Temos de reconhecer que desde que Passos Coelho deixou de estar em cama ardente, assumindo o lugar de líder da oposição, antes que a Assunção Cristas abichasse definitivamente o estatuto, está um homem muito mudado. Já é contra planos B, protesta contra mais impostos, eu diria mesmo que chego a achá-lo um pouco piegas. Para quem não se incomodou muito com um aumento do desemprego na ordem das centenas de milhares de portugueses, dizendo aos mais jovens que vazassem, preocupa-se com minudências percentuais nas taxas de desemprego.
Mas onde o homem mudou mesmo foi nas suas relações com a Europa, vão longe os tempos em que pedia aos seus pares do PP europeu e aos amigos da direita na Comissão e no Eurogrupo que apertassem o gasganete ao país, Agora telefona ao presidente da Comissão e manda a líder B escrever ao comissário, intercedendo para que os responsáveis europeus se condoessem e que perdoassem ao país, que não tem culpa dos disparates do Costa.
Como é sabido o défice até ficou nos três pontos percentuais e se chegou quase aos cinco a culpa não foi de nenhum governo, foi do BANIF e, como é sabido, o BANIF não é culpa de ninguém, é uma culpa nacional pela qual deve ser o país a expiar, a Madame B, o plano alternativo de Passos para o caso de correrem com ele, nada teve a ver com o banco.
O ambiente de bondade deve ter resultado da comemoração do 13 de Maio e, como é sabido, a direita portuguesa e, em particular, o traste de Massamá são muito temente a Deus. Aliás, não se compreende porque é que além de defenderem o financiamento da Igreja através dos colégios de freiras, não se lembraram de sugerir que o parlamento se reunisse em Fátima, no intervalo das procissões, aproveitando o novo altar.
Com o cardeal a meter-se na política como se lhe coubesse orientar o seu rebanho e o Presidente a não falhar as procissões, ninguém, estranharia a opção, até porque depois de ter ido aos Açores até o Costa já deve ter deixado de comer criancinhas. Enfim, temos de reconhecer a bondade cristã e que o facto de tudo ter se sabido numa sexta-feira 13, não impede recordar que foi no dia das aparições que destes dois pastorinhos, o Passos e a Luís, apareceram a rezar ao deus de Bruxelas para que protegesse o país, anunciando que um dia destes nos livraremos do golpe comunista. Deus te pague.