Cavaco Silva fez três discursos, no primeiro optou por transformar uma cerimónia oficial no primeiro comício dos PAFiosos, o segundo valeu para se perceber que a sua doença do foro neurológico está em fase adiantada e por pouco deixava cair o estandarte nacional que o general lhe entregava, no terceiro voltou aos comícios e mostrou uma fotografia dos últimos quatro anos de fazer inveja aos países mais avançados. Não vale a pena escalpelizar o seu discurso, pois ainda teria de concluir que ao falar das exportações portuguesas a partir de 2010 só podia ser uma homenagem a quem governou antes, mas deixemos isso para depois já que a honestidade intelectual é uma qualidade que não assiste a toda a gente.
Quero apenas dizer que não sinto qualquer orgulho em ver um ex-primeiro-ministro em prisão preventiva, sem qualquer culpa formada e com base em argumentos que diz mais da dimensão humana dos perseguidores do que dos perseguidos. Não ter qualquer orgulho em vez uma destrambelhada no ministério da Justiça e uma Procuradora-Geral filha de um antigo cavaquista.
Não tenho qualquer orgulho em ter visto um país ter dado passos significativos no sentido da excelência universitária , investindo os seus recursos na qualificação dos portugueses, e agora assistir à partida dos nossos jovens e saber que quando se pergunta aos ainda mais jovens o que pretendem para o futuro que respondem que pretendem ir para o estrangeiro. Talvez por isso Cavaco tenha elogiado o investimento das empresas na ciência e tenha ignorado o investimento público, como se o investimento feito com o dinheiro dos cidadãos fosse motivo de vergonha.
Confesso que o meu orgulho como português anda muito por baixo e ver um Cavaco à frente dos destinos desta Nação, tendo ao seu lado Passos Coelho e a senhora do parlamento não ajuda nada.