Com um país encostado ao fundo do tacho eis que somos surpreendidos pela decisão de um tribunal em relação à pensão exigida por Manuel Pinho. Depois de muitos anos de bons serviços a Ricardo Salgado o ex-administrador do BES veio exigir ao Novo Banco, isto e, aos contribuintes portugueses, que lhe pagassem mais de 7 milhões de euros não se sabe muito bem a título de quê, mais 21500 euros mensais a título de pensão vitalícia, concedida a partir dos 55 anos.
Há aqui qualquer coisa de pornográfico, á alguns anos atrás todos ficaríamos embasbacados e a roer-nos de ciúmes, mas depois do que fizeram aos trabalhadores e pensionistas portuguesas em consequência de uma crise económicas e financeira em larga medida provocada pelas políticas de credito da anca privada, em vez de admiração o sentimento que surge é de revolta.
De revolta e de gozo, pois, a prova apresentada por Manuel Pinho foi uma carta assinada por Ricardo Salgado onde o ex-banqueiro assegurava que era isso que pretendia dar a Manuel Pinho. Como as cartas de Ricardo Salgado são tão genuínas e valem tanto como as famosas notas de 500 escudos do Alves dos Reis, vou pedir ao Ricardo Salgado que escreva uma carta confirmando que me ia dar uns milhões, vou emoldura-la e juntar a uma da notas do Biafra que o regime português mandou imprimir aquando da guerra naquele território da Nigéria.
Não deixaria de ter uma certa graça se o tribunal aceitasse como verdadeira uma declaração de quem no passado recente teve de rectificar por várias vezes a sua declaração de IRS, porque o declarado não correspondia à verdade. E ainda mais raça teria se num momento em que ninguém sae com que idade poderá vir a reformar-se o Manuel Pinho tivesse direito a uma generosa pensão de reforma a partir dos 55 anos.
Este caso mostra a miséria moral em que o país se enterrou e se não fosse triste seria quase uma anedota. Uma anedota pela lata do ex-administrador do BES, pelo ridículo de se apresentar como prova uma carta do Ricardo Salgado e por um país onde se vive miseravelmente ter de criar riqueza PARA ALIMENTAR O Manuel Pinho como se alimenta um burro a pão-de-ló.
Enfim, se comentar como os putos direi temos pena, mas prefiro parafrasear e falecido almirante Pinheiro de Azevedo e concordar com o tribunal mandando a personagem à bardamerda.