domingo, maio 01, 2016

Umas no cravo e outras na ferradura



  
 Jumento do dia
    
Passos Coelho, líder do PSD em câmara ardente

Passos Coelho interrompeu por breves instantes a sua estadia na câmara ardente em que tem estado desde o congresso da "social-democracia sempre" para dizer que não há consensos nesta fase que ele designa por "fase da miopia". Passos Coelho tem todas a razão não vaio haver qualquer consenso nem nesta fase nem em qualquer outra enquanto o líder do PSD for alguém que todos os dias reza para que o país se afunde, de forma a que ele possa reaparecer como o salvador.

«O líder do PSD, Pedro Passos Coelho, admitiu, em entrevista ao semanário Sol, ser muito difícil concretizar consensos com o PS, enquanto existir a "fase da miopia" e a "negação da realidade".

"Enquanto não ultrapassarmos esta fase da miopia, enquanto existir do lado da maioria uma negação da realidade, é muito difícil concretizar consensos sobre as principais reformas que o país precisa fazer", afirmou Pedro Passos Coelho na entrevista.

Segundo Pedro Passos Coelho, existe um "problema sério no sistema providencial de pensões" e o "Governo faz de conta" que a situação não existe e "vai empurrando esta realidade lá para a frente", o que agravará o défice e a dívida e vai pôr ainda "mais em causa o pagamento das pensões".» [DN]

 As offshores e as carnes vermelhas

Quando a Organização Mundial de Saúde divulgou um relatório que associava o consumo de algumas carnes à maior incidência de determinados cancros formou-se uma verdadeira vaga em defesa do bom presunto nacional, do nosso chouricinho fumado e das muitas iguarias que dão lucro aos sectores das carnes de suíno e de bovino. Em poucos dias os defensores das carnes vermelhas eram os portugueses defensores da nossa boa alimentação mediterrânica enquanto os que se preocupam com a saúde eram os fundamentalistas.

Comk as offshores sucedeu o mesmo, são tantos os que têm aparecido a defender a legalidade de muitas operações em offshores que os que t~em o dinheiro depositado nos bancos nacionais

      
 Para a nossa direita radical o Papa é do MRPP
   
«Peço desculpa ao Papa por usar o seu Santo nome em vão. Peço desculpa ao MRPP ao chamá-lo para estas coisas entre a santidade e asneira. Mas é muito interessante ver aquilo que são os bas-fonds da nossa direita radical, entre comentários, blogues e twitter. Não, não estou a falar do PNR, estou a falar de apoiantes do PSD e do CDS, do extinto PAF, muitos “jotas”, mas também gente adulta que enfileirou nos últimos cinco anos do “ajustamento”, vindas de alguns think tanks e amadores da manipulação comunicacional que se formaram nestes anos. São também alguns colunistas no Observador, no Sol, no extinto Diário Económico e nos sites que estes jornais patrocinam com colaboração gratuita para formar uma rede de opinião que funciona para pressionar os órgãos de comunicação que, muitas vezes, de forma muito irresponsável, a ampliam em “informação” como oriunda das “redes sociais”. Não são um grupo muito numeroso, mas escrevem todos os dias e em quantidade, parecem estar de patrulha nas caixas de comentários e no twitter e são muito agressivos. Não se coíbem em usar citações falsas ou manipuladas, boatos, calúnias e insultos (Costa é o “monhé” e o “chamuça”, por exemplo). É na vida política portuguesa um fenómeno novo e não adianta dizer que o mesmo existe à esquerda, porque não é verdade.

Não estou a falar de um obscuro subproduto das proclamações mais comedidas de partidos como o PSD (embora raras) ou do CDS, mas de uma realidade mais profunda e espelhar visto que o tom e o mote são dados por colunistas e “pensadores” de direita mais elaborados. Para eles, Portugal é socialista desde o 25 de Abril, com excepção dos anos do governo Passos-Portas, e é governado por uma “oligarquia” de políticos e sindicatos ao serviço do tamanho do estado, como garantia dos seus proventos. Este conceito de oligarquia é interessante porque inclui os funcionários públicos, o aparelho sindical, todos os que fazem greve em empresas públicas, e todos os políticos que são apresentados como o braço armado dessa oligarquia. A oligarquia muito curiosamente não inclui os grandes empresários, os homens da finança, os lóbis junto do poder político, como os escritórios de advogados de negócios, e os donos dos offshores. Bagão Félix faz parte da oligarquia, junto com Carvalho da Silva, Boaventura Sousa Santos, e Ana Avoila, mas Eduardo Catroga, Carrapatoso, Ferraz da Costa, Bruno Bobone e Paulo Portas não.

O PCP é o Diabo, e o seu anticomunismo é o da Guerra Fria em versão salazarista, embora sejam muito amáveis com Putin (como Trump, aliás), com os chineses e com subprodutos do comunismo de partido único como o MPLA. Gastam do Partido Comunista Chinês, dono da EDP e da REN e de muito mais coisas, e não gostam do PCP. O BE, para eles, é hoje quem governa Portugal junto com os comunistas e são uma “raparigada” esganiçada. O PS tornou-se um partido da esquerda radical e tudo o que não alinhe com o “ajustamento” e a sua ideologia, são perigosos esquerdistas e socialistas. Depois de mim, e de Manuela Ferreira Leite, soma-se agora, no PSD, José Eduardo Martins que, como todos sabem, é um perigoso esquerdista. São todos também “socratistas”. A julgar por aquilo que eles consideram esquerdista, radical, comunista, o nosso bom Papa Francisco é do MRPP. Pior ainda, está muito à esquerda do MRPP.

Por que razão os nomes dos que usam ou fazem offshores em Portugal não me surpreende…

… Nada. Quando surgiram as notícias dos “papéis do Panamá” eu fiz uma lista mental, que aliás enunciei a alguns amigos. Até agora está lá quase tudo, mas ainda faltam alguns. Não é preciso ter qualquer dote especial de adivinhação, basta saber que tipo de pessoas com dinheiro em Portugal “estão sempre em todas”. E a barragem de gente, advogados em particular, que encheu os ecrãs de televisão para nos explicar que os offshores e ter dinheiro em offshores é legal, o que faz, e sabem o que fazem, é protege-los. Mas não estão sozinhos, a comunicação social que adoptou o “economês” como linguagem (aquilo a que Teodora Cardoso chama “racionalidade económica”), que é capaz de se exaltar com mil e uma coisas pequenas, acaba por mostrar uma especial “neutralidade” no tratamento dos offshores. À quinta notícia, separada cirurgicamente de uma semana, o efeito é o da mirtridificação, ou seja, o veneno já não faz efeito, porque já estamos habituados. Nenhum dos grandes dos offshores, aqueles que não se lembram de os ter feito, como se fosse uma coisa trivial, vai perder um tostão daquilo que perderiam se tivessem que pagar impostos devidos. E todos os que gravitam no mundo empresarial-comunicacional-político, e são vários, vão continuar a ter todas as tribunas que tinham como se nada acontecesse, sem sequer haver quem lhes pergunte, com as perguntas tipo HardTalk da BBC, sobre o que fizeram. É por isso, que nada vai ser feito sobre os offshores e é por isso que há muita injustiça inscrita em sociedades como a nossa.» [Público]
   
Autor:

Pacheco Pereira.

      
 Há sempre quem queira ganhar dinheiro fácil
   
«Ana Mafalda Prazeres, de 57 anos e consultora do Banco Best, é suspeita de ter montado um esquema em pirâmide que passava por angariar clientes para aplicações financeiras que dizia serem seguras e com a promessa de juros elevados — chegava a prometer juros de 10% ao mês —, mas que eram pagos com o dinheiro de outros clientes. O esquema terá vingado durante anos, mas colapsou nos últimos meses quando vários clientes quiseram resgatar o dinheiro investido e não conseguiram fazê-lo.

A ex-bancária estava desaparecida desde o início deste mês e era procurada desde essa altura pela PJ de Lisboa, a quem chegaram várias queixas de clientes lesados. Para já, há pelo menos 20 vítimas identificadas.

Ana Mafalda Prazeres, que será presente ainda neste sábado ao juiz do Tribunal Central de Instrução Criminal, é suspeita dos crimes de abuso de confiança, burla qualificada e falsificação de documentos. O Correio da Manhã avançou nas últimas semanas que entre os lesados há grandes empresários da construção e da hotelaria e pequenos clientes, que terão perdido tudo.» [Público]
   
Parecer:

Os que receberam 10% de juros por mês terão mesmo sido enganados? Depois de tudo o que já sucedeu em Portugal tenho muitas dúvidas de que empresários possam dizer que foram enganados, jogaram sabendo que ia haver perdedores e acabaram por perder, foram vítimas do seu próprio oportunismo.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»