Oferecer prendas aos governantes é um velho hábito de um país onde a regra é o tráfico de influências, qualquer governante ou director-geral que se preze recebe mais em prendas num Natal do que a maioria dos portugueses ganham durante um ano, mesmo se considerar a consequências das pinochetadas orçamentais do Gasparoika. São muitos milhares de euros que a lei não obriga a declarar e por isso são livres de impostos e o mais grave é que são pagas em boa parte com os impostos dos portugueses pois os seus custos são devidamente deduzidos dos impostos a pagar pelas generosas empresas.
O Jumento também quer cair nas graças dos nossos governantes e altas individualidades da manjedoura orçamental e não se esqueceu de os brindar com algumas prendas:
Vítor Gaspar: quando o incansável extremista chegou a ministro os jornais davam conta de que o homem trabalhava que se fartava, começava às sete da manhã e só parava quando o sol se punha. Mas parece que os portugueses não apreciaram os seus valores ruralistas, talvez porque são uns gandulos com a mania de gastarem acima das possibilidades, e na sondagem do Expresso deram-lhe uma nota pouco compatível com a sua ambição de devolver Passos Coelho a Massamá. Para recuperar começou a trabalhar ainda mais, agora pega às cinco da manhã e larga à mesma hora. Se os portugueses continuarem a não lhe reconhecer as qualidades o homem ainda vai começar a trabalhar mais cedo pelo que bem precisa de um despertador novo.
Passos Coelho: o primeiro-ministro é o exemplo do português pouco dado ao trabalho e que vive acima das suas possibilidades, acabou um curso da treta quase aos quarenta e foi nessa altura que começou a trabalhar, já ia num segundo casamento e com filhos criados. É por isso que o primeiro-ministro não leva qualquer prenda, não só não merece como deve dar um exemplo de empobrecimento.
Paulo Macedo: este irmão exemplar espalha a palavra de Deus enquanto trabalha cumprindo assim as suas obrigações religiosas. O problema é que tem cometido alguns pecados, um bom exemplo disso foi ter recuado na eliminação das comparticipações nas pílulas, pecado agravado pelo da mentira pois ainda por cima veio dizer que nunca tinha decidido tal coisa. Para que possa libertar a sua alma do peso dos seus pecados vamos oferecer-lhe um chicote adquirido numa sex-shop , deverá ser útil no momento de se auto-flagelar para reforçar as suas orações e melhor espiar os seus pecados.
Miguel Relvas: a este político que parece resultar do cruzamento de um anúncio do Pitralon com um músico pimba vamos oferecer uma colectânea de CDs do Quim Barreiros, incluindo o disco do Saul com "O bacalhau quer alhos".
Paula Teixeira da Cruz: à ministra da Justiça vamos oferecer uma palmatória para que cada vez que Marinho Pinto faça xixi fora do penico o chame ao seu gabinete para com a ajuda da família lhe dar as merecidas palmatoadas. Enquanto o bastonário se portar bem pode experimentar as virtudes pedagógicas da palmatória no pessoal da justiça, a começar pelos advogados oficiosos.
Mota Soares: com a passagem da Lambreta ao Audi o ministro da caridade arrisca-se a ter de mudar de nome e em vez de Mota passa a chamar-se Popó ou mesmo Audi, Audi Soares. Mas é uma pena que o Sócrates só tenha comprado carros Audi, se tivesse comprado Ferraris o homem não só ficava com um nome mais charmoso para as freirinhas italianas, Ferrari Soares, como teria que fazer um sacrifício ainda maior, algo que fica bem a um cristão exemplar. Vamos oferecer-lhe um Ferrari, não dá para conduzir mas sempre lhe lembra que um cristão deve ser dado a sacrifícios.
Paulo Portas: desde que chegou a ministro Paulo Portas aparece menos no ministério do que uma hospedeira da TAP aparece na casa do namorado, raramente se vê e sempre que o ambiente aquece parece que o Portas desaparece. É por isso que vamos dar-lhe uma bandeirinha como as que usam os generais, sempre que o Porta está em Portugal os edifícios públicos passam a hastear a bandeirinha do Paulo Portas para sabermos que ele está cá, nem que seja agarrado aos binóculos no cabo da Roca a vigiar as nossas águas em busca da traineira do aborto ou de algum submarino.
Assunção Cristas: talvez porque o tempo tem estado ameno a ministra se tenha esquecido de seguir o exemplo da tropa e não decretou a mudança de fardamento para a versão de Inverno, se no verão se poupava com o ar condicionado, no Inverno os funcionários do ministério poderão poupar no aquecimento. Mas a ministra pode muito bem ser como a Cátia da Casa dos Segredos e não saber muito bem as estações do ano, para que possa gerir melhor o fardamento dos funcionários vamos oferecer-lhe um Borda d'Agua, de caminho ainda pode aprender algumas coisas de agricultura que não costumam aparecer nos livros de receitas.
Crato: o ministro Cratino está a destruir o ensino a bom ritmo, mas pode ir mais depressa se conseguir ver-se livre dos professores, os que estão desempregados e os que insistem em ensinar os alunos para além da terceira classe antiga. Vamos oferecer-lhe uma picareta porque assim já pode correr com os professores de forma mais eficaz. Da mesma forma que para mudar um penso basta um enfermeiro, para ensinar a tabuada e as estações da CP não são necessários professores, eles que emigrem, estão a mais em Portugal e nem valem o combustível de uma câmara de gás.