Há por aí algumas agremiações que todas juntas poderiam ser conhecidas como a ala dos namorados da direita, não sendo de admirar a histeria do PSD (não se refere o líder deste partido porque, como é sabido, está em câmara ardente) e da Assunção Cristas sempre que os seus interesses estão em causa. Recordo-me de uma associação de empresas familiares, da associação das famílias numerosas ou da associação dos colégios privados.
Todas elas aparecem antes das eleições ou nos momentos da legislatura em que os partidos da direita precisam de ajuda. No caso da Associação dos colégios subsidiodependentes o apoio foi mais longe e envolveu grandes recursos financeiros, em plena campanha eleitoral os colégios recorreram a aviões para lançarem panfletos de apoio a um governo de direita. Não de admira que o governo de Passos Coelho lhes tenha pago a ajuda com juros.
Em plena austeridade houve um único sector que viveu com fartura de recursos financeiros do Estado, os colégios. Enquanto as escolhas públicas transformavam as turmas em rebanhos, os colégios podiam receber subsídios por turmas com 18 alunos, enquanto o governo despedia professores às dezenas de milhares, os colégios aumentavam os seus quadros. O ensino privado tornou-se um negócio e o mesmo Estado que condenava a qualidade na escola pública, financiava o sucesso dos colégios.
Não admira que uma Assunção cristas sem vergonha na cara fale agora na possibilidade de se escolher as escolas privados porque são melhores e mais baratas. Quanto á qualidade sabe-se como se consegue, quanto ao serem mais baratas já se deve ao facto de Assunção Cristas ter alguma dificuldade em distinguir a verdade da mentira, pelo menos quando lhe dá jeito.
Aquilo a que o país assistiu no protesto dos colégios privados foi a uma grande manifestação organizada por profissionais que usaram as crianças como tropa de choque dos seus interesses, ou por pais que querem ser beneficiados com o melhor dos dois mundos, isto é, com escolas privadas pagas com recursos públicos. Neste mundo onde se misturam negócios, igrejas, economia social e autarcas sem escrúpulos mostra um outro lado do OE, o da subsidiodependência em nome de bons valores.