quarta-feira, maio 04, 2016

O modelo económico suicida

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Durante quatro anos a direita fez tudo para promover a precarização dos vínculos laborais, estimulou a emigração dos jovens mais qualificados, chamou empregos a estágios pagos por verbas da segurança social, aumentou horários de trabalho, promoveu a desvalorização do trabalho em favor do capital, adotou medidas com vista à desvalorização fiscal do custo do trabalho. 

Agora a Assunção Cristas mais uma vez deve ter encontrado inspiração em Jesus Cristo e vem com muitas medidas a promover a natalidade, saca dos seus filhos para os exibir no congresso do CDS, abandona a procissão do Santo Cristo à pressa por ser Dia da Mãe e arama-se numa espécie de Joana D’Arc da procriação. Para compensar as medidas que visaram criar um modelo económico e social mais próximo da escravatura propõe umas quantas medidas da treta para promover a natalidade.

Imagine-se um jovem licenciado e procure emprego no site do IEFP. Suponha que é um jovem arquitecto, hoje é o seu dia de sorte, pode mudar-se para Alcobaça onde ganhará 700€ brutos menos do ganha uma empregada doméstica. Se for economista e não tiver mais habilitações do que o doutoramento pode ir um pouco mais longe, para Miranda do Corvo, onde podrá ganhar 889€ (quase 900!) euros brutos o que depois de pagos os impostos deve dar aí uns 600€ convertíveis em bifes ou, mais provavelmente, em entremeada de porco.
  
Não se sinta infeliz com estas ofertas de emprego, infeliz deverás sentir-se o advogado com pelo menos dois anos de experiência, com carta de ligeiros que trabalhando 5 horas diárias em Braga poderá levar para casa 471 € brutos! Isto é, descontadas as deslocações e a quota da Ordem dos Advogados talvez ainda ganhe para comprar uma gravata do Pingo Doce para se apresentar com ar de advogado.

Como é que se pode ter filhos em Portugal se com ordenados destes só é possível ir fazê-los para debaixo de uma ponte? Pensar que se aumenta a natalidade com o Dia dos Irmãos, um  imposto especial sobre preservativos, uma gorjeta no abono de família ou uns quantos dias de férias antes ou depois do nascimento do próximo escravo com nacionalidade portuguesa é brincar com os portugueses. 
  
Cortar 20 a 30% do rendimento, promover os idosos a parasitas, convidar os jovens a fugir de um país de sacanas e depois virem com brindes para quem fizer filhos é ridículo. Só falta criarem o e-filhos e sortearem semanalmente e em directo na RTP um carrinho de Bebés para as grávidas que mandaram a ecografia provando a gravidez para uma qualquer base de dados do Estado!