sexta-feira, abril 20, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Chapim-de-poupa, Praia do Cabeço, Algarve
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Aldeia de Monsanto [A. Cabral]
    
 Jumento do dia
  
   
Jumento do dia

Vítor Gaspar

Vítor Gaspar foi a Washington falar como se fosse primeiro-minsitro, mas não é novidade um ministro das Finanças mandar no país, nem que quem manda no governo é o Vítor Gaspar e não o primeiro-ministro. Mas isso é um problema de quem o escoleu para ministro, já as baboseiras que disse poderão ser um problema do país, a comear com a declaração abusiva de que o país aceita as doses brutais de austeridade que ele entender serem necessárias, mesmo quando fundamentadas em falsos desvios.
 
O mais curioso da intervenção do Gaspar nem foi as alarvadices de quem se julga primeiro-ministro, mas sim os seus raciocínios como professor que usa um país como cobaia dos seus estudos. Gaspar condena o governo de Sócrates por políticas fiscais expansionistas para depois defender a política subjacente ao acordo com o FMI. Até parece que foi ele ou Passos Coelho a negociar com o FMI.
 
É verdade que Gaspar e Passos Coelho têm resposabilidades mas essas não se referem ao acordado no memorando, refere-se aos excessos de austeridade que adoptaram por sua iniciativa e seria boma que assumissem as responsabilidades.
   
«O ministro das Finanças, Vítor Gaspar, disse na sede do Fundo Monetário Internacional (FMI), em Washington, que Portugal oferece “uma lição de moral” a todos aqueles que defendem o aumento da despesa pública para estimular a economia. Foram as “políticas fiscais expansionistas” do anterior governo socialista de José Sócrates que conduziram o país a um défice orçamental “insustentável” que desencadeou uma crise e o pedido de ajuda financeira a entidades internacionais, disse Gaspar num debate no âmbito dos encontros bianuais do FMI e Banco Mundial.

Num momento de incerteza e discussão sobre que modelo de política económica deverão os governos nacionais adoptar para lidar com a recessão e influenciar o crescimento da economia – austeridade ou aumento da despesa pública –, o ministro português definiu claramente o seu campo: Portugal é a prova de que “as políticas expansionistas não são uma condição favorável ao crescimento” e o programa de austeridade acordado com o FMI e a Comissão Europeia contém “todos os ingredientes necessários para lidar com os problemas fundamentais da economia portuguesa”.

O cepticismo dos observadores em relação ao sucesso das medidas de austeridade em Portugal está a crescer. Mesmo especialistas que não duvidam da seriedade das reformas estruturais em Portugal dizem-se preocupados em relação às perspectivas de crescimento da economia do país e antecipam que será necessário um segundo resgate financeiro. O primeiro-ministro Pedro Passos Coelho assinou um artigo no Financial Times intitulado “Portugal vai mostrar que os cépticos estão errados” (no site daquele jornal britânico, o título do artigo foi entretanto alterado para o mais cauteloso “Portugal optimista mantém pragmatismo das reformas”).» [Público]
  
 Alvarices
  
Perante as queixas dos utentes do Metro de Lisboa o secretário de Estado dos transportes teve mais um momento á Álvaro, foi andar de Metro e chegou à brilhante conclusão que com comboios a passarem só de vez em quando e com um número reduzido de carruagens as pessoas tinham que andar encavalitadas umas nas outras. Está-se mesmo a ver que há uns meses atrás o mesmo secretário de Estado terá visitado a Lusoponte e chegado á conclusão de que os cofres a empresa andavam pouco abonados e decidiu pagar-lhes o serviço do mês de Agosto em duplicado.
  
Agora resta-nos esperar que o governo siga o exemplo e que cada um dos ministros tenha as suas alvarices. Por exemplo, o Lambretas podia muito bem ir dormir durante um mês num desses lares que conseguiram duplicar as camas sem aumentar o número de quartos. O Gaspar podia tentar andar seis meses a viver com o vencimento de montante igual ao mínimo a partir do qual ele cortou os subsídios. O ministro da Administração Interna podia chamar ao seu gabinete o agente da PSP que desancou nos jornalistas e pedir-lhe para lhe dar ums bordoadas bem dadas para ficar a saber como doem.
  
 Começo a sentir saudades...
   
De Cavaco Silva, deve andar convencido que foi promovido por graça de Deus pois intervém menos na política do que a rainha de Inglaterra. Ou será que está convencido de que é apenas presidente da Junta da Freguesia de Belém?
 
 Um tiro no elefante
  
Juan Carlos é uma figura simpática mas isso não faz dele um soberano legítimo, mais do que ele era legítimo o pai que nunca se vergou ou aceitou o caudilho fascista. Juan Carlos não apoiou o Tejero mas isso não faz dele um democrata.
 
A monarquia espanhola foi reimplantada depois de anos de ditadura e do derrube de uma República legitimamente implantada. O trono de Juan Carlos assentou noi medo da guerra civil e num acordo de transição que tirou a muitas vítimas do franquismo o direito à justiça e mesmo à memória.
 
Mais tarde ou mais cedo a Espanha perceberá o absurdo desta monarquia imposta fora do tempo como herdeira legítima de uma ditadura que ainda nos anos 60 mantinha campos de concentração com prisioneiros da guerra civil.
  
 Reembolsos de IRS
   
Depois da confusão em torno dos reembolsos do IVA é agora a vez de o governo não garantir o reembolso do IRS no prazo de 20 dias, prática adoptada pelo governo anterior. A explicação é evidente, o governo está a sentir dificuldades nas receitas fiscais e precisa de repartir os reembolsos por mais tempo para que o seu impacto (redução da receita de IRS) seja menor nas execuções orçamentais.
 
Mais um sinal de que o governo está em dificuldades na execução orçamental, as gorduras nas despesas dão muito jeito aos amigos e as receitas fiscais estão quém do orçamentado.
  
 
  
 Frivolidade e austeridade
   
«Há muitos anos, numa entrevista televisiva, o já desaparecido empresário António Champalimaud surpreendeu-me por um rasgo de profunda e sóbria humanidade: interrogado por uma jornalista acerca do motivo que o levara a deixar a paixão da caça, Champalimaud limitou-se a responder que começara a sentir uma espécie de náusea quando compreendeu que a caça estava a contribuir para o desaparecimento de muitas espécies. Não consta que Champalimaud tenha sido presidente honorário de nenhuma organização ecologista, como é o caso do rei espanhol D. Juan Carlos. Limitou-se a ser consequente nos actos com aquilo que lhe parecia ser um imperativo ético evidente. É essa a diferença que separa a profundidade da frivolidade. O Rei de Espanha enverga na lapela o emblema da organização conservacionista WWF, mas continua a matar elefantes, uma das espécies mais emblemáticas e ameaçadas do mundo. A vaga de protestos em Espanha contra esta dispendiosa escapadela cinegética para África do rei de um país com 23 % de desempregados, na mira da especulação financeira, e com um problema de separatismo que só aumentará com a brutal redução do orçamento das autonomias, talvez tenha ajudado a derrubar o mito de que só a monarquia salva o Estado espanhol da fragmentação. O tiro de Juan Carlos talvez não tenha derrubado só um elefante. Ele terá ajudado a dissipar os preconceitos que ainda explicam o absurdo de manter monarquias hereditárias em Estados de direito, onde, como dizia Thomas Paine, só "a lei é o rei"... Contra esta frivolidade monárquica, um pouco de austeridade republicana será uma bênção para a Espanha.» [DN]
  
Autor:
  
Viriato Soromenho-Marques.
  
 Falar lá fora cá para dentro
   
«Faço análises económicas lendo as nuvens. Cumulonimbus, os mercados vão tornar-se voláteis, stratocumulus, aumenta endividamento externo, e assim por diante. É um método bizarro mas tão bom como o de The Economist: a ambos, a mim e à revista, durante o ano de 2008 escapou-nos a maior crise económica desde 1929, até ela morder-nos as canelas... Outro meu método é ler o Financial Times e deitar- -me a adivinhar. Ontem, Passos Coelho - que já tinha feito o mesmo há semanas em entrevista ao alemão Die Welt - em artigo agora assinado, escreveu no FT que, apesar de otimista, "não há garantias". Nunca se sabe - foi a sua tese. Essas dúvidas, antes, seriam fatais. Os mercados são tramados, é preciso tratá-los com mil cuidados ou eles investem, ou melhor, desinvestem. Então, por que o primeiro-ministro pôs as dúvidas? Lendo-o, não sei, mas deixem-me adivinhar: ele permitiu-se falar assim porque os mercados já não nos mordem as canelas! Estão já convencidos do nosso bom rumo e não reagem mal a augúrios dubitativos (alô, professor Vítor Gaspar, já não é preciso dizer que lá estaremos e de peito feito, em setembro de 2013, a vender dívida...) Então, se Passos Coelho insiste em falar com "mas" e "contudo" lá fora, é porque fala cá para dentro. Avisa sobre um possível cenário negro para que, por cá, aguentemos as medidas duras. Mas fica o mistério: se a mensagem é interna, porquê em inglês? Vou ler nuvens e depois respondo.» [DN]
  
Autor:
   
Ferreira Fernandes.
  
 "Nos países desenvolvidos"
  
«É conhecida a anedota da singular noção de causalidade daquele investigador que cortou as patas a uma rã e lhe disse: "Salta!"; e que, como a rã não saltasse, concluiu que, quando se cortam as patas às rãs, elas deixam de ouvir.
 
Ocorreu-me essa história ao saber do estudo que sustenta mais uma nova redução das indemnizações por despedimento que o ministro Álvaro (quem haveria de ser?) anunciou que levará à Concertação Social, estudo que conclui que... nos países desenvolvidos indemnizar trabalhadores despedidos não é obrigatório. Assim, acabam-se com as indemnizações por despedimento e, zás!, passamos a "país desenvolvido". E poder-se-ia ainda aumentar também os salários para os níveis praticados nos países desenvolvidos e então é que ficaríamos tão desenvolvidos, ou mais, que os países desenvolvidos. A ideia, no entanto, não ocorreu ao ministro Álvaro, como não lhe ocorreu a ideia de se demitir, pois nos países desenvolvidos ninguém salta da blogosfera para ministro...
 
A mesma provinciana lógica causal foi recentemente invocada pelo secretário de Estado da Saúde para justificar uma nova cruzada antitabagista: nos países desenvolvidos - mais um esforço, portugueses, se quereis ser nova-iorquinos! - é proibido fumar na rua, no automóvel, na própria casa de cada um.
 
E, já agora, por que não restaurar também a pena de morte, seguindo esse exemplo extremo de país desenvolvido que são os Estados Unidos?» [JN]
  
Autor:
  
Manuel António Pina.
  

  
 Linguagem policial
  
«A PSP do Porto confirmou à Lusa que duas pessoas "foram intercetadas já fora do perímetro de segurança" da ação de despejo do movimento Es.Col.A, devido a "injúrias e agressões" a agentes daquela força policial.
 
Estas duas pessoas serão agora "retiradas do local, transportadas para o departamento policial, identificadas e, tendo em conta o que fizeram, poderão ser detidas ou não", esclareceu à Lusa fonte da PSP do Porto. » [DN]
  
Parecer:
   
Até parece que estão numa aula de repressão policial.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
  
 Jovens batem nos pais à rasca
  
«"Começa a acontecer um cenário que não era muito comum, de filhos que batem nos pais, não como resultados de processos de vitimação ligados a negligência e a famílias desestruturadas, mas porque não sabem lidar com a frustração", disse a docente de criminologia Vera Mónica Duarte.

Situações deste tipo ocorrem no seio de famílias "que há poucos anos estavam numa situação de estabilidade e que, neste momento, não podem dar aos seus filhos aquilo que durante muito tempo puderam", explicou a docente, que coordena a organização do seminário "Delinquência juvenil, explicações e implicações", a realizar sexta-feira no Instituto Superior da Maia.» [DN]
  
Parecer: 
O outro lado da geração à rasca.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Lamente-se.»
  
 O maroto do Otelo
   
«Para figurar nas t-shirts das gerações do pós-revolução, falta-lhe, talvez, apenas, uma foto tão feliz como a que Alberto Korda captou de Che Guevara. E, depois, algum espírito empreendedor de uma qualquer marca comercial de vestuário... Mas a maior surpresa da sua biografia, agora dada à estampa, em livro, pela pena do jornalista Paulo Moura (Otelo, o Revolucionário, da D. Quixote, a lançar no próximo dia 25) é, afinal, uma história de amor.

Excessivo, inconvencional, indisciplinado, romântico, Otelo levou para a vida pessoal a transgressão que, nos anos da Revolução, o tornaram célebre. Na página 13 do livro de Paulo Moura, logo a abrir, o autor revela-nos a outra faceta do revolucionário: "Sente-se bem em família. Tanto, que tem duas. Casou cedo, com uma colega de liceu. Mais tarde, na prisão, teve outro amor. Não foi capaz de abandonar a primeira mulher, nem a segunda. (...) Otelo assume as suas duas mulheres. Aparece em público com elas, não mente a nenhuma, trata-as por igual. Também nisso é organizado. De segunda a quinta vive numa casa; sexta, sábado e domingo passa-os na outra.» [Visão]
      
Parecer:
  
Agora é que o prendem!
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso.»
  
 Makro diz "adios"
  
«Em conferência de imprensa, em Lisboa, foi também anunciado que a loja da Makro em Aveiro vai ser encerrada a 15 de Julho, disse o director de comunicação, António Pinheiro. Este encerramento coloca em causa 54 postos de trabalho. Hoje, a empresa anunciou também que a Makro portuguesa e a Makro espanhola vão passar a ser geridas só com uma sede, localizada em Espanha.» [Público]
  
Parecer:
  
Talvez esteja na hora de os consumidores portugueses boicotarem a Marko.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Boicote-se a Makro.»
  
 O irmão Macedo esqueceu-se das famílias numerosas
  
«Ontem, a Associação Portuguesa de Famílias Numerosas (APFN) - que tem recebido nos últimos dias várias reclamações de pessoas que se encontram neste tipo de situação e que viram negado o seu pedido de isenção - voltou a chamar a atenção para o que considera constituir uma "gritante injustiça" e pediu a mudança da legislação. "A lei tem de ser alterada, isto não é justo. É comparável a situação de uma pessoa com filhos e sem filhos?", pergunta Ana Cid, da APFN, que lamenta que o "Ministério da Saúde (MS) se tenha descartado, ao dizer que esta matéria ficava a cargo do Ministério das Finanças". "Alguns pais vão abdicar de cuidar da sua própria saúde para poderem criar os filhos", avisa.» [Público]
  
Parecer:
  
Este ministro está a revelar-se um mau cristão.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Faça-se um sorriso cínico.»