Foto Jumento
Voando sobre um mar de calçada, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento
Barco [A. Cabral]
Jumento do dia
Pedro Passos Coelho
Certamente a pensar nos grandes matemáticos com que aprendeu aritmética na Universidade Lusíada e influenciado pelo que tem aprendido de política económica com o Gaspar o primeiro-ministro acabou de inventar um novo conceito em aritmética, o "mínimo denominador comum". Isto é, em 27 o acordo da Cimeira chegou a um máximo de opiniões comuns e a este máximo o chefe da família dos Batanetes designa por "mínimo denominador comum".
Bem, Harvard que se cuide, o próximo Nobel da economia vai para Massamá, para o zero à esquerda em matemática que descobriu a existência de um mínimo denominador comum que é um!
PS: Será que o matemático que tem por tarefa da implosão do ensino para que multipliquem os Passos Coelho já lhe terá telefonado a ensinar-lhe os conceitos básicos da aritmética, designadamente as operações aritméticas com fracções. Esperemos que na próxima cimeira o homem de Massamá já saiba que existem os máximos denominadores comuns e o mínimo múltiplo comum.
Se o doutor em matemáticas não estiver com paciência para aturar os alunos da Lusíada, o que se compreende, sugere-se a Passos Coelho a consulta da Wiki, a coisa está bem explicadinha.
Bem, Harvard que se cuide, o próximo Nobel da economia vai para Massamá, para o zero à esquerda em matemática que descobriu a existência de um mínimo denominador comum que é um!
PS: Será que o matemático que tem por tarefa da implosão do ensino para que multipliquem os Passos Coelho já lhe terá telefonado a ensinar-lhe os conceitos básicos da aritmética, designadamente as operações aritméticas com fracções. Esperemos que na próxima cimeira o homem de Massamá já saiba que existem os máximos denominadores comuns e o mínimo múltiplo comum.
Se o doutor em matemáticas não estiver com paciência para aturar os alunos da Lusíada, o que se compreende, sugere-se a Passos Coelho a consulta da Wiki, a coisa está bem explicadinha.
«O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, afirmou hoje em Bruxelas que "só o tempo dirá" se o "mínimo denominador comum" acordado na cimeira de líderes europeus será suficiente para recolocar os países da zona euro numa trajetória de crescimento.» [Expresso]
A crise segue dentro de momentos
A direita europeia decidiu institucionalizar a solução brutal adoptada para Portugal e Grécia mesmo percebendo que os mercados não acreditam nestas soluções como se percebe pela evolução das taxas de juro. O que a direita europeia decidiu foi que a resposta à crise é a recessão.
É evidente que a crise segue dentro de momentos, os mercados sabem que podem continuara a ganhar fortunas imensas com juros altos aplicados à dívida soberana de uma zona Euro incapaz de deixar de ser refém desses mesmos mercados.
Qual não é o espanto
«Na terça-feira, o ministro da Administração Interna, Miguel Macedo, admitiu na TVI a presença de polícias à paisana na manifestação de 24 de Novembro, acrescentando: "Está previsto na lei, não sei qual é o espanto." Ao entrevistador, é pena, não ocorreu perguntar qual lei.
De facto, o Estatuto do Pessoal da PSP prevê a possibilidade de este ser "temporariamente dispensado da identificação", quando "na formalização de acções policiais determinadas pela autoridade judiciária competente" e quando para isso autorizado pelo director nacional. Esta dispensa, porém, tem a ressalva de que "quando não uniformizado em acções públicas o pessoal policial [se identifique] através de quaisquer meios que revelem inequivocamente a sua qualidade". E o ministro confirmou na entrevista o que é de mero bom senso: qualquer agente da PSP à paisana tem de se identificar se tal lhe for exigido - por qualquer cidadão.
Ora, vendo agentes à paisana a espancar uma pessoa com bastões, a deputada Ana Drago solicitou-lhes a identificação - sem sucesso. O ministro escusou-se a comentar isso, mas frisou que "à paisana" não é o mesmo que "infiltrado" ou "encoberto" e recusou o epíteto de "agentes provocadores" por estar "à margem da lei". É certo: a lei portuguesa não admite agentes provocadores. E só a Polícia Judiciária pode, nos termos do "Regime jurídico das acções encobertas para fins de prevenção e investigação criminal", infiltrar agentes, e apenas na investigação de crimes graves.
Sendo a PSP, como a GNR, a um tempo polícia de segurança e de investigação criminal, pode usar agentes à paisana na investigação criminal. Precisamente a natureza, explicou a PSP, dos paisanos na manif. Mas que tipo de investigação criminal se fará em manifestações? Será assim tão óbvio que o exercício de um direito fundamental implica cometimento de crimes, e que a polícia fardada, especialmente treinada para essas situações, não chega para manter a ordem? Ou a ideia seria, como há quem assegure, colocar ali observadores, para "identificar" eventuais "movimentos perigosos"? É que, azar, por aí também não dá: quem tem legalmente a competência de produzir informação especulativa são os serviços de informação, e só eles.
Resumindo: nada do que Macedo e a PSP disseram nestas duas semanas contribuiu para espantar o espanto. Continuamos sem saber o que estavam agentes descaracterizados a fazer na manif, com que esteio legal e instruções e se o ministro - o Governo, portanto - tinha disso conhecimento ou deu ordens nesse sentido. E continuamos sem explicação para o facto de alguns terem sido (a PSP admite-o) agredidos pelos colegas fardados. É que ou não estavam a fazer mal nenhum e então a polícia de choque bate a eito (é suposto?) ou apanharam com motivo (desde logo, que faziam na primeira linha da manif?). Espantoso, mesmo, é que tão pouca gente se espante com tudo isto.» [DN]
De facto, o Estatuto do Pessoal da PSP prevê a possibilidade de este ser "temporariamente dispensado da identificação", quando "na formalização de acções policiais determinadas pela autoridade judiciária competente" e quando para isso autorizado pelo director nacional. Esta dispensa, porém, tem a ressalva de que "quando não uniformizado em acções públicas o pessoal policial [se identifique] através de quaisquer meios que revelem inequivocamente a sua qualidade". E o ministro confirmou na entrevista o que é de mero bom senso: qualquer agente da PSP à paisana tem de se identificar se tal lhe for exigido - por qualquer cidadão.
Ora, vendo agentes à paisana a espancar uma pessoa com bastões, a deputada Ana Drago solicitou-lhes a identificação - sem sucesso. O ministro escusou-se a comentar isso, mas frisou que "à paisana" não é o mesmo que "infiltrado" ou "encoberto" e recusou o epíteto de "agentes provocadores" por estar "à margem da lei". É certo: a lei portuguesa não admite agentes provocadores. E só a Polícia Judiciária pode, nos termos do "Regime jurídico das acções encobertas para fins de prevenção e investigação criminal", infiltrar agentes, e apenas na investigação de crimes graves.
Sendo a PSP, como a GNR, a um tempo polícia de segurança e de investigação criminal, pode usar agentes à paisana na investigação criminal. Precisamente a natureza, explicou a PSP, dos paisanos na manif. Mas que tipo de investigação criminal se fará em manifestações? Será assim tão óbvio que o exercício de um direito fundamental implica cometimento de crimes, e que a polícia fardada, especialmente treinada para essas situações, não chega para manter a ordem? Ou a ideia seria, como há quem assegure, colocar ali observadores, para "identificar" eventuais "movimentos perigosos"? É que, azar, por aí também não dá: quem tem legalmente a competência de produzir informação especulativa são os serviços de informação, e só eles.
Resumindo: nada do que Macedo e a PSP disseram nestas duas semanas contribuiu para espantar o espanto. Continuamos sem saber o que estavam agentes descaracterizados a fazer na manif, com que esteio legal e instruções e se o ministro - o Governo, portanto - tinha disso conhecimento ou deu ordens nesse sentido. E continuamos sem explicação para o facto de alguns terem sido (a PSP admite-o) agredidos pelos colegas fardados. É que ou não estavam a fazer mal nenhum e então a polícia de choque bate a eito (é suposto?) ou apanharam com motivo (desde logo, que faziam na primeira linha da manif?). Espantoso, mesmo, é que tão pouca gente se espante com tudo isto.» [DN]
Autor:
Fernanda Câncio.
A união faz a força?
«Nasceu na segunda-feira e já tem nome: chama-se “união”. De seu nome completo, “união orçamental”. Para os amigos, “união de estabilidade”.
O padrinho, dizem, preferia chamar-lhe "compacto orçamental" mas não soava tão bem e, afinal, manda quem pode. Os pais da criança, é claro, confessaram-se radiantes e sorriram para os ‘flashes' das fotografias. Merkel e Sarkozy, simpaticamente, convidaram os amigos para a festa de apresentação. Um bonito gesto. Naturalmente, vieram todos. Ninguém podia faltar a tão feliz ocasião e um convite destes não se recusa. Como sempre acontece, os amigos trataram de encontrar parecenças. Sai ao pai ou sai à mãe? A opinião foi unânime: é a cara chapada da mãe.
Depois surgiram os primeiros desentendimentos. A começar pelo nome próprio do rebento - que, lamentavelmente, não convenceu. Por uma razão simples: porque é impróprio. De facto, chamar "união", ou até "união orçamental", ao que foi proposto no início da semana por Merkel e Sarkozy - em cimeira, aliás, rigorosamente privada e exclusiva - é querer "vender gato por lebre".
Pode ser que, nas actuais circunstâncias, a força político-económica desta lenta "locomotiva" franco-germânica esteja em condições de impor, ao menos aos parceiros do euro, boa parte do seu sistema de "disciplina orçamental reforçada", feito de regras rígidas (de preferência inscritas nos tratados e nas constituições, como se lavradas em pedra), vigilância externa, transferências selectivas de soberania e sanções automáticas. Mas seria uma perigosa ilusão confundir o regresso à rigidez do velho pacto de estabilidade, agora em versão mais musculada, com a instituição dos mecanismos, democraticamente legitimados, de integração política em matéria de governação económica e orçamental que reconhecidamente faltaram, desde o início, na construção do euro - e que tantos têm identificado como uma das suas principais debilidades sistémicas.
Não há como fugir ao problema de fundo: hoje todos reconhecem a natureza sistémica da crise das dívidas soberanas na zona euro mas muitos divergem quanto à identificação concreta da falha sistémica que é necessário corrigir para devolver tranquilidade aos mercados. Manifestamente, para Merkel a chave resume-se à imposição de uma reforçada "disciplina orçamental" - e aí a vemos, imagine-se, a acusar os que defendem alguma das variantes de ‘eurobonds' ou um BCE com funções de "credor de último recurso" de não estarem a "compreender a crise". Como se a sua alternativa - a reafirmação, em tom mais solene, de regras que já existem, acompanhada da criação de um sistema de sanções mais "intimidatório" - pudesse, só por si, fazer a diferença nestes mercados em polvorosa!
Sem dúvida que a responsabilidade orçamental tem sempre de fazer parte da equação. Mas uma mera "disciplina orçamental reforçada" ficará sempre longe de suprir as falhas sistémicas de governação económica na zona euro e fará muito pouco pela confiança. Porque, em bom rigor, não poderá garantir resultados. Só pode assegurar mais austeridade e mais recessão.
Bem sei, há ainda a regra não escrita. Aquela que acena com a contrapartida de um "fechar de olhos" alemão para permitir ao BCE, seja lá em que esquema for, uma maior intervenção de emergência nos mercados, sobretudo em defesa da Espanha e da Itália, não se sabe muito bem até quando e até onde. Bem vistas as coisas, é nessa misteriosa regra não escrita que, em segredo, todos ainda vão depositando alguma esperança, pelo menos como forma de comprar algum tempo de acalmia em plena tempestade. Mas não podia haver melhor reconhecimento de que o problema sistémico da zona euro é outro. E de que melhor seria uma verdadeira união, tão responsável como solidária. Que fizesse toda a força que é preciso, na direcção certa.» [DE]
O padrinho, dizem, preferia chamar-lhe "compacto orçamental" mas não soava tão bem e, afinal, manda quem pode. Os pais da criança, é claro, confessaram-se radiantes e sorriram para os ‘flashes' das fotografias. Merkel e Sarkozy, simpaticamente, convidaram os amigos para a festa de apresentação. Um bonito gesto. Naturalmente, vieram todos. Ninguém podia faltar a tão feliz ocasião e um convite destes não se recusa. Como sempre acontece, os amigos trataram de encontrar parecenças. Sai ao pai ou sai à mãe? A opinião foi unânime: é a cara chapada da mãe.
Depois surgiram os primeiros desentendimentos. A começar pelo nome próprio do rebento - que, lamentavelmente, não convenceu. Por uma razão simples: porque é impróprio. De facto, chamar "união", ou até "união orçamental", ao que foi proposto no início da semana por Merkel e Sarkozy - em cimeira, aliás, rigorosamente privada e exclusiva - é querer "vender gato por lebre".
Pode ser que, nas actuais circunstâncias, a força político-económica desta lenta "locomotiva" franco-germânica esteja em condições de impor, ao menos aos parceiros do euro, boa parte do seu sistema de "disciplina orçamental reforçada", feito de regras rígidas (de preferência inscritas nos tratados e nas constituições, como se lavradas em pedra), vigilância externa, transferências selectivas de soberania e sanções automáticas. Mas seria uma perigosa ilusão confundir o regresso à rigidez do velho pacto de estabilidade, agora em versão mais musculada, com a instituição dos mecanismos, democraticamente legitimados, de integração política em matéria de governação económica e orçamental que reconhecidamente faltaram, desde o início, na construção do euro - e que tantos têm identificado como uma das suas principais debilidades sistémicas.
Não há como fugir ao problema de fundo: hoje todos reconhecem a natureza sistémica da crise das dívidas soberanas na zona euro mas muitos divergem quanto à identificação concreta da falha sistémica que é necessário corrigir para devolver tranquilidade aos mercados. Manifestamente, para Merkel a chave resume-se à imposição de uma reforçada "disciplina orçamental" - e aí a vemos, imagine-se, a acusar os que defendem alguma das variantes de ‘eurobonds' ou um BCE com funções de "credor de último recurso" de não estarem a "compreender a crise". Como se a sua alternativa - a reafirmação, em tom mais solene, de regras que já existem, acompanhada da criação de um sistema de sanções mais "intimidatório" - pudesse, só por si, fazer a diferença nestes mercados em polvorosa!
Sem dúvida que a responsabilidade orçamental tem sempre de fazer parte da equação. Mas uma mera "disciplina orçamental reforçada" ficará sempre longe de suprir as falhas sistémicas de governação económica na zona euro e fará muito pouco pela confiança. Porque, em bom rigor, não poderá garantir resultados. Só pode assegurar mais austeridade e mais recessão.
Bem sei, há ainda a regra não escrita. Aquela que acena com a contrapartida de um "fechar de olhos" alemão para permitir ao BCE, seja lá em que esquema for, uma maior intervenção de emergência nos mercados, sobretudo em defesa da Espanha e da Itália, não se sabe muito bem até quando e até onde. Bem vistas as coisas, é nessa misteriosa regra não escrita que, em segredo, todos ainda vão depositando alguma esperança, pelo menos como forma de comprar algum tempo de acalmia em plena tempestade. Mas não podia haver melhor reconhecimento de que o problema sistémico da zona euro é outro. E de que melhor seria uma verdadeira união, tão responsável como solidária. Que fizesse toda a força que é preciso, na direcção certa.» [DE]
Autor:
Pedro Silva Pereira.
Chover no molhado
«Admitamos que, por um qualquer milagre do Além, a senhora Merkel acorda um dia destes bem-disposta e aceita o que o bom senso há muito sugere: o BCE cria as condições para poder emitir moeda; os títulos de dívida nacionais são substituídos por ‘eurobonds’; e, para evitar a chantagem dos mercados, o mesmo BCE decide comprar todos os títulos que estejam sob pressão.
Provavelmente a calma voltaria. Sendo assim, de que estamos à espera?
Visto o problema do lado dos países endividados, é óbvio que a emissão de ‘eurobonds' cairia como sopa no mel. A análise dos mercados passaria a incidir sobre apenas uma moeda, o euro, e não sobre tantas quantos os países emissores. Mas subsistem dois problemas: primeiro, a taxa de juro média subia, o que a Alemanha sempre rejeitou; depois, alguns países tenderiam a "aliviar" as reformas estruturais, o que não é desejável para ninguém.
Havendo ‘eurobonds' terá de haver um BCE com capacidade para emitir a moeda que for necessária para calar as agências de ‘rating'. Nada que hoje em dia já não se verifique em países como os Estados Unidos, a Inglaterra ou o Canadá. Mas atenção! Isto só faz sentido no curto prazo. Ou estaríamos a arriscar um processo inflacionista idêntico ao que se vive nalguns países africanos, em que é preciso um saco de notas para comprar um pão.
Agora a má notícia. Um processo destes pressupõe solidariedade dos países ricos, que teriam de passar a financiar-se a taxas de juro mais altas. E não é crível que o fizessem sem algum sacrifício dos países beneficiários, o que envolveria contrapartidas como a união fiscal e, por reflexo, alguma perda de soberania interna. A solidariedade paga-se com responsabilidade. Veja-se o caso português: os défices e as dívidas teriam de submeter-se à "ratificação" de um qualquer centro europeu.
É aqui que tudo se complica. Como reagir a esta "intervenção" estrangeira? Deixem-me adivinhar: o PSD e o CDS achariam muito bem; o PCP e o Bloco diriam que nos vendemos aos alemães; e o PS... que diria o PS? Não sei. Mas sei uma coisa bem mais importante: se estas forem as regras e nós as rejeitarmos, resta-nos o regressar ao escudo, em nome da independência nacional. Enfim, talvez a resposta esteja na cimeira que hoje decorre e que, desta vez, poderá ser mesmo decisiva. Receio o pior.
Chove em Lisboa.» [DE]
Provavelmente a calma voltaria. Sendo assim, de que estamos à espera?
Visto o problema do lado dos países endividados, é óbvio que a emissão de ‘eurobonds' cairia como sopa no mel. A análise dos mercados passaria a incidir sobre apenas uma moeda, o euro, e não sobre tantas quantos os países emissores. Mas subsistem dois problemas: primeiro, a taxa de juro média subia, o que a Alemanha sempre rejeitou; depois, alguns países tenderiam a "aliviar" as reformas estruturais, o que não é desejável para ninguém.
Havendo ‘eurobonds' terá de haver um BCE com capacidade para emitir a moeda que for necessária para calar as agências de ‘rating'. Nada que hoje em dia já não se verifique em países como os Estados Unidos, a Inglaterra ou o Canadá. Mas atenção! Isto só faz sentido no curto prazo. Ou estaríamos a arriscar um processo inflacionista idêntico ao que se vive nalguns países africanos, em que é preciso um saco de notas para comprar um pão.
Agora a má notícia. Um processo destes pressupõe solidariedade dos países ricos, que teriam de passar a financiar-se a taxas de juro mais altas. E não é crível que o fizessem sem algum sacrifício dos países beneficiários, o que envolveria contrapartidas como a união fiscal e, por reflexo, alguma perda de soberania interna. A solidariedade paga-se com responsabilidade. Veja-se o caso português: os défices e as dívidas teriam de submeter-se à "ratificação" de um qualquer centro europeu.
É aqui que tudo se complica. Como reagir a esta "intervenção" estrangeira? Deixem-me adivinhar: o PSD e o CDS achariam muito bem; o PCP e o Bloco diriam que nos vendemos aos alemães; e o PS... que diria o PS? Não sei. Mas sei uma coisa bem mais importante: se estas forem as regras e nós as rejeitarmos, resta-nos o regressar ao escudo, em nome da independência nacional. Enfim, talvez a resposta esteja na cimeira que hoje decorre e que, desta vez, poderá ser mesmo decisiva. Receio o pior.
Chove em Lisboa.» [DE]
Autor:
Daniel Amaral.
Médicos manda o Gaspar para aquela coisa que cheira mal
«A partir do dia 2 de Janeiro os médicos não farão uma única hora extraordinária, nem sequer as 12 a que actualmente são obrigados, revelou à Lusa o presidente do Sindicato Independente dos Médicos (SIM).» [DN]
Parecer:
Se todos os funcionários públicos fizerem o mesmo o Gaspar desaparece.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Promova-se uma greve de zelo em todo o Estado e empresas públicas, o Gaspar e os boys que se esforcem e tenham sentido de serviço público.»
Juízes com mão pesada
«Dois dos sete detidos nos protestos ocorridos frente à Assembleia da República no dia da greve geral foram hoje condenados a seis meses de prisão, com pena suspensa por um ano.» [DN]
Parecer:
É lindo ver os magistrados com a mão pesada para aqueles que defenderam os seus interesses. Lindos magistrados e lindos polícias, dão o exemplo de funcionários gasparianos, trabalham que se fartam mesmo maltratados pelo Gaspar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»
Passos Coelo consegue excelentes resultados económicos
«Quebra no consumo e desaceleramento das exportações motivaram contracção de 0,6% do PIB, pior do que o previsto.
Os dados divulgados hoje pelo INE revelaram que o Produto Interno Bruto (PIB) português registou uma quebra de 0,6% entre Julho e Setembro face aos três meses anteriores. A anterior estimativa do INE, divulgada a 14 de Novembro, apontava para um recuo de 0,4% da economia no mesmo período.» [DE]
Os dados divulgados hoje pelo INE revelaram que o Produto Interno Bruto (PIB) português registou uma quebra de 0,6% entre Julho e Setembro face aos três meses anteriores. A anterior estimativa do INE, divulgada a 14 de Novembro, apontava para um recuo de 0,4% da economia no mesmo período.» [DE]
Parecer:
Se o homem queria ser mais troikista do que a troika e defende medidas de austeridade brutais só tem razões para estar contente, esta contracção económica prova que está no bom caminho e que 2012 será o desastre combinado entre ele e o Gaspar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Passos Coelho e ao Gaspar.»
Começou a decadência do BE
«O líder da Ruptura/FER, Gil Garcia, disse hoje que "cerca de 200 bloquistas vão abandonar" o partido e que está convocado um congresso para 10 de Março de 2012 no sentido de formar uma nova força política.» [Jornal de Negócios]
Parecer:
Um dia destes só lá está o primo do Gaspar.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»