Ouço os argumentos dos senhores dos colégios e fico a saber que vão fechar muitos colégios, que sem eles está em causa a qualidade do ensino, que serão despedidos 4.000 professores. Informo-me melhor e fisco a saber que representam pouco mais de 3% dos colégios privados, que os 4.000 professores são a totalidade dos professores destes colégios, isto é, o argumentário dos colégios subsidiodependentes está ceio de meias-verdades, neste caso o termo apropriado será meias-mentiras.
Até o cardeal achou que o tema merecia uma mobilização das massas em Fátima, fez uma interrupção na exibição dos estandartes religiosos para erguer as bandeiras ideológicas dos partidos da direita, algo que no cardeal não é novidade. Parece que quer liberdade de escolha, isto é, o mesmo cardeal que apoou a austeridade, que queria que o país fosse governado por um governo à margem do apoio parlamentar, acha que se deve pensar em liberdade de escolha em relação a todo o ensino. Provavelmente quer decretar a escravatura na Função Pública, para que os impostos pudessem financiar a duplicação de todo o sistema de ensino. Imagino que depois quereria duplicar o SNS, os postos da polícia e talvez propor a construção de estrada de iniciativa privada.
Vejo os debates em torno do BANIF e a ex-ministra das Finanças explica que o impacto do défice de 2015 resulta do colapso do BANIF, que ocorreu poucos dias depois da posse do novo governo. Portanto, uma ex-ministra da República informou os portugueses que antes da posse deste governo tudo estava a correr bem no BES e na receita fiscal, a desgraça só aconteceu nos últimos dois meses do ano. Se não fosse o novo governo o BANIF até estaria a dar lucro, os contribuintes estariam agora a receber o reembolso da sobretaxa e em vez de filas de desempregados nos centros de emprego haveriam filas de empregadores em busca de trabalhadores.
A Comissão Europeia não sabe muito bem como dar uma ajuda a Passos Coelho e depois de ter sido este, talvez inspirado pelo 13 de Maio, a pedir um milagre a Bruxelas decidiu não aplicar multas a Portugal pelo que fez o governo anterior, para estudar o assunto novamente. Prevê um défice abaixo dos 3%, mas se o governo português não regressar à taradice da austeridade ameaça aplicar multas por conta do défice de 2015, mas argumentando com a política para 2016 e ainda antes de apurado o défice deste ano.
Ex-governantes, comissários europeus e cardeais juntam-se em procissão para manipular os portugueses, para apoiar as soluções políticas que melhor serve os seus interesse e não hesitam em recorrer à mentira para conseguirem os seus objectivos.