quarta-feira, dezembro 21, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Mouraria, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Fim de tarde [A. Cabral]
  
Jumento do dia


Cavaco Silva

Nos tempos de criança quando alguém perguntava "e agora?" a resposta era "agora mija na mão e joga fora!", é o que apetece responder às preocupações de Cavaco Silva com a coesão social e a importância que dá ao diálogo entre o PS. O seu discurso de vitória foi um discurso de ódio e de vingança e enquanto não ajudou a atirar o país para a crise política não descansou. Consumada a derrota de Sócrates as coisas não correram bem e o mesmo Cavaco Silva que ignorou todas as causas da crise esforça-se agora por juntar os cacos que ele próprio ajudou a espalhar.

O ano de 2011 é sem dúvida o ano de Cavaco Silva, é o ano em que um fraco presidente renovou o mandato, mas também será o ano que marcará a carreira de Cavaco Silva como a de um político que ascendeu a cargos que exigiam maior dimensão do que a que tinha.

«O Presidente da República reconhece que está "muito preocupado" com a coesão social e diz estar a fazer tudo para limitar as consequências sociais da crise, insistindo que o diálogo entre PSD e PS "é muito importante".

"A crise requererá muito tempo, devemos romper o círculo vicioso. Temos uma recessão e o desemprego aumenta rapidamente. Ando muito preocupado com a coesão social, com o desemprego entre os jovens, com o perigo da exclusão social dos pobres. A nossa resistência vai ser muito posta à prova em 2012", afirma o chefe de Estado, numa entrevista ao diário económico holandês "Financieele Dagblad" publicada hoje.» [DN]
 
 Richard Branson ainda veio a tempo

 
Se estivesse deixado passar mais uns tempos não teria valido a pena Richard Branson ter vindo a Portugal para ver in loco o que de bom foi feito no domínio do combate à toxicodependência. Na verdade tudo o que foi feito está a ser demolido como se fosse uma barraca ilegal. Gente pequena tomou o poder em Portugal e antes de fazerem obra decidiram destruir tudo o que de bom foi feito por Sócrates ou nos trinta e sete anos de democracia.
 
Mas podem manter abertos os institutos dos turismo para empregar jornalistas inúteis, podem encher o Estado de boys idiotas, podem governar com o único objectivo de destruir o país, mas não impedir que os portugueses e o mundo saiba que nem tudo neste país é o que dizem e muito antes de o conseguirem serão corridos do poder.
 
Quem quiser saber o que por lá fora se diz do país que visite o blogue de Richard Branson.
 
Mas se alguém pensa que isto incomoda o Passos Coelho que se desengane, se lhe pedirem um comentário o mais certo é sugerir que os que fizeram sucesso no combate às drogas emigrem. É a única coisa que Passos Coelho e os outros Batanetes do seu governo tem para dizer a todos os portugueses com qualificações ou que não sejam banqueiros ou patos-bravos, que emigrem, que desempatem a loja porque o país está reservado a canalhas. 

Via CC.

 Kit Emigração (autor desconhecido)


 Os professores não são iletrados

Algumas personagens muito empenhadas nas políticas de Passos Coelho desdobraram-se em desculpabilizar o primeiro-ministro pel disparate da emigração. É o caso, por exemplo, de António Costa, director do "Diário Económico" que desde que parece que a RTP está prometida à Ongoing se desdobra em artigos e editoriais de apoio a Passos Coelho.

Sucede que os professores não são propriamente analfabetos que precisam de conselhos de Passos Coelho ou mesmo do jornalista Ongoing. A verdade é que a maioria dos professores portugueses têm melhores qualificações académicas, possuem mais recursos intelectuais e trabalharam mais anos do que Passos Coelho. A maioria deles é gente melhor informada do que um qualquer namorado das Doce e não precisam dos seus conselhos.
 
Só se aceita o conselho de Passos Coelho no pressuposto de que ele vai fazer ainda pior do que já fez ao país e que Portugal fica inabitável a não ser para empresários esclavagistas e boys.

 Um novo acordo com a troika?

O governo usou hoje a Lusa para divulgar umas pequenas partes de uma revisão do acordo com a troika que não só agravam a austeridade como adoptam medidas de liberalização da legislação laboral. Esta revisão mais parece um ajustar do acordo com a troika aos excessos troikistas de Passos Coelho.
 
É importante saber em que condições foi esta revisão negociada, se obedeceu às mesmas regras com que foi assinado o acordo inicial e todos os partidos envolvidos concordaram com o seu teor, ou se apenas o governo negociou e, muito provavelmente, propôs as novas medidas.

Como este governo é formado por mentirosos que inventam desvios que não existem ou atribuem à troika imposições que esta não fez aquilo que diz à Lusa não é confiável. Assim sendo e para que não se assista a cenas tristes como a da revisão constitucional, seria interessante se José Seguro confirmasse que esta nova versão do acordo com a troika mereceu a sua participação ou concordância ou se foi marginalizado de todo o processo.

 O Azevedo está de parabéns!

Com tantas poupanças, cortes e no meio de um turbulento processo de fusão conseguiu manter uma estrutura que em décadas nunca sofreu qualquer restrição, conseguiu manter todos os serviços centrais da velha DGCI incluindo os inúteis, manteve todas as chefias nos cargos incluindo as reconhecidamente incompetentes e ainda conseguiu aumentar o número de lugares de subdirector-geral acrescentando vários a alguns já desnecessários. Melhor do que isto só mesmo ter um chefe de gabinete equiparado ao chefe de gabinete dos ministros!
 
Conseguir tudo isto num país à beira da ruína, com a troika por perto e sob as barbas do Gasparoika é digno de nota, é mesmo um milagre que justificaria uma missa de acção de graças na Sé de Lisboa, com a presença do cardeal e ainda com o Paulo Macedo fazendo de acólito ajudando à missa.
  
O saque correu bem, até visitaram as instalações do antigo director-geral das Alfândegas mas o Azevedo não quis ficar com elas. Esperemos que quando regressar de férias algum subdirector-geral da DGCI não me tenha ficado com o par de ténis velho que deixei no meu armário.
 
Veremos quanto dura o Azevedo à frente da Autoridade CI, para já pode dar-se por contente pois apesar dos seus fracos resultados à frente da DGCI dão-lhe uma tarefa ainda mais difícil. Digamos que foi salvo por Sócrates, a vontade de culpar Sócrates de todos os males levou a que ninguém se lembrasse de avaliar a prestação do fisco durante a gestão de Azevedo Pereira.
  
 Acabar com os feriados para produzir mais riqueza? 
 
É este o argumento de Frasquilho para apoiar a brilhante ideia do Batanete da Rua da Horta Seca:

«A necessidade de termos que produzir mais riqueza para conseguirmos mais rapidamente pagar o atoleiro de dívidas em que estamos – Estado, famílias e empresas, isto é, toda a sociedade – metidos está na base da anunciada decisão do Governo de reduzir o número de feriados já a partir do próximo ano.»

Só que este raciocínio tem um ponto fraco, o nosso problema não está no facto de produzirmos pouco mas sim de consumirmos mais do que produzimos e o facto de os trabalhadores derem mais meia hora diárias de sangue não impede que os patrões comprem mais um Porshe ou mais um Ferrari à conta dos lucros extraordinários que vão obter.
 
Se a intenção é combater o desequilíbrio externo o raciocínio simplista do Frasquilho conduzir-nos-ia a outra conclusão, em vez de se acabarem com quatro míseros feriados estes deveriam ser mais e encerrar-se-iam as lojas e racionava-se o consumo energético nesses dias. Digamos que é uma ideia à Batanete, se o problema é consumirmos mais do que produzimos a prioridade deve ser deixar de consumir!
      
 

 Sei que não vou por aí

«Abomino o irracionalismo monetarista que tomou conta da Europa, da mesma forma que rejeito todos os fundamentalismos e todas as ideias absolutas, que não admitem nem contraditório nem alternativa.

Rejeito o saber absoluto alardeado por Merkel a troika ou Gaspar, como se não houvesse outro caminho e fossem eles os detentores da verdade. Como se a chanceler alemã não fosse uma das responsáveis pelos extremos a que chegámos e o nosso ministro das Finanças, concordante, onde uma diz mata ele diz esfola, não devesse tentar fazer mais, pelo País, do que o que a troika manda.

Por ignorância ou sobranceria, em qualquer caso demonstrando uma enorme insensibilidade sobre os impactos que as medidas têm na construção europeia e no nosso País: a recessão, o empobrecimento e o desemprego reduzem-se a números perdidos nas estatísticas, a simples taxas que entram nos modelos matemáticos que ditam, neutrais e assépticas, as actuações e os resultados.

Como se as dilações e as demoras verificadas em sucessivos Conselhos Europeus não tivessem precipitado o agravamento da situação europeia agravado, transformando problemas de contabilidade financeira em gravíssimos problemas políticos que põem a União Europeia, um Continente, uma das mais importantes e interessantes construções da Humanidade, à beira do abismo.

Os que assumiram, sem delegação de poderes, o poder de dirigir a Europa, falam muito mas têm feito pouco por ela. Nas suas mentes simples tudo se reduz a um maniqueísmo simples: de um lado estão os bons, os trabalhadores, os poupados, os ascetas, os disciplinados, do outro, os maus, os gastadores, os desorganizados, cigarras inconscientes que devem ser implacavelmente punidos. E nós, tão europeus como eles, coisa que lhes parece uma aberração, mal agradecidos, desconfiamos cada vez mais dos lobos que se escondem por trás do sorriso de cordeiros que exibem nas fotos de família.

De vez em quando concedem-nos o consolo de um elogio – "Portugal está no bom caminho" – que soa a falso, mas não tergiversam nem na ortodoxia nem nos preconceitos; pelo contrário, mandam os seus emissários com ordens para apertarem um pouco mais o círculo onde, impotentes, nos vamos deixando encurralar.

As coisas não são assim porque sim. Nem se resolvem assim porque alguém unilateralmente o decidiu. Há argumentos a esgrimir e razões que têm que ser usadas para explicar como podemos superar a situação em que nos encontramos. Não podemos aceitar a aflição em que nos lançaram, o futuro que nos reduziram, as incertezas que nos provocam, todas as expectativas que nos frustraram, sem um protesto, sem uma indignação, sem uma exigência de explicações e de propostas de solução. Não nos podemos satisfazer com a ideia de nos limitarmos a ser o laboratório, à escala de um país, onde se testam curas devastadoras: o pior ainda está para vir dizem-nos com o paternalismo de quem te avisa teu amigo é...

Queremos um pouco mais: que compreendam os nossos protestos, que ouçam e discutam as nossas propostas, que acertem connosco o passo com que se constrói conjuntamente o futuro.

Como Régio, no seu magistral Cântico Negro, talvez não saiba por onde vou, mas sei que não vou por aí.» [Jornal de Negócios]

Autor:

José Maria Brandão de Brito.
  
 Nós, as "gorduras"
  
«Primeiro foram os jovens desempregados a receber do secretário de Estado da Juventude guia de marcha para fora de Portugal; agora coube a vez aos professores, pela voz do próprio primeiro-ministro.

No caso dos professores, a coisa passa-se assim: o ministro Crato varre-os das escolas; depois, Passos Coelho aponta-lhes a porta de saída do país: emigrem, porque Angola e Brasil "têm uma grande necessidade (...) de mão-de-obra qualificada". Portugal (que é um dos países da Europa com mais baixos níveis de escolarização, segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano de 2011, divulgado no mês passado pelo PNUD) não tem, como se sabe, necessidade de mão-de-obra qualificada.

E, como muito menos tem necessidade de mão-de-obra "desqualificada", ninguém se surpreenda se um dia destes vir o secretário de Estado do Emprego e o novo presidente do Instituto do Emprego e Formação (?) Profissional a mandar embora quem tiver como habilitações só o ensino básico; o ministro da Segurança Social a pôr na rua pensionistas e idosos (para que precisa Portugal de pensionistas e idosos, que apenas dão despesa?); o ministro da Saúde a dizer aos doentes que vão morrer longe, em países sem listas de espera e com taxas moderadoras em conta; o da Defesa a aconselhar os militares a desertar e ir para sítios onde haja guerras; e por aí adiante...

Percebe-se finalmente o que são as tais "gorduras do Estado": são os portugueses.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
     

 Nem todos são palermas

«Comissário europeu mostra-se muito preocupado com emigração de jovens europeus.

O comissário europeu dos assuntos sociais, Laszlo Andor, mostrou-se hoje muito preocupado com a emigração de jovens europeus para outras paragens, nomeando "Brasil, Angola e Moçambique", numa mensagem que parece desenhada para chocar com o apelo à emigração feito pelo primeiro-ministro português, Passos Coelho. Andor não apenas critica a perda de uma "geração inteira" como também recorda o "custo financeiro" que isso acarreta.

"Alguns jovens já estão a sair da Europa para encontrar emprego em países como os EUA, o Canadá, Austrália ou o Brasil, Angola e mesmo Moçambique dependendo da sua língua de origem", lamentou o comissário. "Esta tendência não pode continuar: não apenas arriscamos perder uma geração inteira mas também há um custo financeiro. Há, aliás, um recente estudo europeu concluiu que o fardo dos actuais níveis de desemprego para a sociedade é de cerca de dois mil milhões euros por semana ou um pouco mais de 1% do PIB da UE". E por isso, a comissão de Durão Barroso "apela de forma urgente à acção europeia mas também nacional e local" para travar esta sangria geracional.» [DE ]

Parecer:

Gastar fortunas com o ensino, ter um país subdesenvolvidos e vir um idiota com um curso da treta e sem nunca ter trabalhado na vida sugerir que os professores emigrem é irresponsabilidade a mais para um país europeu. Este Passos Coelho parece ser filho do Nicolae Ceauşescu.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se ao Coelhote que emigre para o mais longe possível de Portugal.»
  
 O Gaspar poupou no farelo

«O Estado terá de poupar com salários e pensões 4,26 mil milhões de euros em 2012, mas perdas nos impostos e contribuições reduziriam a poupança para 2.570 milhões de euros, contando o anterior modelo de cortes nos subsídios.

De acordo com a segunda revisão do memorando de entendimento, o Estado fica obrigado a reduzir em cerca de 3.000 milhões de euros a folha salarial do setor público – com várias medidas, entre as quais o corte nos subsídios e a redução do número de trabalhadores - mas a perda de receitas com impostos e nas contribuições para a Segurança Social levam a que a poupança seja quase metade.

Assim, de acordo com o documento, a poupança líquida nas despesas com pessoal com estas medidas acaba por ser apenas de 1.620 milhões de euros.

O mesmo se aplica à poupança com pensões que, mercê de várias medidas onde também se inclui o corte no subsídio de natal e férias dos pensionistas, a poupança bruta estimada é de 1.260 milhões de euros, mas a poupança líquida, já deduzida das perdas com impostos e contribuições, acaba por ser de 950 milhões de euros.» [i]

Parecer:

Este Gaspar não é tão competente como retende fazer crer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se por 2012.»
  
 Uma boa notícia para o Batanete Gasparoika

«A unidade de análise da revista The Economist, a Economist Intelligence Unit, prevê que a Zona Euro enfrente uma recessão de 1,2% em 2012 e que cresça apenas 0,6% no ano seguinte.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Está tudo a correr como o Gasparoika desejava.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Gasparoika que quando achar que basta de miséria que avise.»
  
 Mais um sina de competência do grande Gasparoika!

«Agora, de acordo com a segunda revisão do memorando de entendimento entre Portugal e o Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu, o aumento dos encargos assumidos e não pagos terão aumentado, o que viola o limite zero estabelecido nas metas quantitativas do acordo com a 'troika'. "Apesar dos nossos esforços, o objectivo contínuo de não acumulação de dívidas domésticas foi violado em Setembro, levando o aumento total para mais de 170 milhões de euros desde o final de agosto e o 'stock' para cerca de 3,2 por cento do PIB", diz o Governo no memorando.
 
O Governo diz ainda no documento que, para evitar a acumulação de dívidas atrasadas, o Orçamento do Estado para 2012 já inclui dotações "adequadas" para o sector da saúde, responsável por cerca de 40 por cento destas dívidas atrasadas.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

O homem é ainda melhor do que o Salazar! E o que dizer do competentíssimo Opus Macedo?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Gasparoika e organize-se uma missa de acção de graças na Sé de Lisboa.»


 Kim Jong Il, 1942-2011 [The Atlantic]