segunda-feira, março 04, 2013

10 por 10


Passos Coelho fez um governo pequeno para poupar e trabalhar melhor, tem dez ministros. O problema é que o que tem a menos em ministros a menos tem a mais em jornalistas do Diário de Notícias, tem tantos jornalistas deste jornal como tem ministros, dez. Se somarmos todos os jornalistas (nem vale a pena falar em bloggers) ficamos sem perceber se isto é um governo ou se é um órgão de comunicação social. O mais grave é que uns dizem que governo não certamente porque governa mal, os que consideram que governam bem queixam-se de que comunica mal, isto é, nem é governo, nem é órgão de comunicação social.
  
Para que quer o governo tanto jornalista? Não deve ser para comunicar melhor pois este governo é um desastre em matéria de comunicação, é muito raro fazer o que quer que seja bem feito e quando o fez, se é que alguma vez isso sucedeu, ninguém repara nisso. Se o governo comunica mal teremos de concluir que os jornalistas não estão colaborando na comunicação . Ora, se os jornalistas não estão no governo para comunicar apenas poderão lá estar para outra coisa que eles fazem bem, para se informarem.
  
Isto leva-nos a questionar o que é que o governo foi contratar ao Diário de Notícias, a capacidade de comunicar dos seus jornalistas ou a informação ou identidade das suas fontes? O governo pretende comunicar melhor ou controlar melhoras fontes das críticas de que é alvo, os jornalistas estão no governo para informarem o que os ministros fazem ou para informarem o ministro do que fazem os seus críticos e opositores? Os jornalistas informam ou são fonte de informação? 
   
Este saltitar de jornalistas entre as redacções e os gabinetes ministeriais, é algo de tão estranho como seria ver as freiras saltitarem entre o convento e uma casa de alterne, nada o impede mas que é estranho, lá isso é! Assim como é estranho que um jornal permita este abandono colectivo sem que o seu director fique muito incomodado e continue a escrever os seus editoriais como se nada sucedesse à sua volta.
  
Este movimento migratório coloca muitas dúvidas, são dúvidas de ordem ética em relação ao jornal, aos jornalistas e aos ministros. São dúvidas deontológicas que se prendem com o respeito pela identidade das fontes de informação que agora estão expostas aos governantes de quem os jornalistas são assalariados. São dúvidas quanto à independência da comunicação social.
  
Estes dez jornalistas estão aproveitando uma oportunidade de emprego que lhes é proporcionada por ministros que precisam dos seus serviços, ou com os seus fretes ajudaram amigos políticos a chegarem ao poder para agora serem pagos pelos favores que fizeram. Quando o PSD e o CDS estava na oposição o trabalho destes profissionais foi jornalismo ou foi trabalho sujo feito por gente sem princípios?
  
João MArcelino, director do Diário de Notícias, não tem nada a dizer?