Adiar o debate em torno das presidências como se as duas eleições por serem sequências obrigassem a ignorar a que se realiza mais tarde é mais um erro a acrescentar a muitos que já foram cometidos pela esquerda e cujas consequências só os teimosos e autistas da política insistem em não aceitar. As eleições não podem ser confundidas com a fila de espera de um cabeleireiro, como se os candidatos fossem tratar da sua imagem em função da data do casamento.
Depois do erro de apostar em candidatos que só o seriam se por causa de um qualquer terramoto ficassem sem melhor fonte de rendimentos e de boa vida do que o proporcionado pelo cargo presidencial, erro que levou a que a esquerda desse as presidenciais como ganhas por um fugidio Guterres, comete-se o erro de adiar para a véspera das presidências o lançamento de uma candidatura que ficará condicionada aos resultados ds legislativas e quase sem tempo para mobilizar os eleitores.
A direita tem vários candidatos, todos eles trabalhando activamente para melhorar a sua imagem junto dos eleitores, vários têm mesmo programas televisivos da sua candidatura e no caso do Pedro Santana Lopes até conta com a preciosa ajuda do António Vitorino para branquear a sua imagem. À esquerda parece que os candidatos têm de andar escondidos porque agora é a hora do culto da personalidade das personagens com protagonismo das legislativas.
Acontece que não só a direita está em plena campanha eleitoral, com dois ou três candidatos associados e apoiando a direita nas legislativas e usando poderosos recursos da comunicação social para achincalhar e diminuir quase diariamente a única candidatura à esquerda. Além disso é o próprio Cavaco Silva que já arregaçou as mangas e até parece que recuou aos anos 80, quando era candidato a primeiro-ministro.
É impossível dissociar as legislativas das presidenciais porque muito provavelmente o futuro governo terá de contar com a confiança do Presidente da República, num cenário em que o PS ou a direita não alcancem uma maioria absoluta. Além disso, uma boa parte das ambições governativas da direita passa por medias que ultrapassam os limites da Constituição o que significa que o seu programa de governo é em simultâneo um programa presidencial, já que só é viável com um presidente que obedeça a Passos Coelho de uma forma tão servil como aquilo que temos assistido.
Não concordo com os que um ano antes das eleições legislativas avançaram com candidaturas presidências que se revelaram meras ilusões criadas por quem vê no país uma segunda escolha e agora dizem que a questão presidencial só se coloca depois de Setembro. Não preciso de esperar por saber qual é o futuro deste ou daquele candidato a deputado para me preocupar com um cargo mais importante do que o cabeça de lista ao parlamento pelo círculo de Lisboa ou de Bragança, sei quem não quer ver em Belém e quem me dá garantias de respeito pela Constituição e é capaz de ser o presidente de todos os portugueses que o outro não foi.
Não preciso de esperar por Setembro para ser o que quero e por isso declaro aqui e agora que apoio a candidatura presidencial do professor Sampaio da Nóvoa.