Vale a pena comparar a mensagem de Passos Coelho na passada Páscoa com a mensagem de Natal que transmitiu nestes dias, na primeira era líder da oposição, agora é primeiro-ministro. Na primeira aparecem um Passos Coelho pesaroso, com ar sofredor, preocupado com a saúde dos portugueses e acompanhado de uma esposa que não se percebe se está a rir ou se em homenagem ao esposo tem dentes de coelhinho. Na segunda temos um primeiro-ministro a ler o PowerPoint, muito seguro de si, anunciando reformas e sacrifícios.
Por vezes Passos Coelho dá a entender que se está a divertir com as medidas de austeridade que adopta e que em vez de querer ver ultrapassada a crise prefere antes vê-la agravar-se para poder implementar todas as receitas que o extremista do Gaspar lhe sugeriu e às quais parece ter aderido já depois de ter tomado posse. Na oposição Passos Coelho quase ia às lágrimas por tudo e por nada, tinha um ar sofredor quando se lamentava porque teríamos de pedir ajuda, era contra os excessos do PEC IV, todo ele espelhava sofrimento pelo povo. Agora é o que se vê, gargalhadas parlamentares na companhia do Gaspar, nem o mais pequeno sinal de preocupação com o rasto de miséria que as suas políticas vão deixando e um total desprezo pelo povo.
Se alguém imagina que Passos Coelho deseja a redução do desemprego é porque se está enganando, as consequências orçamentais do aumento do desemprego são compensadas por cortes nos subsídios de desemprego e o que primeiro-ministro mais deseja é que o desemprego aumente. Com esse aumento pressiona o mercado de trabalho a baixar os salários, tem argumentos para impor ao país uma reforma que escondeu quando baixou nas sondagens, poderá mesmo tentar convencer o banana do Tozé a aceitar uma revisão constitucional que elimine os direitos que ainda sobreviveram às suas políticas.
Desengane-se quem pensa que Passos Coelho deseja mesmo o crescimento económico em 2013, isso significaria a falência das suas ideias e dispensaria algumas das reformas que o Gaspar ainda deseja fazer e que só poderão ser implementadas se o povo estiver sob a chantagem da crise económica.
Desengane-se os que pensam que com o corte dos subsídios dos funcionários a dupla Formada pelo extremista Gaspar e pelo ignorante Passos Coelho desistiu de um despedimento em massa de funcionários do Estado ou mesmo de mais cortes salariais no Estado. Todas as políticas implementadas em 2012 têm claramente um duplo objectivo, cortar na despesa À custa da qualidade dos serviços públicos e criar excedentes de pessoal. Isso é mais do que evidente no ministério da Educação em que todas as medidas adoptadas pelo Cratino têm em comum a criação de excedentes de professores e é o próprio primeiro-ministro a desejar que estes abandonem o país. Até na saúde esse opus gestor que o BCP parece ter dispensado já descobriu que há médicos a mais!
Este governo dá a sensação que sente prazer em infligir sofrimento aos portugueses, não demonstra qualquer sensibilidade social e em vez de adoptar medidas que suavizem as consequências sociais da crise parece aproveitar-se para adoptar medidas ainda mais duras. Parece que estamos perante uma orgia colectiva de sadismo com os governantes a divertirem-se com o sofrimento do povo português.