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Nazaré
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Barcelos [A. Cabral]
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Pires de Lima, rei da cerveja
Quando o CDS quer dar um ar sério a algum comentário evita queimar o Portas e manda o Pires de Lima para a frente, com o ar de único gestor capaz de salvar o país vestindo roupa de betinho de fim de semana e com ar de estar disponível durante os tempos livres o gestor lá diz duas ou três patacoadas.
Desta vez foi o último sócio do Sporting a votar e dali seguiu para uma reunião do CDS onde se chegou à brilhante conclusão de que o governo está a pedir uma remodelação. E uma remodelação de quem? Uma nova orientação política para substituir o Relvas pela passagem de portas a número dois e um novo ministro da economia para que Portas fique em exclusivo com o investimento estrangeiro.
Percebe-se a intenção do Pires de Lima, promover Paulo Portas e tentar tirar o CDS do taxi em que se está metendo com a mediocridade do governo no seu conjunto.
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«Não há cidadão minimamente interessado na coisa pública que não esteja preocupado com a saúde do nosso sistema político. Só alguém muito distraído ou desinteressado pode ignorar que os principais partidos estão reféns de caciques sem ideologia ou pensamento político e que parte importante dos candidatos a cargos políticos são escolhidos não em função das suas qualidades mas da cega fidelidade a quem manda no partido.
Não é difícil prever que os partidos não se auto-regenerarão. Talvez o pessimismo dos tempos me tenha também afectado, mas não acredito que o monstro abdique do seu próprio poder. Ou então trocará um bocadinho por ainda mais. É nisso que as máquinas partidárias se transformaram: pensam só e apenas no poder.
Também poucos desconhecerão a cada vez menor capacidade da vida política atrair os melhores e os mais capazes de nós.
As razões são muitas, desde logo o bloqueio que as máquinas partidárias realizam actuando como filtro: estando dominadas por medíocres, dificilmente deixam não medíocres crescer dentro da estrutura. Mas há outras e igualmente importantes: o discurso populista contra os políticos, o nível de devassa da vida privada a que ficam sujeitos e as baixas remunerações que auferem. Sim, é verdade. É absolutamente inacreditável que um cidadão que gere uma cidade como Lisboa ou como o Porto traga menos de 3000 euros para casa ao fim do mês. Ninguém, sendo honesto, vai para a política com o objectivo de ficar rico, mas há limites minimamente justos de remuneração face ao trabalho e à responsabilidade.
A semana passada, um conjunto de cidadãos divulgou um documento intitulado "manifesto pela democratização do regime" com algumas ideias para a reforma do sistema político. Não cabe aqui a análise das suas propostas. Algumas concretas, mas outras demasiado genéricas ou mesmo muito vagas. O fundamental é salientar a importância da acção, a vontade de participar, a constatação de que a comunidade ainda não foi vencida pela apatia.
Outros manifestos se seguirão. Alguns, infelizmente, com uma linha populista, aqueles que serão contra os partidos, contra a política e contra os políticos, ou seja, contra a democracia. Outros, espero muitos, com objectivos sérios e procurando reforçar e reformar a democracia.
O grande problema que vejo em todos estes documentos, nomeadamente no referido, já apresentados e por apresentar (sim, é um palpite), é a tentação, ou melhor, o profundo erro de confundir o actual estado económico do País com os problemas do nosso sistema político, nomeadamente o papel dos partidos. É que vamos ver se nos entendemos: não foi por défice de representação que foram cometidos os erros na governação; as raízes da nossa crise até podem estar relacionadas com problemas de representação política, mas não local e sim europeia; as políticas de que estamos a ser vítimas não são consequência dos problemas dos nossos principais partidos, estão muito para além deles; os nossos défices estruturais históricos, a nossa estrutura económica não foi propriamente criada pela incompetência da actual classe política.
Mais, quer queiramos quer não, é muito aos nossos políticos que devemos o autêntico milagre de desenvolvimento social e político que se deu nos últimos trinta anos.
O que não surpreende de todo é o facto de aparentemente a comunidade se preocupar com a saúde da democracia e do sistema político no momento em que a recessão económica e o desemprego grassam. Sou suficientemente antigo para me lembrar do último estertor cavaquista no Governo, dos governos socialistas e dos amigos em tudo o que era administração de empresas públicas e afins. Sei também quem são os políticos sobre quem impendem acusações graves de corrupção e pior. São do tempo em que tudo corria bem, não é?
Pois, tudo corre bem na democracia quando há pão e emprego, mas não há fé na democracia que resista à sua falta. E só nessa altura é que se põe tudo em causa.
Claro que temos de lutar por todos os meios para melhorar a nossa democracia, convém é não confundirmos os seus actuais graves problemas com os males que estamos a passar e metê-los todos no mesmo saco. Nem ajudamos a reformar o sistema nem ajudamos a encontrar soluções para a crise económica e social que atravessamos.» []
Pedro Marques Lopes.
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«Telmo Correia foi o porta-voz da reunião da Comissão Política Nacional do CDS-PP realizada entre sábado à noite e hoje de madrugada e, segundo o relato que fez aos jornalistas, "o presidente do partido não expressou uma opinião final sobre isso, registou as várias opiniões" relativas a eventuais mudanças no Governo.
"Essa é essencialmente uma matéria de Governo e, em primeira linha, uma matéria do primeiro-ministro. O interlocutor do primeiro-ministro nessa matéria é, obviamente o líder do CDS-PP e também ministro de Estado. Ele, para já, ouviu essa mesma matéria. Foi aquilo a que eu assisti: ouviu essas opiniões. Oportunamente, obviamente, saberão o que é que o CDS-PP tem ou não tem a dizer sobre essa matéria", afirmou.» [Notícias ao Minuto]
Parecer:
É o que parece.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
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«O social-democrata Luís Marques Mendes traça uma dura análise ao Executivo liderado por Pedro Passos Coelho. “O primeiro-ministro tem de antecipar e fazer já a remodelação [governamental] que provavelmente só pensava fazer depois das autárquicas”, defendeu o ex-dirigente partidário no seu novo espaço de opinião na antena da SIC. Passos “está encurralado. Se agir, reganha a iniciativa política. Se não fizer isto, entramos no caos. No pântano político”, assinalou ainda Marques Mendes.» [Notícias ao Minuto]
Parecer:
Já se sente a presença de Sócrates, até o Marques Mendes que ganha a vida com a informação do governo já endureceu a posição.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Diga-se ao Relvas que se cuide, o M&M anda, anda e ainda se atira a ele.»
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