. Enquanto isso, a oposição tem demonstrado uma ingenuidade ou mesmo um oportunismo arrepiante. No PS o Seguro andou três anos armado em namorada abandonada por Passos Coelho, depois veio o António Costa convencido que eram favas contadas e foi o que se viu. Na esquerda conservadora aceita-se mais quatro anos de governo se isso representar mais um ou dois deputados para o partido ou para um dos muitos blocos e bloquinhos.
A comunicação social é obediente, os ex-líderes do PSD são falsos comentadores, os grupos corporativos estão sendo comprados e se não fossem os magistrados terem achados que era a oportunidade de se aproveitarem estariam agora na vanguarda de apoio ao poder, o que, aliás, tem sucedido, as instituições públicas são instrumentalizadas, até a diplomacia serve os interesses eleitorais não se escondendo o desejo de ver a Grécia na bancarrota para usar a desgraça alheia como justificação dos excessos aplicados aos mais pobres.
Com uma oposição fraca e a olhar para o umbigo o governo pode manipular tudo e todos, os ganhos eleitorais da direita não prejudicam as intenções eleitorais do PCP e dos bloquinhos pois estes apenas atacam o PS para disputar o seu eleitorado mais à esquerda, parecendo que assinaram um pacto de não agressão com uma direita que disputa o eleitorado do mesmo partido, mas o que está mais à direita. No PS parece que a maior preocupação é projectar a imagem do líder numa estratégia que parece ser mais de longo prazo, como se as eleições em causa fossem as de 2019.
Não admira que a oposição tenha dado mais importância ao casinho da lista VIP do que a incidentes graves como a barracada da abertura do ano escolar ou a confusão do CITIUS. Graças ao seu discurso da “impunidade” parece ter as simpatias da esquerda conservadora e é tão ignorada pelo PS que até parece pertencer a este partido. Agora ordenou aos seus directores-gerais lenha para queimar o PS, pode ser que, finalmente, o líder do PS não confunda política com simpatias pessoais e perceba a natureza da senhora que tão bem tem tratado.
Outro caso de bandalhice e incompetência da oposição é o que está sucedendo com a famosa promessa de reembolsar parte da sobretaxa do IRS. O governo tinha-se prometido a divulgar periodicamente os dados desta medida e até ao momento não o fez, sem que alguém da oposição tenha reparado. Após seis relatórios da execução orçamental e apesar de as coisas não estarem a correr bem começa a ser notícia que a tal devolução vai ser feita e isso só é possível porque o governo está a reter abusivamente os reembolsos do IVA e uma parte dos reembolsos do IRS. E o que tem feito a oposição? Nada, mais uma vez vai ser apanhada com as calças na mão e o povo português arrisca-se a ter de aturar mais quatro anos de sacanice e incompetência por causa da ingenuidade e do cinismo da oposição.