O primeiro-ministro demonstra pouca consideração humana pelo
líder da UGT com quem assinou um acordo de concertação social que não se cansa
de exibir como se tivesse sido impresso em folhas feitas com a pela dos
trabalhadores portugueses.
O (faz de conta que é) ministro da Economia anda por aí com
aquele ar de cruzamento do Groucho Marx com macaco africano anda por aí a dizer
que o governo não se mete na opa da Cimpor, quando sabe que mais uma vez não
foi tido nem achado no negócio e que como sucede desde o QREN tudo é decidido
pelo Gaspar, agora coadjuvado pelo seu ministro adjunto António Borges.
Até a ministra da Justiça achou que devia dar um ar da sua
graça cabendo-lhe neste regime dos sovietes à Passos Coelho o exercício do
direito de pressão sobre os tribunais, achou que devia instruir o Tribunal
Constitucional no sentido de considerar constitucional a perda dos subsídios
por parte daqueles cujos votoa o PSD não espera receber nas próximas
legislativas. Não admira tanta pouca vergonha por parte da loura do governo,
durante os últimos dias os partidos têm discutido a nomeação de juízes daquele
tribunal como se estivessem a leiloar lugares de estátuas humanas na Rua
Augusta.
Mas esta sexta-feira ficou a perceber-se a razão desta
estranha mistura de bebedeira e nervosismo nas hostes governamentais, afinal o
optimismo com os resultados económicos e a agressividade verbal dos ministros não
passava de uma reacção psicológica provocada pelo medo e desorientação.
O Gaspar bem pode exibir o seu país como um caso de nação
governada por incompetentes até ao dia em que a mão divina o trouxe para o
governo. Com a despesa a aumentar acima dos 5% e os impostos a descer a um
ritmo superior aos 5% o Vítor Gaspar não tem o direito de dar lições de moral
ao país e muito menos ir para Washington enlamear o país, Os primeiros três
meses demonstram um desvio colossal em relação aos orçamentos, o inicial e o
extraordinário. Um desvio colossal alimentado pela incompetência de um ministro
que nada sabe de política fiscal, que pensa que um país é um laboratório e que
os seus cidadão são idiotas a quem ele pode sujeitar às medidas que bem
entender.
Compreende-se o nervoso e até mesmo este ladrar em ambiente
de matilha governamental, é quase preciso fazer de propósito para que Gaspar
apareça atrás de Seguro nas sondagens, com o PS a subir e a aproximar-se do
PSD. O discurso dos culpados da crise está a falhar, ao julgamentos do caso
Freeport, da Independente e da Face Oculta estão a revelar-se um fiasco e o Sócrates
até já perdeu o exclusivo das primeiras páginas do Correio da Manhã.
O governo está entregue a si próprio e à competência dos
seus membros.