quarta-feira, abril 11, 2012

Umas no cravo e outras na ferradura




Foto Jumento


Aldraba, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento


Porta decorada com barretes de campinos, Ribatejo [A. Cabral]
   
Jumento do dia


Cavaco Silva

O homem que um dia disse que estava por nascer alguém mais honesto do que ele, que mais tarde se queixou de que as suas pensões não davam para as despesas, diz agora que tudo o que os jornalistas disseraira porqm sobre as suas pensões não correponde minimamente à verdade e que não dirá mais nada sobre o assunto.
 
Não se percebe, se tudo o que os jornalistas dizem é mentira porque razão Cvaco não conta toda a verdade, poderia fazê-lo numa entrevista ou colocar a informação no site de presidência e depois mandava-nos ir lá ver.

Mas percebe-se porque razão Cavaco não quer falar da sua pensão do Banco de Portugal, ele sabe que essa instituição pública paga pensões abusivas e que os seus funcionários e pensionistas são os únicos a viverem do Estado que ficaram dispensados de verem os subsídios cortados. Beneficiaram de o Gaspar ser um deles e ter blindado o estatuto da instituição às medidas de austeridade que adopta mas a que não quer ficar sujeito quando deixar de ser ministro. Seria muito feio se fosse Cavaco a explicar isto ao país.
 
«Questionado se já decidiu se irá receber os subsídios de férias e de Natal da pensão que recebe do Banco de Portugal, Cavaco Silva recusou pronunciar-se novamente sobre a questão.
 
"Já me pronunciei uma vez sobre a situação, nunca mais. Nunca mais voltarei a pronunciar-me por uma simples razão: aquilo que os senhores têm escrito sobre o assunto não corresponde minimamente à verdade e já desisti de fornecer qualquer outro esclarecimento", disse Cavaco Silva, que falava aos jornalistas no final da inauguração da nova sede da Microsoft em Portugal.»

 O que noticia o CM quando nada tem sobre a vida de José Sócrates?


A inseminação artificial segundo Passos Coelho

Passos Coelho descobriu um destino a dar aos serviços públicos de excelência, divide-os em bocados pequenos e usa estes para os inocular nos outros serviços que apresentem problemas de qualidade, isto é, usa-os num processo de inseminação artificial com vista à sua clonagem.
  
Esta é a teoria do Passos Coelho que entende que os portugueses são idiotas, a realidade é outra, ao desmembrar os serviços de excelência está a destruí-los e a promover a competitividade dos serviços privados. Ao encerrar a Maternidade Alfredo da Costa o governo está a promover o negócio das maternidades privadas que em tempos já floresceu em Lisboa. Só que a partir de determinada altura a classe média e os mais endinheirados percebeu que era melhor esquecer a criadagem dos hospitais privados e apostar na qualidade dos públicos, o negócio privado caiu.
  
Um serviçpo público de excelência não tem boas equipas por coincidência, é o resultado de um processo que demora anos, a qualidade atrai profissionais de qualidade mesmo quando a remuneração não é estimulante, as equipas de qualidade criam condições para investigar e promover novas técnicas e o uso de novas tecnologias. Ao distribuir as equipas da MAC o governo não está a destruir excelência, está a destruir o ambiente que favoreceu essa excelência e está a criar condições para que os hospitais privados contratem os excelentes médicos da MAC que não vão querer servir para "inseminação".
  
O que Passos Coelho pretende não é melhorar o SNS ou poupar dinheiro, é destruir a concorrência que um serviço público de excelência faz ao sector privado, é isso que o irmão Macedo pretende, conseguir como ministro o que não conseguiu como gestor da MEDIS; assegurar que o sector privado passa a ser competitivo e ter uma grande fonte de receitas num sector onde ficou sem clientela, a maternidade.

O papagaio do Jornal de Negócios

Esta crónica poderia dizer mais ou menos o seguinte: no Jornal de negócios há um jornalista que aprece um papagaio, o homem gosta de papaguear, dar umas bicadas em quem não gosta e não diz quase nada..:" É mais ou menos isto que o homem disse no passado dia 2 na sua crónica diária acerca de Vítor Constâncio.

Na crónica intitulada "Os papagaios do BCE" o Camilo desancava no Vítor Constâncio:

«Conhece Ewald Nowotny? E Jens Weidman? E Vitor Constâncio? Ah! Este já conhece... Pois, são todos membros do conselho de governadores do Banco Central Europeu.

O que é que eles têm em comum? Gostam de "papaguear", isto é falam de tudo e mais alguma coisa. Inclusive do que não devem. Mas não estão sozinhos: antes deles já Axel Weber, que esteve para suceder a Trichet, e Bini Smaghi, que foi "corrido" do BCE, também abusavam do verbo.

Weidman, que até há pouco era assessor de Merkel, ainda tem desculpa: a transição de político a banqueiro central leva tempo. Mas Nowotny...! A situação chegou a um ponto tal que há semanas Mario Draghi desabafou que o BCE cumpriria melhor a sua missão se não houvesse tanta gente a falar (banqueiros centrais devem ser reservados). Pena não ter mandado a "boca" em alemão... 

Mas se a expansividade daqueles senhores não surpreende, a de Constâncio sim. Constâncio, recorde-se, disse que não se pode excluir um segundo pacote de ajuda a Portugal. Em rigor não disse nada de errado. Mas a sua palavra tem o peso que a de um mero analista não tem. Por isso devia ter dito: "O que Portugal tem de fazer é implementar o programa de ajustamento. O resto é com os mercados". Tendo em conta que é um académico reputado, com experiência de bancos centrais, não se percebe a sua tirada: foi competição com os outros "papagaios"? Foi descuido? Não sabemos. Mas uma coisa é certa: um país que se anda a matar para convencer os mercados, à custa de sacrifícios monumentais dos seus cidadãos, merecia melhor. Merecia que um dos seus não fizesse de "Brutus", contrariando até a ajuda que o próprio presidente do BCE vem dando a Portugal.» [Jornal de Negócios]
  
Mas o pobre do Camilo teve um daqueles azares do Diabo! Dois ou três dias depois foi a vez de Passos Coelho papaguear a um jornal alemão que provavelmente Portugal não teria acesso aos mercados em 2013, isto é, o que Constâncio tinha papagueado e que tanto tinha indignado o servil Camilo.
  
É por isso que o Camilo parece estar zangado com o Passos Coelho, e poderá ter alguma razão, anda um jornalista a morder que nem um pitbull vadio em todos os que possam estar a incomodar o primeiro-ministro e depois vem o próprio Passos Coelho a deixá-lo mal visto! Furioso, o Camilo escrve uma crónica, desta vez intitulada "Os insustentáveis erros de  Passos Coelho". Não é o jornalista que está a fazer uma figura triste como pitbull voluntário da São Caetano à Lapa, é o Passos Coelho que é um desastre na comunicação. O pior é que o Camilo até tem alguma razão:

«O orçamento da Segurança Social não aguenta o actual ritmo de reformas antecipadas? Não. Qualquer pessoa que faça contas, grupo onde há poucos políticos (e muito poucos representados no Parlamento…) sabe isso. 

É por isso que a suspensão das reformas antecipadas durante dois anos era inevitável (mais tarde ou mais cedo teremos de acabar com elas). O problema não está na decisão, está na forma como o Governo (não) a comunicou. 

Vejamos: a decisão podia ser divulgada antecipadamente? Não. Em 2010 houve um disparo nos pedidos de reforma antecipada na função pública quando se soube que a penalização por cada ano de antecipação ia passar de 4,5 para 6%. 

O que é que o 1º ministro deveria ter feito? No dia da publicação em Diário da República deveria ter convocado a comunicação social para, com o ministro da Segurança Social, explicar a decisão. Ora Passos Coelho não só não o fez como acabou por falar do assunto em Maputo (sem Mota Soares ao lado). Alimentando dúvidas de que o Governo teve medo de enfrentar a opinião pública…

Se somarmos a esta "gaffe" a da suspensão dos subsídios de Natal e férias (foi mesmo "gaffe"?) temos a confirmação de que Passos Coelho não sabe nada de comunicação estratégica e domina muito mal a comunicação de crise. Nesse aspecto fica a muitas milhas de distância de Sócrates. Com uma agravante: Sócrates, que só tinha "vaporware" para mostrar, usava e abusava do marketing; Passos Coelho tem resultados. Mas por este andar a opinião pública nunca vai perceber quais são… porque ele não os sabe "vender". O que faz toda a diferença, porque não se fazem reformas sem as explicar ao eleitorado.» [Jornal de Negócios]
  
O Camil tem razão, anda um jornalista voluntariosamente a esforçar-se, chegando a transformar-se num canídeo, para depois o primeiro-ministro atirar tudo por água  abaixo. Pobre Camilo, um jornalista que nasceu para sofrer.
 
 

 O capital não tem pátria, excepto quando é estrangeiro

«Estranhou-se na Irlanda a rapidez com que o governo português despachou as suas participações na EDP e na REN. É que, embora a mesma exigência tenha sido colocada pela troika ao Governo irlandês, ele limitou-se a privatizar uma fracção minoritária da empresa eléctrica nacional. Além disso, prolongando o seu braço-de-ferro com a União Europeia, negou-se a separar a produção da distribuição.

Os irlandeses temem a privatização do sector eléctrico, mas, principalmente, o seu controlo por estrangeiros. Terão razão?

À primeira vista, a aquisição de uma empresa por outra é uma operação inocente de troca de capital corpóreo por incorpóreo em que ambas as partes julgam ficar a ganhar. Que pode interessar a nacionalidade dos compradores, se o que os move é sempre o desígnio de tornar a operação mais eficiente e rentável? O capital não tem pátria, e é assim mesmo que deve ser.

Mas poderemos ignorar, por exemplo, que a Sorefame, uma das nossas principais metalomecânicas pesadas, foi adquirida por concorrentes multinacionais apenas para ser encerrada anos depois? O resultado final foi a aniquilação de um centro nacional de competências laboriosamente edificado ao longo de décadas, com a consequência de que o País tem hoje que importar as carruagens ferroviárias de que necessita. Será muito ingénuo ver nisto um mero efeito da lei das vantagens comparativas.

A crença de que a nacionalidade da propriedade não conta ignora a importância do poder e, em geral, das considerações extra-económicas na condução dos negócios. A nacionalidade conta, e conta muito.

Ainda assim, não é aceitável a protecção a todo o custo dos centros de decisão nacionais, a menos que se pretenda premiar a incompetência. As indignações nacionalistas são, em geral, absurdas, dado que, as mais das vezes, nenhum interesse respeitável é ferido quando uma empresa de um país compra uma empresa de outro.

Que critérios deveremos então ter em conta para avaliar o previsível impacto da mudança de propriedade de uma empresa nacional?

Primeiro, se uma empresa não exporta, gera escasso valor acrescentado, emprega poucos trabalhadores qualificados e não possui tecnologia própria, a sua venda a estrangeiros é assunto que só interessará aos próprios. Inversamente, se ela desempenha uma missão relevante para o país avaliada pelas externalidades positivas que gera, todo o cuidado será pouco.

Segundo, são perigosos compradores sem real interesse pelo negócio, unicamente empenhados na obtenção de ganhos financeiros de curto prazo, entre os quais se incluem fundos de investimento sem rosto e "private equities". O mais natural é que, antes de revenderem, liquidem actividades relevantes, mas dispendiosas, cujo valor só se revela plenamente no longo prazo.

Terceiro, importa perscrutar a intenção estratégica do comprador. Quanto maior for a relação de complementaridade entre as duas empresas, mais proveitosa a associação para aquela que é adquirida. Pelo contrário, quanto maior o grau de sobreposição, maior o risco de a compra ser motivada pelo desejo de matar um concorrente.

Quarto e último, interessa saber se os centros de competência da empresa se encontram protegidos contra a eventualidade da sua transferência para o exterior. Ninguém na Suécia parece preocupado com a eventualidade de a Volvo ser esvaziada pela chinesa Geely que a comprou, dado que os engenheiros suecos detêm elevadas qualificações dificilmente replicáveis. Todavia, não podemos esquecer que a Catalunha perdeu rapidamente a Danone e a Hispano-Suiza quando elas foram absorvidas por grupos empresariais franceses.

A aplicação destes critérios de avaliação conduz a resultados diametralmente opostos quando consideramos os riscos que decorrem para a economia nacional da venda a estrangeiros de empresas tão diversas como a Cimpor e TAP. No primeiro caso, muito pouco ou nada de relevante parece estar em causa; no segundo, ao invés, uma opção errada poderá afectar muito negativamente o nosso futuro por muitos e amargos anos.» [Jornal de Negócios]

Autor:

João Pinto e Castro.
  
 O governo Passos Coelho faltou à verdade: os portugueses aguentam?

«1. A semana de Páscoa foi a pior semana para o governo Passos Coelho/Miguel Relvas desde que iniciou funções. Até então, o governo anunciava as (duríssimas!) medidas de austeridade, sob o pretexto do estado de necessidade nacional: seriam um mal menor para repor o equilíbrio das contas públicas e, consequentemente, garantir a sustentabilidade da nossa ditosa Pátria. E os portugueses perceberam: as sondagens têm sido particularmente agradáveis para Passos Coelho e seus colegas de governo (refira-se que para tal muito tem contribuído a monumental incompetência de António José Seguro na liderança do PS!).


1.1. Ironia das ironias, a semana da comemoração da ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo poderá ter marcado um momento de viragem para o executivo: o seu "estado de graça" terminou. A paciência dos portugueses esgotou-se. A sorte de Passos Coelho mudou: não mais complacência para com os ziguezagues governativos, para com o constante pedido de sacrifícios aos portugueses (aos mesmos de sempre!) sem a observância de critérios de equidade social. Porquê? Porque para ultrapassar as dificuldades económico-financeiras originadas pela pornográfica incompetência e inabilidade política dos sucessivos governos, nós, portugueses, precisamos de sentir que quem nos dirige fala a verdade. Joga limpo: não esconde cartas para jogar mais tarde, não sonega informação para evitar que os cidadãos possam exercer livremente os seus direitos, não utiliza em vão o argumento dos condicionalismos impostos pela ajuda externa para impor uma agenda ideológica pseudo-liberal que não tem a coragem de assumir. As declarações e as atrapalhações do ministro das Finanças na semana passada, no Parlamento, sobre o âmbito temporal do corte dos subsídios de férias e Natal só podem ser qualificadas como um escândalo. Uma nódoa que marcou e marcará o Governo: persegui-lo-á para sempre. Para ajudar à festa, o próprio Primeiro-ministro anda completamente desorientado na matéria: já disse que os subsídios serão repostos em 2013; que, afinal, poderão regressar apenas gradualmente; que não regressarão, distribuindo-se pelos 12 meses de salário. Uma confusão. Mais uma prova da inconsistência do governo Passos Coelho.


2. Posto isto, por que razão o governo se deixou enredar por esta teia de declarações e desmentidos e contradições? Por três motivos. Vejamos:


i) Passos Coelho quer ser o menino querido de Angela Merkel. Para tal, tem de ser mais merkista do que a própria Merkel: as medidas de austeridade são para durar, não porque representam o cumprir de um programa de entendimento celebrado com instâncias internacionais, mas sim porque consubstanciam a mudança de um paradigma. De uma virar de página no modelo de sociedade para Portugal. De certeza que Passos Coelho e Vítor Gaspar, ainda em 2011, garantiram a Merkel e aos responsáveis políticos alemães que o fim dos subsídios era definitivo. Não mais voltariam nos mesmos moldes. Ao mesmo tempo que o governo afirmava perante os portugueses que se tratava de uma medida temporária, para durar apenas enquanto vigorasse o programa de ajuda financeira. É inacreditável como Passos Coelho gosta de enfiar barretes aos portugueses com a maior das tranquilidades! Quem não deve, não teme: por que razão o governo mente aos portugueses? Por que esconde o jogo?


ii)Passos Coelho ao introduzir a questão vai preparando psicologicamente os portugueses para a realidade de não mais poderem contar com os subsídios de férias e Natal. É que o governo tem perfeita consciência de que prometeu o regresso das referidas prestações em 2013 - e que tal não acontecerá evidentemente. Assim, para não ser acusado de faltar à verdade e conter os danos políticos do anúncio do fim definitivo, Passos Coelho adverte já os portugueses de que, afinal, os subsídios pertencem ao passado. É que em 2013 começa um longo ciclo eleitoral e Passos Coelho não quer ser acusado de mentir...


iii) Passos Coelho pretende congregar o apoio dos empresários e do patronato. A solução que o governo adoptará será a distribuição dos subsídios pelos doze meses: mas esta solução só funcionará na teoria. É que na prática - a não existirem limites mínimos legais - os patrões vão subir irrisoriamente os salários mensais! Na prática, os trabalhadores ou perdem a totalidade dos subsídios ou ganham pequenas "migalhas" mensais...Politicamente, Passos Coelho ganha entre os patrões.


3. Por último, refira-se que a confissão de Passos Coelho foi uma enorme inabilidade (ou burrice) política. Desde logo, pelo seguinte: um grupo de deputados do PS suscitou o controlo da sua constitucionalidade pelo Tribunal Constitucional. Ora, o argumento invocado por alguns juristas para defender a sua conformidade com a Constituição era o do estado de emergência do país. Pois bem, com o anúncio de Passos Coelho de que o corte será definitivo, como decidirá o Tribunal Constitucional? Que argumentos poderá utilizar para deixar o diploma passar no crivo de constitucionalidade? Convenhamos que o Tribunal está agora numa posição muito delicada...» [Expresso]

Autor:

João Lemos Esteves.
  
O capitalismo popular morreu

«Já estava meio adoentado, depois do trauma provocado por algumas das últimas entradas em bolsa – EDP Renováveis e Martifer. Mas a mais recente epidemia de negócios fechados por grandes accionistas em empresas de capital aberto não deram qualquer hipótese: o capitalismo popular, enquanto filosofia de vida na economia, está morto em Portugal. 


São lendárias já as histórias das primeiras privatizações. Basta uma consulta aos jornais do início da década de 90 para perceber que os portugueses adoravam brincar ao Gordon Gekko. Portugal estava, nessa época, no sítio certo, à hora certa. O capitalismo popular estava glorificado em países desenvolvidos e a acelerada abertura da economia portuguesa era terreno fértil para emoções (e lucros) fortes. 


Muitos milhões de contos depois, eis-nos chegados a uma época diferente. Mais sombria. Onde os accionistas controladores de uma empresa lançam uma OPA a um preço praticamente simbólico e, para poupar dinheiro, ainda anulam uma proposta de dividendos da própria gestão (onde mandam). 


Esta operação da Brisa – uma das empresas bandeira do capitalismo popular português – é um atentado à participação dos seus pequenos accionistas, que investiram com base num pressuposto que lhes foi negado pela própria gestão (que, recorde-se, elegeram...).


A passividade do regulador perante o que se passou na Brisa também diz muito da saúde do capitalismo popular. A CMVM assiste a isto de forma serena e distante. E ninguém percebe porquê. 


Já o caso da Cimpor – OPA tão barata que a Caixa nem pestanejou – e da Galp – parassocial atrás de parassocial, sempre à revelia do mercado –, são apenas exemplos de como os mais poderosos são mais fortes que os mais fracos. Uma evidência da própria vida. 


Mas nada se compara com o papel do próprio Estado, nas privatizações da EDP e REN. A necessidade de fazer muito dinheiro (que se evaporará em desvios, derrapagens, buracos, etc.) esmagou tudo e todos. Sobretudo os mais pequenos, que com as limitações de voto nas duas empresas – à medida dos compradores – não podem beneficiar da arte de negociação do Governo na venda de empresas a chineses. 


Depois desta verdadeira "carga policial" nos pequenos accionistas, o Governo terá grandes dificuldades em promover o mercado de capitais como uma solução para a poupança das famílias. Ou como uma ferramenta de desenvolvimento económico, de maior transparência na gestão, de maior democratização da produção de riqueza. Mas este Governo também não parece muito interessado nisso. » [Jornal de Negócios]

Autor:

Pedro Ferreira Esteves.

O congelamento

«O Governo começa a parecer-se demasiado com o Abominável Homem das Neves. Congela tudo à sua volta. Pior: às vezes exerce os seus poderes de arca congeladora sem que se veja, como aconteceu com o congelamento das reformas antecipadas, feitas no segredo de alguns deuses. 


Sabe-se que os parceiros sociais servem, na óptica dos executivos, para umas fotos turísticas de coesão que se podem vender aos mais distraídos, mas o Governo escusava de ser tão cruel. Poderia ter avisado sobre o que ia fazer. 


É certo que as crises têm sempre o condão de fingirem que algo se move quando os vícios de sempre se mantêm estáticos. Repare-se num pormenor: Passos Coelho foi dizer em língua alemã que pode não regressar aos mercados em 2013. Começa a haver no Governo uma política de melancia: um discurso para dentro e outro para fora. Ao dizer fora o que nega dentro de portas Passos Coelho faz o que jurara renegar. 


Em Portugal não há ilusões: dialogar de forma transparente com a sociedade é uma dor de cabeça para qualquer Governo. Olhe-se para outro exemplo: a Maternidade Alfredo da Costa é o refúgio seguro das parturientes. Agora solta-se a notícia que pode acabar, dividindo-se as equipas por diversos hospitais. 


Há sentido numa decisão destas? Destrói-se a melhor unidade portuguesa, em vez de ser ela o centro? Para quê? Por razões financeiras? O Governo parece estar na fase de conseguir congelar os seus próprios neurónios. E, com isso, transformar em gelo o próprio país. Sem usar o bom-senso e ao olhar só para a contabilidade o Governo está a assemelhar-se ao Yeti: há quem diga que existe.» [Jornal de Negócios]

Autor:

Fernando Sobral.
    

 Boas notícias para o Gaspar

«A actividade económica em Portugal deverá continuar a cair em Portugal, mas poderá apresentar melhorias na Grécia e Irlanda nos próximos meses e mesmo na totalidade da zona euro, prevê a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).» [CM]

Parecer:
 
A economia portuguesa está no bom caminho.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se os parabéns ao Gaspar.»
  
 O cinismo segundo Cavaco Silva

«O Presidente da República evocou hoje "razões de interesse nacional" para justificar a promulgação do diploma que 'congela' as reformas antecipadas, mas lembrou que a promulgação não significa o acordo do chefe de Estado a todas as normas.

"Pedi informações ao Governo, ele forneceu-me todas as informações que foram solicitadas e, face às razões de interesse nacional que me apresentou, entendi que não devia obstar à entrada em vigor do diploma", afirmou o Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva, em declarações aos jornalistas no final da inauguração da nova sede da Microsoft em Portugal» [DN]

Parecer:

Dante pedia maiorias alargadas, agora promulga em segredo mesmo quando não concorda.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «DFaça-se um sorriso condescendente, não há forma de correr com um Presidente da República.»
  
Autarquia catalã quer pagar dívida com produção de marijuana

«O referendo sobre a plantação de cannabis está a decorrer com "normalidade", disse ao Expresso a porta-voz do munícipio de Rasquera, em Espanha, onde cerca de 800 habitantes decidem até às 21h locais (20h em Lisboa) se aceitam este projeto para ajudar a combater a dívida. 


A medida faz parte do plano anti-crise 2012 para o munícipio espanhol, que prevê resolver uma dívida de 1,3 milhões de euros, através do aluguer de terrenos públicos para a plantação de cannabis, um projeto que poderá render 550 mil euros por ano.» [Expresso]

Parecer:

Por cá nem isso podemos fazer.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sugira-se a ideia ao Gaspar, talvez os pátios do MF tenham melhor uso do que servir de parques de estacionamento.»
  
Uma excelente notícia para o Gaspar

«A 14 de Abril, os navios petroleiros vão transportar nas principais rotas internacionais cerca de 488,8 milhões de barris de petróleo, o que corresponderá a um aumento de 3,9% em relação ao petróleo transportado por navio na semana anterior, refere a FuturesMag www.futuresmag.com citando dados do Dow Jones.


Este aumento de compras em contratos de futuros não corresponde à tendência de redução do consumo internacional de petróleo e produtos refinados - que está em queda na Europa e em desaceleração na Ásia - e inflaciona os preços internacionais dos combustíveis.» [Expresso]

Parecer:

Parece que o mundo se uniu para ajudar o Gaspar a tramar os portugueses.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Mandem-se felicitações ao sortudo Gaspar.»
  
A anedota do dia

«O primeiro-ministro português, Pedro Passos Coelho, disse hoje que o encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC), em Lisboa, visa "aproveitar o melhor possível as equipas técnicas que estão em funcionamento" naquela unidade hospitalar.» [i]

Parecer:

Passos Coelho tem as suas própria opiniões e está convencido que quando os portugueses o ouvem ficam embevecidos, por isso veio em socorro o irmão Macedo para justificar o encerramento da maternidade Alfredo da Costa. Parece que a maternidade é vítima do seu sucesso e como é considerado um serviço de excelência extingue-se e repartem-se os seus médicos pelos serviços que funcionam mal. É o equivalente à inseminação artificial.

O problema deste governo é que odeia o SNS não pelo seu custo mas sim pela sua qualidade, funcionando bem faz concorrência ao sector privado e a verdade é que há muito que em Lisboa deixou de ser moda ter filhos em clínicas privadas, as lisboetas preferem as maternidades públicas e entre estas a MAC é reconhecidamente uma boa maternidade.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se.»
  
Mais uma anedota com duas pernas

«A UGT está contra o tratado europeu e o seu líder, João Proença, sugere que esta seria uma boa altura para o PS se demarcar do caminho seguido pela União Europeia, que aposta sobretudo na austeridade em detrimento do crescimento e do emprego.» [i]

Parecer:

Este vendeu o ouro ao bandido e agora vem dar lições ao PS. Para tramar os trabalhadores que não pertencem à sua central valeu de tudo, agora arma-se em rebelde.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Vomite-se mais uma vez porque apesar de ser uma anedota não dá para rir.»
  
Até tu Bento?

«O economista Vítor Bento defendeu hoje que é um erro grave determinar uma data concreta para Portugal regressar os mercados internacionais, na medida favorece a especulação financeira, numa conferência realizada na Universidade do Algarve.


"Acho que será um erro grave se alguém fixar uma data precisa para dizer que Portugal regressa aos mercados. Quem conhece os mercados financeiros sabe que quando se dá, numa situação de instabilidade, uma data para seja para ou que for, constitui-se um ponto focal para a especulação financeira. Portanto a especulação tem um ponto focal do qual só pode ganhar", afirmou o também conselheiro de Estado.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Um conselheiro de Cavaco a dizer uma coisa destas?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se a Passos Coelho se insiste no seu dia 23 de Setembro de 2013.»
  
Sonangol quer hospitais da CGD

«A Sonangol comunicou ao ministro das Finanças, Vítor Gaspar, o seu interesse na aquisição da HPP – Hospitais Privados de Portugal, que pertence ao universo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), durante a visita deste a Angola, no final do Março. A notícia é avançada pelo site Macauhub, que por sua vez cita o África Monitor, uma publicação de comunicação restrita.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Isto é engraçado, os comunistas do mundo inteiro estão a comprar o país e este Gaspar mais parece um caixeiro-viajante, já só falta Cuba comprar o Alentejo para aí produzir açúcar e bananas.
  
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Bendito SNS.»
  
NISSAN cria mil empregos no Reino Unido

«A fabricante automóvel Nissan irá criar mais de mil novos postos de trabalho no Reino Unido. O anúncio foi feito hoje pelo primeiro-ministro britânico, ao chegar ao Japão para uma missão comercial no sudeste asiático.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Um dia destes vão lá instalar a fábrica de baterias que não instalaram em Portugal.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»
  
Homofóbicos têm um pé no galho

«As pessoas que têm mais reações contra os homossexuais são aquelas que apresentam maior atração por pessoas do mesmo sexo e que cresceram em ambientes familiares que reprimiram esses mesmos sentimentos, lê-se nas conclusões de um estudo internacional.» [JN]
  
Governo vai cravar comércio alimentar

«O Governo pretende criar uma taxa de saúde e segurança alimentar, cujo valor ainda se desconhece, a pagar pelos estabelecimentos de comércio alimentar por grosso e a retalho, segundo um decreto-lei que deverá ser aprovado em Conselho de Ministros na quinta-feira.» [Público]

Parecer:

Esta ministra é mesmo muito católica, leva muito a sério o "venha a nós o vosso reino" e arranjou uma taxa que faz com que os comerciantes cobrem aos seus clientes um imposto para ajudar os agricultores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Solicite-se uma opinião ao merceeiro holandês.»
  
Cair em desgraça na China é mesmo uma desgraça

«A mulher de Bo Xilai, em tempos apontado como futuro Presidente da China, foi detida e acusada pela morte de um cidadão britânico em Novembro do ano passado, num novo episódio da guerra de poder que se trava nos bastidores políticos de Pequim.» [Público]

Parecer:

Vamos ter que nos habituar a isto, um dia destes a nossa bandeira ainda vai ter quatro estrelinhas e não são estrelas de cinco pontas da maçonaria.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «O Mexia e o Catroga que se cuidem.»