Ainda sou do tempo em que a direita festejava cada aumento da
taxa de desemprego como indicador da incompetência governamental.
Ainda sou do tempo em que era possível ver o Paulo Portas em Portugal.
Ainda sou do tempo em que era possível ver o Paulo Portas em Portugal.
Ainda sou do tempo em que o corte dos subsídios foi justificado
como uma medida temporária destinado a cobrir um aumento temporário da despesa pública
em consequência de um desvio colossal atribuído ao governo de José Sócrates.
Ainda sou do tempo em que o Passos Coelho se orgulhava de
exibir o seu excesso de troikismo e se exibia como o campeão da austeridade.
Ainda sou do tempo em que em Portugal se comunicava ao país que
o corte dos subsídios era para durar dois anos e em Bruxelas se dava a entender
que esse corte era definitivo.
Ainda sou do tempo em que no OE o competentíssimo ministro das
Finanças previa um desemprego de 134% e uma contracção económica de 12,8% para 2012.
Ainda sou do tempo em que o Eduardo Catroga preferia falar
de pentelhos em vez de mendigar gorjetas ao Partido Comunista Chinês.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho pedia desculpa por
se abster na votação de algumas medidas de austeridade decididas por José Sócrates.
Ainda sou do tempo em que o Passos Coelho tinha estudos que
demonstrava não ser necessário aumentar os impostos, bastando eliminar as
gorduras do Estado.
Ainda sou do tempo que o Relvas era o número 2 do PSD.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho defendia num debate
eleitoral com José Sócrates uma descida significativa da TSU.
Ainda sou do tempo em que os jornalistas portugueses tiveram
um orgasmo colectivo quando o ministro da Economia lhes disse para o tratarem
por sôr Álvaro.
Ainda sou do tempo em que o João Duque aparecia diariamente
nas televisões a justificar todas as decisões governamentais.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho dizia que ia
renegociar as PPP e as rendas da EDP.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho prometia acabar com institutos
e fundações, divulgar todas as nomeações do Estado, reduzir os lugares de
administradores de hospitais e empresas públicas.
Eu ainda sou do tempo em que Passos Coelho foi a uma festa
do Pontal prometer que até 31 de Agosto teria um programa de corte da despesa pública
e que até ao final de Outubro este programa seria implementado.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho se questionava no
seu Twitter como era possível manter-se um primeiro-ministro que era mentiroso.
Ainda sou do tempo em que se chumbou o PEC IV porque “a
austeridade não pode incidir sempre no aumento de impostos e no corte de rendimento”.
Ainda sou do tempo em que Passos Coelho tinha alguma
credibilidade, do Gaspar dizia-se ser competente, ainda se dava ouvidos ao Álvaro
e os portugueses ainda via em Cavaco um Presidente da República. Estou mesmo a
ficar velho.