terça-feira, junho 30, 2015

Umas no cravo e outras na ferradura



   Foto Jumento


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Grafiti, Lisboa
  
 Jumento do dia
    
Cavaco Silva

Portugal ficou a saber que Cavaco Silva está na posse de todas as suas capacidades intelectuais e ainda consegue saber que a quem 18 tira um fica com 17. E quanto a contágio podemos ficar descansados, não seremos os únicos a ficar contagiados.

A Cavaco só faltou dizer que "quero que a Grécia se lixe com um f do tamanho de Boliqueime!", a sua linguagem é mais própria de um taberneiro do que de um Presidente da República de uma democracia europeia.
 
Este brilhante raciocínio aritmético do senhor de Booliqueime lembrou-me o discurso de um antigo presidente que tem muitas semelhanças com o actual, ainda que esteja alguns furos acima de Cavaco Silva, dizia Américo de Tomás num discurso que "desde a última vez que cá vim é a primeira vez que cá venho". Enfim, quem de 19 tira um fica com 18.

«Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), a estimativa provisória da população desempregada para maio é de 676,8 mil pessoas, um aumento de 2,9% face ao valor definitivo obtido para abril (mais 19,1 mil pessoas).

Já a estimativa provisória da população empregada é 4.444,0 mil pessoas, menos 0,5% do que no mês anterior (menos 22,7 mil pessoas).» [DN]

 A Comissão Europeia à rasca

Tal como sucedia no tempo de Durão Barroso a Comissão Europeia de Junckers voltou a demitir-se do seu papel assumindo uma posição de mero espectador deixando o governo grego entregue às indisposições intestinais e aos problemas hormonais do senhor Wolfgang Schäuble e da nariguda Lagarde. O resultado está à vista, a decisão grega de convocar um referendo deixou a Europa de calças na mão com o comissário europeu dos assuntos monetários a fazer a figura triste de assegurar que a Comissão está aberta à negociações.

Junckers ainda não percebeu que a partir de agora não é apenas a dívida grega e as dificuldades da Grécia a estarem nos pratos da balança, ao atirar a economia para uma situação de pré-crise e com todo o mundo a sentir-se em cima do fio da navalha temos agora uma balança equilibrada ou mesmo inclinada em favor da Grécia, os prejuízos infligidos à economia europeia podem ser bem superiores ao custo de uma reestruturação da dívida grega.

Agora as negociações são mais claras, já não são os arrogantes dos alemães a apostar numa saída controlada da Grécia enquanto os gregos, igualmente arrogantes, ameaçavam a Europa de a levar com eles. Neste momento as negociações inverteram-se e já não é a Grécia a pedir ajuda à Europa, agora é a Europa a perguntar à Grécia quanto quer para não ir à bancarrota. Agora tudo ficou claro e se os gregos já sabiam o que custa uma crise do Euro é a vez de serem os eleitores alemães a fazerem as contas antes de atirarem o Wolfgang Schäuble contra a Grécia.

A Grécia aposta tudo nestas contas, o problema é que se a Europa ceder A este tipo de contabilidade nunca mais terá condições para negociar seja com quem for.

 Há sempre forma do desemprego baixar

Com base nos dados estatísticos o insuspeito DN, uma verdadeira sucursal do PSD, garante que a taxa de desemprego sobe em Maio para 13,2%. Mas o Observador só vê milagres e aborda os mesmos dados para escolher como título que o desemprego cai para os 13,2%. Para alguma coisa serviu ao Nando a escola maoísta da Voz do Povo, quando lemos a notícia vemos que a redução da taxa corresponde a uma diminuição dos emprego e ao aumento dos desempregados. Nem o ministro da Informação de Sadam faria melhor do que o Nando do Observador.
 Change the Tune



      
 O doping
   
«O Governo vive sob um efeito de doping. Cada décima da economia é vista como o disparar do crescimento. A redução da despesa em subsídio de desemprego, apresentada como um sinal de crescimento, é afinal devida ao termo do período de garantia de desempregados com direito a subsídio, bem como à redução progressiva da remuneração média à qual os subsídios estão indexados.

O investimento aumenta pela compra de viaturas importadas, mas não se diz que são essencialmente automóveis, em vez de viaturas pesadas. Outra história é a do investimento em companhias off shore de uma seguradora recentemente privatizada e cujas reservas matemáticas estão agora a servir de garantia ou colateral para investimentos desconhecidos, em vez de servirem para garantir o risco dos seguros tomados por segurados nacionais.

A compra de casas usadas aumenta visivelmente, mas não se esclarece que, em contrapartida, baixa o aforro nos bancos devido a juros tão baixos que incentivam outras colocações e aumentam o consumo, mas não de bens essenciais. A cobrança do IVA aumentou quase 8%, aguentando a despesa pública registada, mas ninguém fala das novas dívidas da Saúde (medicamentos e dispositivos médicos) que devem rondar 1,5 milhares de milhões, com tendência a subirem vertiginosamente nos meses antes e depois das eleições.

Daqui a duas semanas, o Governo vai anunciar que IVA e IRS juntos subiram acima de 3,7%, permitindo devolver parte da sobretaxa de IRS. Como não será possível fazer entrar o dinheiro nas contas bancárias dos eleitores ainda em 2015, o Governo vai disponibilizar um simulador para que cada um veja quanto pode vir a receber. Não se paga, mas anuncia-se.

Os membros do Governo parecem ter recebido formação recente em marketing. Qualquer ocasião serve para proclamarem a excelência da sua, deles, gestão. Mas pouco terão aprendido. Na Saúde, meses depois de o primeiro dos ministros anunciar saldo positivo, vem agora o ministro da pasta queixar-se de falta de meios, sugerindo um imposto específico. Logo obrigado a engolir o queixume.

Depois da experiência traumática da colocação de professores no ano transato, na Educação adia-se por uma semana o início das aulas para que os previsíveis atrasos não coincidam com a fase mais aguda da campanha eleitoral. Os pais que aguentem os filhos em casa, com os avós, nos empregos ou na rua!

Portas exibe auto-elogios e hossanas à economia, sob a forma habitual de hipérboles sincopadas. A troika, que era um respeitoso mal necessário, passou a odiosa conspiração de que nos libertámos gloriosamente. Por paradoxo, a troika aplicada aos outros, à Grécia, é um indispensável ajustamento que os relapsos gregos devem suportar em todas as reviravoltas opinativas do FMI.

O recurso à função pública, independente e imparcial, para ajudar a escrutinar o programa do PS, (tarefa que deveria caber à Rua de São Caetano e ao Largo do Caldas) depois de escancarado o escândalo ocorrido na Justiça e na Economia, é apresentado como simples “erro” dos gabinetes.

O salão nobre das Finanças é mobilizado para a assinatura de um contrato de promessa de compra e venda da TAP, pendente de várias apreciações e filtros.

Ainda antes do fim do Verão será a grande cerimónia da venda do Novo Banco, possivelmente a chineses, ao mesmo tempo que se acumulam as falências no Grupo GES, de empresas consideradas viáveis se o grupo tivesse sido aguentado em vez de desmantelado. Libertos, aliviados, como se tal alívio fosse purificação, em vez de empobrecimento.

Quando se trata de colocar um fiel servidor do primeiro-ministro, ressuscita-se a defunta representação permanente junto da UNESCO, deitando às ortigas as economias prementes que ditaram há três anos a sua fusão com a embaixada bilateral em Paris. Há que pagar fidelidades, mas pelo jeito que as coisas levam, os próprios duvidam da sua continuidade no poder.

Qualquer sucesso lá fora é ampliado como se tratasse da vitória nos Champions ou da atribuição de Nobeis. Os canais da TV, a começar pela RTP1, a partir das 21h apresentam cada vez mais futebol e menos debate político. Quando não há jogos, discutem-se transferências de jogadores, em intermináveis diálogos de opostos, arrastando penosamente o debate até fim da emissão. Estamos ainda para ver como se vai comportar a comunicação e a respectiva reguladora, para garantir isenção e imparcialidade à medida que nos aproximamos de Outubro.» [Público]
   
Autor:

António Correia de Campos.


 Junckers viola todos os princípios da UE
   
«O presidente da Comissão Europeia disse esta segunda-feira que se sente "traído" pela forma como o "egotismo" e o "populismo" frustraram os seus esforços para conseguir um acordo para resolver a crise grega. Mas insistiu que o acordo é necessário, apesar de não ter, para já, uma nova proposta. E, sobretudo, pediu aos gregos para não abandonarem a zona euro.

Jean-Claude Juncker terminou a sua longa conferência de imprensa em Bruxelas com um pedido aos gregos para votarem "sim" no referendo de sábado, admitindo que se trata de um sim "à permanência no euro" - e que um "não" será visto por todo o mundo como traduzindo a vontade de se distanciarem da Europa.» [DN]
   
Parecer:

O presidente da Comissão ultrapassa todos os limites aceitáveis entrando na campanha do referendo grego e assumindo claramente uma ingerência numa opção de um país soberano em oposição clara a alguns dos seus partidos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Exija-se a demissão de Junckers, primeiro foi um zero à esquerda em todo o processo negocial e agora ultraassa em muito o que o seu cargo lhe permite.»

 Alemanha faz recomendações a quem viaja para a Grécia
   
«O ministério alemão dos Negócios Estrangeiros recomendou hoje aos alemães que pretendam ir para a Grécia que levem dinheiro suficiente, já que o país está à beira do colapso bancário.

Berlim convida igualmente os alemães de partida para a Grécia, um dos seus destinos de férias preferidos, que se mantenham informados "sobre a evolução da situação através das recomendações do ministério e dos meios de comunicação social.

Também a Holanda recomendou prudência aos viajantes, explicando que pode "ser difícil pagar com cartão de crédito".

"Levem dinheiro suficiente para cobrir todos os vossos custos até ao regresso", indica o ministério holandês dos Negócios Estrangeiros na sua página na internet.» [DN]
   
Parecer:

Só lhes falta sugerir que em vez de fazerem férias na Grécia que optem por uma viagem tranquila à Síria, já que neste momento é mais agradável estar em Palmira do que em Atenas.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»

 Radicais da Grécia encurralados no seu referendo
   
«A imprensa grega avança com as primeiras sondagens sobre o sentido de voto dos eleitores no referendo, revelando que o ‘sim’ ao acordo com os credores poderá vencer no próximo domingo.

Conta o site Greek Reporter que o diário ‘Proto Thema’ avança com uma percentagem de 57% da população a querer aceitar as condições impostas pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional.

O levantamento da opinião dos gregos parece, assim, indicar que os cidadãos gregos preferem a austeridade das condições impostas pela União Europeia à incerteza que advém de uma possível saída da zona euro.» [Notícias ao Minuto]
   
Parecer:

Um sim dos gregos significa que o Syriza perde credibilidade na negociação com os credores.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

 Professores universitários a ganhar menos do que as domésticas
   
«A maioria dos professores das universidades privadas são pagos à hora, a recibos verdes, revela esta segunda-feira o jornal Público. Em alguns casos, os docentes recebem apenas cinco euros à hora, sendo que mais de 75 por cento dos docentes não tem vínculo estável com a instituição onde ensinam.

O Público revela que dois terços dos docentes no ensino superior privado trabalham à hora, a recibos verdes, enquanto a percentagem de docentes do superior público que são remunerados desta forma é descrita como "quase residual": menos de 1 por cento do total.

Aos 5300 professores do superior privado que trabalham em regime de prestação de serviços somam-se 1333 que têm contratos de trabalho a termo certo, ou seja, também com vínculo precário. O Público refere que não há mais de 1431 professores de universidades privadas que tenham contrato por termo indeterminado em Portugal.» [DN]
   
Parecer:

É o país e as universidade do e dos Passos Coelhos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
 Mais um, menos um, diz o gajo
   
«Segunda-feira, 29 de junho, vai ficar para a história, já se disse, e não é pelas melhores razões: o sistema financeiro grego ficará encerrado durante uma semana, algo que nunca aconteceu na Zona Euro. Logo, as bolsas mundiais abriram e fecharam em terreno negativo, com quebras entre os 3,56% da Bolsa de Frankfurt e os 5,22% da Bolsa de Lisboa, pressionadas pela interrupção das negociações entre a Grécia e a troika durante o fim de semana. Lisboa registou a maior perda desde 3 julho de 2013, data da demissão de Paulo Portas do Governo.


É um tiro em cheio no coração da Europa e do euro: a banca e a Bolsa de Atenas só irão reabrir a 7 de julho, depois do referendo às medidas propostas pelos credores da Grécia. "Quatro anos e meio depois de ter rebentado a crise, a Europa mostra que ainda não conseguiu afirmar a moeda única e que o euro ainda não está consolidado", sublinha um analista de um grande banco português que prefere não ser citado.  » [Expresso]
   
Parecer:

E isto é só uma ameaça.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Informe-se o dito.»


   
   
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