quinta-feira, maio 05, 2016

Os Diabos Laranjas, a claque da austeridade

Durante anos a direita respondia aos comentários da esquerda relativos a indicadores económicos menos simpáticos sugerindo que se desejava mal ao país. Agora houve uma grande evolução, temos um candidato a primeiro-ministro sem estratégia e sem programa porque apenas quer ser poder num cenário de desgraça financeira. Junta-se o mau ao desagradável, Passos Coelho sabe que só volta ao poder com o argumento da desgraça, da mesma forma que sabe também que a sua política neo-salazarista só é viável numa situação de crise extrema.
  
A direita não quer nem menos austeridade, nem uma austeridade assente em medidas diferentes, quer a mesma austeridade que adoptou, isto é, concentrada em dois grupos, funcionários públicos, pensionistas e pores. O programa da esquerda difere muito pouco daquele que resultaria se o governo tivesse aceite um governo para preparar eleições antecipadas, uma boa parte das medidas adoptadas faziam parte das famosas 25 medidas facilitadores propostas pelo PSD ao PS para que este partido viabilizasse o governo da direita. Aliás, uma boa parte das medidas adoptadas estavam previstas nas promessas do PSD. Pior ainda, do ponto de vista das contas públicas 2015 teve muito provavelmente menos austeridade do que 2015, pelo menos no terceiro trimestres.
  
Abrimos a edição online do Observador e a notícia recorrente é quase sempre a mesma, a notação da agência de notação DBRS. Durante quatro anos ninguém ouviu falar desta agênia, mas agora que uma notação negativa poderia conduzir o país a um segundo resgate os jornalistas do Observador não deixam os quadros da agência descansados. 

Quando não e a DBRS é o Financial Times que publica um qualquer artigo e se nada se publica no jornal do pessoal dos papers de Bruxelas de Frankfurt, há sempre um economista-chefe de uma qualquer banco alemão a prever a desgraça para Portugal. Atrás dos ideólogos colunistas do Observador assistimos a uma verdadeira claque da austeridade, uma verdadeira claque dos Diabos laranja que berram em uníssono clamando por desgraça, na esperança de uma bancarrota que lhes devolva o poder.

Esta gente ainda não percebeu que o tempo mudou, o BCE já intervêm no mercado contra a vontade de gente como Passos Coelho, a senhora Merkel tem mais com que se preocupar, a Grécia tem problemas bem maiores do que o défice orçamental e em Portugal há um novo presidente. Nem Passos, nem os seus Diabos Laranjas aprecem ter percebido que mesmo com um regresso ao poder em circunstâncias excepcionais não terão as facilidades que tiveram com Cavaco Silva.