sexta-feira, dezembro 16, 2011

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Grafitti, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


"Este ano não há presépio", Faro [A. Moura]
  
Jumento do dia


Deputados Pedro Nuno Santos (PS) e Nuno Encarnação (PSD)

O deputado Pedro Nuno Santos esqueceu-se de que tinha sido eleito pelo partido que negociou com a troika e teve o seu momento de glória dizendo patetices. Mas tão pateta foi este deputado como foi o deputado Nuno Encarnação que tratou a patetice como se fosse a posição oficial do Tozé que como se sabe está fazendo o papel que Paulo Portas desempenhar no governo, amaciar o extremista Passos Coelho.
  
«"O PS foi pedir dinheiro no início deste ano para salvar este País e passado meses diz que não a querem pagar? Lavam as mãos como Pilatos", acusou o deputado do PSD Nuno Encarnação, numa declaração política no plenário da Assembleia da República.



Recuperando as declarações proferidas no sábado pelo vice-presidente da bancada socialista Pedro Nuno Santos, quando aquele dirigente do PS defendeu que Portugal devia ameaçar deixar de pagar a dívida nacional, Nuno Encarnação reiterou o empenho do Governo em cumprir os compromissos internacionais, apelando a "uma postura responsável da oposição", porque se o País não cumprir "quem treme são os trabalhadores e os pensionistas".» [CM]

 "Natal da Troika" Indo Eu
  
 
 
 «O grupo Indo Eu - Grupo Cultural do Município de Viseu, decidiu fazer uma pequena lembrança musical de Natal, para marcar este 2011, tão repleto de surpresas. Acima de tudo é uma piada, mas com a noção de que algo tem que ser feito para dar rumo ao país. Nós percebemos as medidas, e precisamente por isso tentamos encarar a realidade de uma forma ligeira. E tb porque sabemos que o Governo está sempre ao lado do povo! Mas muuuito ao lado.... LOL FELIZ NATAL! (Mesmo sem subsídio!)»
 
Parece que na autarquia do Ruas não há só rotundas...
  
 Esse Jürgen Adolff é um malandreco

Alguém acredita que um obscuro cônsul tenha ficado com 1,6 milhões de euros por conta do negócio dos submarinos e em Portugal tenham ficado todos a ver passar navios? 
 
Ainda bem que a coisa é abafada desta forma, se com uns trocos foi o que se viu no caso Freeport, imaginem agora o que seria com a suspeita de muitos milhões nos submarinos. A nossa justiça e os magistrados policiais têm direito a um merecido descanso depois de casos como o Freeport e o Face Oculta, um descanso que deverá demorar uma legislatura. A crer naquilo que temos vistos temos justiça ano sim, ano não, trabalham durante uma legislatura e quando o governo muda descansam a legislatura seguinte.
 
«O dois ex-executivos da Ferrostaal e a própria empresa julgados por suborno de funcionário públicos estrangeiros na venda de submarinos a Portugal e à Grécia aceitaram a proposta de conciliação do tribunal, foi hoje anunciado. Ao fazê-lo, admitiram pagar subornos à Grécia e a Portugal, neste caso na pessoa do ex-cônsul honorário em Munique, Jürgen Adolff.

O ex-administrador da Ferrostaal Johann-Friedrich Haun e o ex-procurador Hans-Peter Muehlenbeck terão assim de pagar uma coima de 36 mil euros e 18 mil, respetivamente, e serão condenados a uma pena suspensa que não excederá dois anos, como propôs o juiz do processo, Joachim Eckert, na abertura do julgamento, esta manhã, na capital da Baviera.» [DN]

 Coisa estranha

Acendi a luz e a sala ficou com um estranho cheiro a corrupção.
     
 

 Menos índios chefes mais ricos

«O mundo é tão pequenino como vai ficando a tribo Chukchansi. Não conhecem? Foi capa no New York Times, são índios do vale de San Joaquin, na Califórnia. Na década de 1980, com a consciência pesada, Washington deu licença aos índios para gerirem casinos. Na Califórnia, esses casinos fizeram 7 mil milhões de dólares no ano passado. Os índios, que foram expulsos pelos garimpeiros da Corrida ao Ouro, são submersos, século e meio depois, por jackpots: há tribos que dão cheques mensais de 10 mil euros aos seus, hospitais e escolas grátis. Os chukchansis têm também o seu casino, tudo gerido por um Conselho da Tribo, como nos bons velhos tempos dos bisontes. Mas bem-vindos à ganância que, afinal, não é só dos caras-pálidas: fazendo contas, o Conselho da Tribo percebeu que os lucros são maiores se forem menos os beneficiados. Daí as cartas de "destribalizacão" que muitos índios estão a receber. Mais de 200 chukchansis ficaram a saber que passaram a ser ex-chukchansis. Em dez tribos californianas, todas com casinos, passou-se o mesmo. Uma das vítimas, Nancy Dondero disse ao jornal: "Agora sou uma rapariga branca com dois filhos 'okies'." Na Depressão dos anos 30, 'okies' eram os agricultores miseráveis que deixaram as suas quintas hipotecadas no Oklahoma e vieram para o vale de San Joaquin (conhecemo-los do livro de Steinbeck, As Vinhas da Ira). Interessante a mesma palavra juntar vítimas dos bancos e do Conselho Tribal.» [DN]

Autor:

Ferreira Fernandes.
  
 A máquina da dívida

«Para quem acredite que o euro é um instrumento da União Europeia, um projecto político de paz e prosperidade ao serviço dos Estados e dos cidadãos europeus, a forma como se tem combatido a actual crise tem mostrado que a defesa dos povos não parece estar, infelizmente, no centro do actual desenho da Europa. A maior prova disso reside no Eurosistema (que, na sua configuração actual, reúne o Banco Central Europeu e os 17 bancos centrais dos Estados da Zona Euro). Enquanto, por exemplo, o Banco Central dos EUA (US Federal Reserve) tem múltiplos objectivos, colocando, no mesmo plano, emprego e estabilidade dos preços, não esquecendo a defesa dos interesses dos consumidores, o combate aos riscos sistémicos, e o financiamento do sistema federal, através da compra directa (no mercado primário) dos certificados do Tesouro governamentais, o BCE tem como objectivo primordial assegurar a "estabilidade dos preços" (artigo 127 do TFUE) estando proibido expressamente de qualquer compra de dívida dos Estados no mercado primário (artigo 123 do TFUE). Mais ainda, a independência do BCE permitiu que o Conselho de Governadores (formado pelos bancos centrais nacionais e pelos 6 membros da Comissão Executiva) definisse, discricionariamente, que o objectivo de inflação para a Zona Euro não deve ultrapassar 2% ao ano. No entanto, não pode haver estabilidade de preços sem estabilidade financeira e sem estabilidade orçamental. O Eurosistema poderia comprar directamente as emissões dos Estados, de forma controlada, evitando que estes, totalmente expostos à especulação dos mercados, acumulassem serviços de dívida astronómicos. Poderia, também, ajustar o objectivo da inflação para níveis compatíveis com um crescimento económico, que criasse emprego e fosse ambientalmente sustentável. Em vez de se mudarem as regras do Eurossistema, o Conselho Europeu preferiu condenar milhões de europeus, com baixos rendimentos, a pagar os juros da sua incompetência política. Querem salvar a sua máquina infernal de dívida, mas acabarão por incendiar uma Revolução.» [DN]

Autor:

Viriato Soromenho-Marques.
  
 Sobre a moeda

«Um dia, numa pequena vila Portuguesa, onde os tempos são duros e toda a gente está endividada e deprimida, onde todos vivem já a crédito dos vizinhos compreensivos, chega um turista alemão rico.

Vai ao único Hotel da pequena vila e pergunta o preço do quarto ao dono do Hotel. Ele responde-lhe que são 100 euros por noite. O turista põe sobre o balcão uma nota de 100 euros. O proprietário dá-lhe um molho de chaves, dizendo-lhe que nenhum quarto está ocupado e que ele poderá escolher o que mais lhe agradar. Mal o turista começa a subir as escadas o hoteleiro pega na nota de 100 euros, sai a correr em direcção ao talho vizinho e paga-lhe os 100 euros que lhe deve. O talhante, que deve igual quantia a um criador de porcos, vai imediatamente ter com ele e solve a sua dívida. O criador de porcos corre ao "pub" e paga a sua conta de bar. O "barman" pega na nota e imediatamente a entrega à prostituta que está a seu lado e que lhe fornecia os seus serviços, a crédito, há alguns dias. A senhora corre ao Hotel, que ela usa para fins profissionais e entrega ao hoteleiro os 100 euros para pagar a sua conta. Pouco tempo depois o turista desce as escadas, diz ao hoteleiro que não encontrou nenhum quarto que lhe servisse, recebe a sua nota de 100 euros e vai-se embora.

Interessantemente, ninguém produziu absolutamente nada, ninguém ganhou nada mais do que o que tinha mas, agora, já ninguém está endividado!

É uma história muito simplista mas que mostra bem que a moeda é uma mera intermediária das trocas. É a sombra da Economia, não é a economia produtiva em si. Aquela história mostra também que esta crise, que está a mergulhar a Europa e Portugal na depressão, não é mais que uma crise contabilística.

A moeda que corre, hoje, em todos os países, em si, não tem valor. É apenas confiança nas Instituições e nos Países que a emitem. Se essa confiança se perdesse, poderíamos retroceder a uma situação de troca directa.

É claro que não chegaremos aí. Mas, se o Euro desaparecesse, a Europa perderia soberania e estaria sujeita, sem nada poder fazer, às consequências das políticas monetárias ditadas pelos Países que imprimem as outras moedas de referência internacional.

Falta coragem política para resolver esta situação através de uma acção determinada. Estou convencido que esta crise se vai resolver por ‘write-offs' generalizados, que criarão uma situação inteiramente nova, enorme perplexidade, mas provavelmente será menos contundente que aquilo que se poderia esperar quando se salta para soluções anteriormente não testadas, pelo menos com a amplitude que agora é exigida. Com elevada probabilidade, no fim dos ‘write-offs' tudo estará, de novo, equilibrado. Como na simplista história do Hotel acima referido. Com uma diferença: daí para a frente as entidades que emprestem fa-lo-ão com rigor: serão muito mais exigentes na análise dos projectos para que emprestam dinheiro, verificando bem o potencial das propostas e emprestando apenas depois. E deixarão de ter como único objectivo fazer crescer o crédito concedido a todo o custo, mesmo quando a prudência razoável o desaconselharia. Foi assim no passado mais distante. Será assim no futuro. O paradigma mudou. A ideologia do crescimento contínuo já não é aplicável.» [DE]

Autor:

António Neto da Silva.

 Este país não é para jovens

«Um estudo da CGTP revela que 51% dos jovens trabalhadores com menos de 25 anos recebem um salário inferior a 500 euros, o mesmo acontecendo com 24,5% dos jovens entre os 25 e os 34 anos. Somando a estes números, referentes tão só aos "privilegiados" que têm trabalho, os milhares que se encontram em situação de desemprego ou procuram em vão o primeiro emprego, fácil é concluir que este país não é para jovens.

A minha geração viveu o pesadelo da Guerra Colonial, que semeou entre os jovens milhares de mortos e estropiados e forçou outros tantos à solidão do exílio, enquanto a casta política e económica dominante (parte dela ainda hoje avultando por aí) ia metendo, com a Pátria na boca, os proveitos da colonização ao bolso.

Mas uma comissão de serviço na guerra, parecendo eterna, não durava eternamente, e os sobreviventes regressavam ao fim de dois anos. Regressavam, é certo, a um país cabisbaixo e desapossado, mas onde, apesar de tudo, lhes era possível construir uma vida, se bem que cinzenta ao menos autónoma.

Como sobreviver porém, física e moralmente, à guerra que se abate hoje sobre os jovens, condenados sem fim à vista à precariedade, à humilhação e à desesperança, impedidos de constituir família ou de ter vida própria? E uma boa parte da responsabilidade política por isso é justamente da minha geração, sobretudo daqueles que, logo que puderam, se meteram na cama com o inimigo dos seus 20 anos.» [JN]

Autor:

Manuel António Pina.
   

 O PSD tem medo do Batanete da Rua da Horta Seca

«Os deputados do PSD e do CDS-PP chumbaram esta quinta-feira dois requerimentos do PCP, um para ouvir do ministro da Economia sobre contrapartidas e outro para a audição do secretário de Estado dos Transportes sobre as alterações no sector. » [CM]

Parecer:

Parece que o PSD está convencido de que da boca do Álvaro ou entra mosca ou sai asneira.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»
  
 Sacanice

«A ministra da Justiça disse hoje que já enviou à Procuradoria-Geral da República (PGR) o resultado da auditoria realizada ao apoio judiciário que detectou irregularidades e suspeitas de fraude na cobrança de honorários pelos advogados oficiosos.

Paula Teixeira da Cruz, que falava aos jornalistas no final da cerimónia de apresentação da proposta de revisão do processo civil, considerou ainda "legítimo" a manifestação convocada para sexta-feira por um grupo de advogados oficiosos que exige a sua demissão do cargo. "É tudo muito legítimo. As manifestações são legítimas e os pedidos de demissão também", considerou a ministra, observando que a auditoria, agora contestada pelos advogados contestatários, foi dirigida por um diretor-geral que é juiz desembargador.» [DN]

Parecer:

A forma como a ministra da Justiça usa os resultados de uma auditoria contra os advogados numa guerra pessoal contra o bastonário é pura sacanice, podia fazer a auditoria e enviar os resultados para onde entendesse com muito menos alarde. Da forma como o está fazendo está a lançar a suspeita sobre toda uma classe e a revolta ainda não é maior porque neste país a dignidade anda tão escassa quanto o dinheiro.
 
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Exija-se a demissão da Batanete da Justiça.»
  
 É mesmo Passos Coelho que escreve os seus discursos

«"Confrontar o seu funcionamento deficiente é constatar que a nossa economia, em muitos aspectos, espera ainda um processo de verdadeira democratização. Quando falamos em reformas estruturais é, numa palavra, esta democratização que pretendemos atingir", frisou Passos Coelho.» [DN]

Parecer:

Se é mesmo então escreve um pouco melhor do que eu esperaria de alguém com parcos recursos intelectuais, se não os escreve ainda está a tempo de despedir quem os escreve. São banais demais para um primeiro-ministro, são dignos de um presidente de junta de freguesia com aspirações mais altas.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passso Coelho quem lhe escreve os discursos.»
  
 Somos pobres mas não somos idiotas

«A luta para ficar com os 21,35% da EDP está cada vez mais aguerrida. Os alemães da E.On apresentaram hoje, em Dusseldorf, um plano de investimento de sete mil milhões de euros em energias renováveis, principalmente projectos eólicos onshore e offshore e também solares.

"As renováveis são um pilar da nossa estratégia e as eólicas offshore são uma das áreas de crescimento. O nosso objectivo é comissionar um parque eólico offshore a cada 18 meses. Já investimos sete mil milhões em renováveis nos últimos cinco anos e investiremos mais sete mil milhões nos próximos cinco anos", disse o CEO da empresa, Johaness Teyssen.

Parte deste capital poderá vir para Portugal, mas estará sempre dependente do facto da E.On ganhar ou não a privatização da EDP, apurou o Dinheiro Vivo. » [DN]

Parecer:

Os alemães dão muito menos dinheiro pela EDP do que os chineses e em compensação fazem promessas ao país. Só que estas promessas valem tanto como as contrapartidas dos submarinos. Ainda assim é muito provável que comprem a EDP a preço de saldo.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aposte-se que ganham os alemães.»
  
 O lirismo segundo Miguel Relvas

«Miguel Relvas, o ministro-adjunto do primeiro-ministro, explicou à Lusa que a ideia é discutir as medidas com vista à execução orçamental do próximo ano, os apoios à economia e as reformas estruturais".» [Expresso]

Parecer:

Quais apoios à economia?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»