Passos Coelho fez um governo pequeno para poupar e trabalhar
melhor, tem dez ministros. O problema é que o que tem a menos em ministros a
menos tem a mais em jornalistas do Diário de Notícias, tem tantos jornalistas
deste jornal como tem ministros, dez. Se somarmos todos os jornalistas (nem
vale a pena falar em bloggers) ficamos sem perceber se isto é um governo ou se é
um órgão de comunicação social. O mais grave é que uns dizem que governo não
certamente porque governa mal, os que consideram que governam bem queixam-se de
que comunica mal, isto é, nem é governo, nem é órgão de comunicação social.
Para que quer o governo tanto jornalista? Não deve ser para
comunicar melhor pois este governo é um desastre em matéria de comunicação, é
muito raro fazer o que quer que seja bem feito e quando o fez, se é que alguma
vez isso sucedeu, ninguém repara nisso. Se o governo comunica mal teremos de
concluir que os jornalistas não estão colaborando na comunicação . Ora, se os
jornalistas não estão no governo para comunicar apenas poderão lá estar para
outra coisa que eles fazem bem, para se informarem.
Isto leva-nos a questionar o que é que o governo foi
contratar ao Diário de Notícias, a capacidade de comunicar dos seus jornalistas
ou a informação ou identidade das suas fontes? O governo pretende comunicar
melhor ou controlar melhoras fontes das críticas de que é alvo, os jornalistas
estão no governo para informarem o que os ministros fazem ou para informarem o
ministro do que fazem os seus críticos e opositores? Os jornalistas informam ou
são fonte de informação?
Este saltitar de jornalistas entre as redacções e os
gabinetes ministeriais, é algo de tão estranho como seria ver as freiras
saltitarem entre o convento e uma casa de alterne, nada o impede mas que é
estranho, lá isso é! Assim como é estranho que um jornal permita este abandono
colectivo sem que o seu director fique muito incomodado e continue a escrever
os seus editoriais como se nada sucedesse à sua volta.
Este movimento migratório coloca muitas dúvidas, são dúvidas
de ordem ética em relação ao jornal, aos jornalistas e aos ministros. São dúvidas
deontológicas que se prendem com o respeito pela identidade das fontes de
informação que agora estão expostas aos governantes de quem os jornalistas são
assalariados. São dúvidas quanto à independência da comunicação social.
Estes dez jornalistas estão aproveitando uma oportunidade de
emprego que lhes é proporcionada por ministros que precisam dos seus serviços,
ou com os seus fretes ajudaram amigos políticos a chegarem ao poder para agora
serem pagos pelos favores que fizeram. Quando o PSD e o CDS estava na oposição
o trabalho destes profissionais foi jornalismo ou foi trabalho sujo feito por
gente sem princípios?
João MArcelino, director do Diário de Notícias, não tem nada a dizer?