Para gente mesquinha e de vistas curtas a emigração é uma forma de eliminar trabalhadores em busca de emprego nas estatísticas do desemprego, quantos mais trabalhadores partirem menos serão os que terão de ser contabilizados. Se partirem os mais jovens e melhor qualificados melhor ainda, cria-se a ilusão de que foi criado emprego para jovens qualificados e manda-se embora do país gente que pode ser incómoda na hora das eleições.
A direita portuguesa não sabe disto? Toda a gente sabe o que se está passando, mas a transferência de riqueza para os mais ricos e a manutenção do poder traz mais benefícios para os rendimentos do país do que o progresso económico e social do pais. A elite da direita está muito pouco preocupada com os jovens que emigram, com os trabalhadores qualificados que parte, o que importa é o poder e os lucros que daí resultam.
Passos diz agora que o desejo do governo de ver os jovens abandonar o país é um mito urbano, mas a verdade é que o governo promoveu a emigração. Até Paulo Rangel andava tão animado com a partida dos quadros que chegou a defender a criação de uma agência nacional para facilitar a emigração, fê-lo no dia 21 de Setembro de 2011, à saída de uma reunião do conselho nacional do PSD dizendo “Às tantas, nós até devemos pensar, se houver essas oportunidades, em, de alguma maneira, gerirmos esse processo. Talvez fosse uma forma de controlar os danos. Era ter, no fundo, uma agência nacional que pudesse eventualmente identificar necessidades e procurar ajustar as pessoas que tivessem vontade - não é forçar ninguém a emigrar, não se trata disso - e canalizar isso".
Paulo Rangel não achava que as posições de Passos Coelho fossem "motivo para escândalo", "Pelo contrário, ela devia suscitar um debate sério na sociedade portuguesa, para tentarmos, na medida do possível, acomodar as necessidades do País em termos de mercado de trabalho no exterior". Na opinião deste alto dirigente do PSD até há um lado aventureiro na emigração pois "pessoas que têm condições para isso, que ainda não têm a sua vida montada, que são mais jovens, mais ligados à aventura"
O problema é que esta gente nem precisava de sugerir aos jovens que emigrem pois qualquer jovem no seu pleno juízo foge de um país governado por gente como o Rangel. O problema é que esta gente defende um modelo económico onde não há lugar para quadros e trabalhadores qualificados, a sua estratégia é a da exportação por indústrias que se alimentam de trabalhadores sem qualificação.
Façam-se as contas a quanto custou formar 300.000 portugueses e tirem-se as conclusões. Escolas, cuidados de saúde, universidades, tudo suportado pelo país para agora se ir ajudar as economias ricas da Europa, economias de gente envelhecida que leva os nossos melhores jovens sem terem investido um tostão e depois de ganharem juros elevados com os empréstimos da troika ainda nos vêm dizer que nos dão de comer, discurso com o qual Passos Coelho não só concordou como o suou para fundamentar as suas políticas extremistas.
Não foi só Passos Coelho que participou neste imenso crime contra o país e contra as famílias portuguesas, foram os muitos que elogiaram a emigração dos jovens e agora ficaram calados, foi quase toda uma direita que com medo de perder tachos e tachinhos não teve a coragem de tomar posição, foi, acima de tudo, um Cavaco Silva para quem as suas pequenas vinganças pessoais estão acima de tudo e ficou obedientemente calado.
ões para isso, que ainda não têm a sua vida
Por causa desta gente oportunista e sem escrúpulos Portugal perdeu e vai continuar a perder os seus melhores jovens, muitos dos seus trabalhadores mais qualificados. Isso representa uma imensa riqueza e um enorme retrocesso de um país cujo ponto fraco é precisamente a carência de gente qualificada. Só por isto este governo não só merecia perder as eleições como ser metido na prisão de Monsanto por muitos e bons anos. Infelizmente isso não vai suceder, o Catroga vai apodrecer na EDP, o Ricciardi vai desenrascar o Passos, o Carlos Costa ajudará a Maria Luís a fugir à condição miserável de funcionária pública, o Rangel vai continuar em Estrasburgo e o Cavaco já abana tanto que nem vale a pena fazer previsões sobre o seu futuro.
A expulsão dos jovens foi um crime contra o país, contra a economia e contra as famílias portuguesas, um crime que irá ficar impune.