sexta-feira, maio 27, 2016

O que é ser da extrema-direita hoje, em Portugal?

No passado faziam-se grandes debates sobre o que era ser fascista e, mais recentemente, um conhecido apresentador de televisão conseguiu mais uns minutos de fama provocando a esquerda dizendo que fascismo e comunismo seriam farinha do mesmo saco.

Para baralhar o problema há designações para todos os gostos, extrema-direita, neo-nazismo, fascismo, etc. Mesmo entre os regimes associados ao fascismo no século XX podemos distinguir modelos muito diferentes. Esta confusão ideológica à direita não se fica por aqui, Passos Coelho é o líder do PSD eu mais se afastou dos valores da social-democracia mas é o que mais usa a designação de social-democrata para disfarçar as suas ideias e projectos. Provavelmente o líder do PSD seja o melhor argumento para o tal apresentador de televisão.

Excepto alguns herdeiros do fascismo italiano ou de Primo de Rivera da Falange em Espanha, hoje são poucos os que se dizem fascistas. Aliás, os movimentos da extrema direita europeia escondem-se atrás das mais variadas designações. São poucos os movimentos de extrema-direita legalizados na Europa assume como objectivo o fim da democracia e as suas bandeiras mudam de país para país.
  
Nalguns países a principal bandeira é a xenofobia, noutros identificam-se pela homofobia, em cada país usam a bandeira que lhes dá mais votos, afirmando-se sempre democratas. 

Em Portugal costuma falar-se de populismo como sinal de ideias extremistas, mas sucede que Passos Coelho, Montenegro ou o Morgado têm processos políticos mais próximos do que será uma extrema direita do que os nossos populistas. Foi Passos Coelho e a sua equipa que retiraram direitos, aumentaram horários de trabalho e tentaram reformatar o modelo social sem que tivessem pedido um mandato aos portugueses.

Apesar da sua predilecção por leituras do salazarismo Passos Coelho não em um discurso típico do fascismo, aliás, o próprio Salazar não tinha um discurso qe se assemelhasse ao de Mussolini ou de Primo de Rivera. Mas culpar grupos profissionais como os funcionários públicos ou os reformados de todos os males do país tem muito pouco de democrata e rigorosamente nada de social-democrata.

A política de Passos Coelho foi assumida como de excepção, não foi colocada a sufrágio e em vez disso os portugueses foram enganados com o apoio e chantagem de técnicos de uma troika cujos valores democráticos são muito duvidosos. Foi uma política que ase apoiou na mentira, na divisão dos portugueses e nalguns casos fez lembrar outros tempos, como quando sugeriram a emigração, disseram que o desemprego era uma nova oportunidade ou designaram os despedimentos no Estado por requalificação.

Em vez de se debater quais as origens das ideologias na primeira metade do século XX seria interessante tentar perceber o que é ser de extrema-direita em Portugal nestes últimos anos.