Se a Maternidade Alfredo da Costa fosse uma “tea party” da direita, uma fundação do género da Soares dos Santos poderia continuar a existir, poderia usar os impostos que o merceeiro holandês desvia para a fundação para pagar a jornalistas duvidosos ou a intelectuais de esquerda disponíveis para vender a alma ao diabo. Agora teriam o futuro assegurado, o governo descobriu que as fundações servem muitos dos seus amigos tendo perdido a vontade de cortar nestas gorduras.
Se a Maternidade Alfredo da Costa fosse uma PPP teria a sua sobrevivência garantida, depois de todas as promessas e apesar de a renegociação das PPP constarem no memorando o governo descobriu que neste capítulo Portugal é o Estado de direito que não é quando estão em causa os direitos dos trabalhadores ou a sobrevivência dos mais pobres. Protegida por uma PPP dos Mellos ou de outros nomes com dois “l” a Maternidade Alfredo da Costa sobreviveria.
Não sendo uma iniciativa “tea party” do sociólogo de esquerda ou do merceeiro holandês a Maternidade Alfredo da Costa teria boas possibilidades de sobreviver se fosse uma fundação de algum notável das televisões, todos os que ganham fortunas na advocacia ou em negócios que estão ao abrigo das medidas de austeridade têm fundações para ficarem também ao abrigo dos impostos. Mas a maternidade Alfredo da Costa não pertence a nenhum advogado ilustre, de preferência um dos muitos notáveis que passam as noites nos estúdios de televisão.
Se a Maternidade Alfredo da Costa fosse um dos muitos hospitais de província onde o irmão Macedo está colocando como administradores os responsáveis concelhios do PSD não lhe passaria pela cabeça o encerramento, esses hospitais são tão importantes para o PSD como o pão é para a boca e foi por isso que ao contrário do prometido o irmão Macedo não reduziu os lugares de administradores.
O crime da Maternidade Alfredo da Costa é ser um serviço público de excelência num país governado por gente para quem funcionário público é sinónimo de malandro, serviço público significa incompetência e a excelência é um exclusivo das empresas privadas geridas pelos irmãos Macedos.
O crime da Maternidade Alfredo da Costa é ser um serviço de saúde num país que pode exibir das mais baixas taxas de mortalidade infantil do mundo, não é aceitável um país ter uma justiça digna de sapateiros, uma classe política de bandalhos, um jornalismo da treta e no meio de tudo isto e em plena Administração Pública Estatal existir uma aldeia gaulesa que disputa níveis de excelência com qualquer maternidade de renome mundial.
O crime da maternidade Alfredo da Costa é ser um caso de sucesso num país onde tudo deve ser uma desgraça, excepto os ministros que o Passos conseguiu arranjar e os exportadores, ainda que no caso destes só possam merecer elogios desde que o Portas anda por aí com as suas diplomacias económicas, que ninguém sabe muito bem o que são mas de que dizem estar a ter excelentes resultados.
O crime da maternidade Alfredo da Costa é fazer concorrência desleal (desleal porque os serviços públicos só são leais quando prestam maus serviços) aos serviços de saúde privado dos muitos irmãos Macedos, é conseguir que boas equipas médicas opem pelo serviço público e rejeitem os bons ordenados dos hospitais privados, é estar localizada no centro da cidade quando os serviços públicos devem estar nas ruas J, é ter um edifício que daria um excelente hotel em pleno centro de negócios da capital.
Quando os portugueses deixarem de contar com um dos seus melhores serviços de saúde saberemos quem contratou os seus médicos, quem lucrou com as suas parturientes e quem beneficiou do negócio imobiliário. Nesse dia saberemos quem foram os verdadeiros criminosos do crime da Maternidade Alfredo da Costa.