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Tempos de insegurança [A. Cabral]
Jumento do dia
Cavaco Silva
Cavaco Silva, o infelizmente ainda presidente de alguns portugueses, foi mais uma vez igual a si próprio, ambicioso, provinciano, vulgar, e sem grandes escrúpulos. Como de costume a Presidência da República tratou um feriado nacional como uma data que só serve para Cavaco discursar e deixar o país a tentar interpretar o que disse, sucede isso com todos os seus discursos, o país tem que ficar preso aos seus bitaites, o país não tem um Presidente do qual os portugueses conhecem o pensamento, têm um presidente que de vez em quando diz coisas para mais tarde recordar o que disse.
Mais uma vez o seu discurso foi pobre, tentou iludir o apoio ao governo com um apelo de treinador de futebol ao país, chamou a si todos os êxitos nacionais, até o 25 de Abril deu lugar aos que promoveram o país, de repente o país ganhou mais um capitão de Abril, o próprio Cavaco Silva.
Vejamos algumas mensagens de Cavaco:
Não foi a descolonização que credibilizou o país internacionalmente, foi o trabalho árduo feito posteriormente por outros, entre eles o próprio Cavaco:
«Foi necessário um trabalho árduo para demonstrar internacionalmente a nossa credibilidade como Estado soberano. Na altura, foram muitos os que participaram ativamente nesta tarefa coletiva que foi explicar Portugal ao mundo. Fizemo-lo com sucesso.»
Aquele que com um governo que lhe desagradava criticava os que não aceitavam as agências de rating queixa-se agora da imagem que lá fora se faz do país. Um Presidente que tem dois critérios para defender o país:
«Muito se tem dito e escrito no estrangeiro sobre o nosso País que não tem a mínima correspondência com a realidade.»
Cavaco gosta muito de se colar ao que de positivo foi feito, só é pena que não se tenha recordado de tanta coisa quando fez o prefácio do seu último livreco:
«No domínio da Ciência, por exemplo, nas últimas duas décadas o número anual de diplomados aumentou quatro vezes e o número dos novos doutorados registou um dos maiores crescimentos da Europa. Cerca de metade dos doutoramentos ocorre em áreas de elevado potencial, das ciências exatas, da engenharia e da tecnologia.»
«O investimento em Investigação e Desenvolvimento, em proporção do PIB, duplicou na última década, atingindo 1,7 por cento, valor que nos situa próximo da média da União Europeia.»
Será que o pessoal do palácio se esqueceu de lhe dizer que houve um português que ganhou um prémio Nobel? É ridículo referir prémios de arquitectura que são considerados os prémios Nobel do sector e se ignora ostensivamente o prémio de Saramago:
«Em muitos domínios, os portugueses são premiados internacionalmente. Dois dos nossos arquitetos foram galardoados com o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitetura. Nas artes plásticas, na moda, nas indústrias criativas, o talento dos portugueses é admirado. A artista Joana Vasconcelos irá mostrar a sua obra no Palácio e nos Jardins de Versalhes, uma distinção rara que apenas é atribuída aos que já possuem um estatuto artístico e criativo de nível internacional. A par disso, vários dos comissários de artes plásticas portugueses ocupam altos cargos em alguns dos melhores museus do mundo, desde o Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, passando pelo Jeu de Paume, em Paris, ou proximamente, o Museu Rainha Sofia, em Madrid.»
Resta-nos esperar que os próximos quatro anos passem depressa ou que a natureza decida encurtar-nos o sofrimento.
Mais uma vez o seu discurso foi pobre, tentou iludir o apoio ao governo com um apelo de treinador de futebol ao país, chamou a si todos os êxitos nacionais, até o 25 de Abril deu lugar aos que promoveram o país, de repente o país ganhou mais um capitão de Abril, o próprio Cavaco Silva.
Vejamos algumas mensagens de Cavaco:
Não foi a descolonização que credibilizou o país internacionalmente, foi o trabalho árduo feito posteriormente por outros, entre eles o próprio Cavaco:
«Foi necessário um trabalho árduo para demonstrar internacionalmente a nossa credibilidade como Estado soberano. Na altura, foram muitos os que participaram ativamente nesta tarefa coletiva que foi explicar Portugal ao mundo. Fizemo-lo com sucesso.»
Aquele que com um governo que lhe desagradava criticava os que não aceitavam as agências de rating queixa-se agora da imagem que lá fora se faz do país. Um Presidente que tem dois critérios para defender o país:
«Muito se tem dito e escrito no estrangeiro sobre o nosso País que não tem a mínima correspondência com a realidade.»
Cavaco gosta muito de se colar ao que de positivo foi feito, só é pena que não se tenha recordado de tanta coisa quando fez o prefácio do seu último livreco:
«No domínio da Ciência, por exemplo, nas últimas duas décadas o número anual de diplomados aumentou quatro vezes e o número dos novos doutorados registou um dos maiores crescimentos da Europa. Cerca de metade dos doutoramentos ocorre em áreas de elevado potencial, das ciências exatas, da engenharia e da tecnologia.»
«O investimento em Investigação e Desenvolvimento, em proporção do PIB, duplicou na última década, atingindo 1,7 por cento, valor que nos situa próximo da média da União Europeia.»
Será que o pessoal do palácio se esqueceu de lhe dizer que houve um português que ganhou um prémio Nobel? É ridículo referir prémios de arquitectura que são considerados os prémios Nobel do sector e se ignora ostensivamente o prémio de Saramago:
«Em muitos domínios, os portugueses são premiados internacionalmente. Dois dos nossos arquitetos foram galardoados com o Prémio Pritzker, considerado o Nobel da Arquitetura. Nas artes plásticas, na moda, nas indústrias criativas, o talento dos portugueses é admirado. A artista Joana Vasconcelos irá mostrar a sua obra no Palácio e nos Jardins de Versalhes, uma distinção rara que apenas é atribuída aos que já possuem um estatuto artístico e criativo de nível internacional. A par disso, vários dos comissários de artes plásticas portugueses ocupam altos cargos em alguns dos melhores museus do mundo, desde o Museu de Arte Moderna, de Nova Iorque, passando pelo Jeu de Paume, em Paris, ou proximamente, o Museu Rainha Sofia, em Madrid.»
Resta-nos esperar que os próximos quatro anos passem depressa ou que a natureza decida encurtar-nos o sofrimento.
Foi lindo
Ver gente do CDS e do PSD, bem como os tigres liberais como o Gaspar e o sô Álvaro, usarem um cravo na lapela. Não deve ser difícil imaginar a noite difícil que esta gente vai ter quando sentirem os sintomas da alergia.
Esta gente não tem a noção do ridículo, Passos Coelho acha que o país são os putos de uma escola preparatória e está convencido de que com manobras destas conquista o coração daqueles que encarregou o Gaspar de tramar.
Agora ficamos a perceber porque motivo Passos Coelho nos tirou a Terça-feira Gorda, foi para que ele e os seus doze apóstolos não tivessem de se mascarar.
No Raim´s Blog
Miguel Portas
Quando morre alguém é comum dizer-se que partem os bons e ficam os que não prestam, é o que mais uma vez se pode dizer.
Para lá do arco-íris
«Dobro os olhos para antigamente, há trinta e oito anos, ontem, e não me reconheço nem àqueles rostos luminosos, a esperança à solta, o mundo e a vida tinham as nossas idades. Nada nos prende àquilo; tudo nos prende àquilo. Somos nós e não o somos. "Acabou a tua festa, pá!", cantou o Chico Buarque. Sobrou alguma coisa? Sobraram estes rostos desencantados, esta esperança cheia de ausências, este mundo velho e tonto. Mas ainda estamos aqui. Para o que der e vier.
As coisas não correram muito bem. As nossas ambições iam para lá do arco-íris. E pensávamos ter conquistado as extensões exemplares da felicidade ininterrupta. Não porque a Providência tivesse partilhado com todos o dom do sonho, mas porque assim pensávamos. A nossa exultação comprometia toda a gente? Nem toda; nós julgávamos que sim. Avaliámos mal a importância da alegria sentida, e talvez por isso o despertar e as consequências desse despertar tivessem a configuração de um pesadelo. Mas não sejas parco a pedir: tenta, sempre e sempre, atingir o inatingível.
Pessoalmente, embora magoado e ferido, nunca deixei de acreditar que a História caminha no sentido da libertação do homem, e que a esperança é capaz de ter sempre razão. A esperança não como uma questão de fé, sim como fisionomia da paixão. A esperança como uma ideologia, não como um dogma.
Há dias ouvi, rtp-1, o prof. João Lobo Antunes, num admirável diálogo com o bispo do Porto, comentar que os assassinos da esperança deveriam ser punidos. A esperança é a consciência de que as coisas estão ao nosso alcance; basta querermo-las, mas é preciso quere-las. Talvez, digo eu, esses assassinos tenham cometido o pior de todos os pecados: a degradação do eterno no que o eterno possui de mais temporal e de mais humano.
Claro que não nos reconhecemos naqueles rostos, então luminosos. Porém, a nossa alma, essa, ainda está lá, nesse vácuo e nesse resumo. E onde está a alma desta gente que nos governa e que nada a demove, desconhecedora da singularidade de cada qual, penetrada pelo mito da perenidade e pela imutabilidade das suas próprias decisões - onde está? Não perderam a grandeza: nunca a tiveram.
Há trinta e oito anos que me esperava, que nos esperava? As horas loucas de meses proliferantes; uma verdade que deixara de nos ser negada. Durou pouco; todavia, não fomos derrotados, nem estes que tais são vencedores: transeuntes, somente transeuntes. Éramos os protagonistas de uma história à altura do homem, e o homem dispunha de uma densidade criadora revalorizada a cada instante, em cada protesto, em cada acto. O nosso estado actual, acaso triste e até nefasto, é interregno para outra etapa do movimento. Já o escrevi. Repito-o: não há conquista sem luta nem luta sem sofrimento. Muitas vezes, um simples sinal, modesto, escasso vale uma vida.
E aqui estamos.» [DN]
As coisas não correram muito bem. As nossas ambições iam para lá do arco-íris. E pensávamos ter conquistado as extensões exemplares da felicidade ininterrupta. Não porque a Providência tivesse partilhado com todos o dom do sonho, mas porque assim pensávamos. A nossa exultação comprometia toda a gente? Nem toda; nós julgávamos que sim. Avaliámos mal a importância da alegria sentida, e talvez por isso o despertar e as consequências desse despertar tivessem a configuração de um pesadelo. Mas não sejas parco a pedir: tenta, sempre e sempre, atingir o inatingível.
Pessoalmente, embora magoado e ferido, nunca deixei de acreditar que a História caminha no sentido da libertação do homem, e que a esperança é capaz de ter sempre razão. A esperança não como uma questão de fé, sim como fisionomia da paixão. A esperança como uma ideologia, não como um dogma.
Há dias ouvi, rtp-1, o prof. João Lobo Antunes, num admirável diálogo com o bispo do Porto, comentar que os assassinos da esperança deveriam ser punidos. A esperança é a consciência de que as coisas estão ao nosso alcance; basta querermo-las, mas é preciso quere-las. Talvez, digo eu, esses assassinos tenham cometido o pior de todos os pecados: a degradação do eterno no que o eterno possui de mais temporal e de mais humano.
Claro que não nos reconhecemos naqueles rostos, então luminosos. Porém, a nossa alma, essa, ainda está lá, nesse vácuo e nesse resumo. E onde está a alma desta gente que nos governa e que nada a demove, desconhecedora da singularidade de cada qual, penetrada pelo mito da perenidade e pela imutabilidade das suas próprias decisões - onde está? Não perderam a grandeza: nunca a tiveram.
Há trinta e oito anos que me esperava, que nos esperava? As horas loucas de meses proliferantes; uma verdade que deixara de nos ser negada. Durou pouco; todavia, não fomos derrotados, nem estes que tais são vencedores: transeuntes, somente transeuntes. Éramos os protagonistas de uma história à altura do homem, e o homem dispunha de uma densidade criadora revalorizada a cada instante, em cada protesto, em cada acto. O nosso estado actual, acaso triste e até nefasto, é interregno para outra etapa do movimento. Já o escrevi. Repito-o: não há conquista sem luta nem luta sem sofrimento. Muitas vezes, um simples sinal, modesto, escasso vale uma vida.
E aqui estamos.» [DN]
Autor:
Baptista-Bastos.
Temos um presidente sem a noção do ridículo?
«Por várias vezes a bancada parlamentar do PS se agitou, com murmúrios em crescendo, durante o discurso de Cavaco Silva na sessão solene do 25 de abril. Não porque discordasse do que dizia o Presidente da República. Pelo contrário: porque o discurso do PR - ainda que inadvertidamente - acabou por ser um extraordinário elogio aos governos de Sócrates. Aliás, boa parte das 8 páginas da intervenção do PR poderiam ter sido lidas pelo antigo primeiro-ministro - o mesmo que Cavaco acabou por demitir, há um ano, depois de lhe ter aberto a porta de saída com o hoje célebre discurso sobre os "limites para os sacrifícios".
Passado mais de um ano sobre esses acontecimentos, Cavaco não repetiu que "há limites para os sacrifícios", como lembrou, oportuno, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã.
O que Cavaco repetiu foi boa parte dos argumentos que, ao longo de várias sessões legislativas, José Sócrates elencou em inúmeras intervenções, dentro e fora da Assembleia da República. Porque as razões do orgulho português, tal como o PR as apresentou hoje, 25 de abril de 2012, são em grande medida as bandeiras do Governo anterior: o salto que o país deu na ciência, na investigação e desenvolvimento, na cultura, nas artes plásticas, nas indústrias criativas, na inovação em setores tradicionais, no investimento em infraestruturas e em energias alternativas. Até no plano político-diplomático Cavaco se recorreu da herança dos governos socialistas, ao louvar o Tratado de Lisboa e a eleição de Portugal para o Conselho de Segurança da ONU.» [Expresso]
Passado mais de um ano sobre esses acontecimentos, Cavaco não repetiu que "há limites para os sacrifícios", como lembrou, oportuno, o líder do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã.
O que Cavaco repetiu foi boa parte dos argumentos que, ao longo de várias sessões legislativas, José Sócrates elencou em inúmeras intervenções, dentro e fora da Assembleia da República. Porque as razões do orgulho português, tal como o PR as apresentou hoje, 25 de abril de 2012, são em grande medida as bandeiras do Governo anterior: o salto que o país deu na ciência, na investigação e desenvolvimento, na cultura, nas artes plásticas, nas indústrias criativas, na inovação em setores tradicionais, no investimento em infraestruturas e em energias alternativas. Até no plano político-diplomático Cavaco se recorreu da herança dos governos socialistas, ao louvar o Tratado de Lisboa e a eleição de Portugal para o Conselho de Segurança da ONU.» [Expresso]
Parecer:
O homem parece que não tem limites para o ridículo.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
As coisas que agora se sabe
«O vice-presidente do Banco Central Europeu (BCE) declarou hoje que a evolução das taxas de juro portuguesas "não é inteiramente o reflexo" da situação do país, que tem cumprido o programa de ajustamento firmado com a 'troika'.
"Até este momento o país tem estado a cumprir o programa que acordou com as instituições europeias. As condições vão no sentido do acesso [aos mercados] ser possível" no final de 2013, disse Vítor Constâncio em Bruxelas, à margem da apresentação do Relatório Anual de 2011 do BCE, apresentado no Parlamento Europeu, perante a Comissão de Assuntos Económicos e Monetários.» [i]
"Até este momento o país tem estado a cumprir o programa que acordou com as instituições europeias. As condições vão no sentido do acesso [aos mercados] ser possível" no final de 2013, disse Vítor Constâncio em Bruxelas, à margem da apresentação do Relatório Anual de 2011 do BCE, apresentado no Parlamento Europeu, perante a Comissão de Assuntos Económicos e Monetários.» [i]
Parecer:
No tempo de Sócrates não era assim?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao então silencioso Constâncio.»