segunda-feira, março 18, 2013

A caminho da catástrofe

Apesar da imbecilidade alvariana da eliminação dos feriados, da fantochada de Passos Coelho na terça-feira de Carnaval e da liberalização dos despedimentos algum investidor estrangeiro manifestou interesse em investir em Portugal?

Algum empresário estrangeiro está programando um investimento significativo no país?

Algum quadro qualificado está procurando emprego em Portugal?

Algum banco português ou estrangeiro aposta no financiamento da economia ou das suas pequenas e médias empresas?

A resposta a todas estas perguntas é não, a economia portuguesa continua à deriva e parece um petroleiro que perdeu o leme, e que navega a alta velocidade em direcção às rochas, é imparável e nesta altura nem o governo, nem a troika conseguirão inverter esta tendência. Mesmo que abandonem os seus bons princípios liberais não conseguirão convencer um único investidor estrangeiro a investir num país que conduziram a uma situação em que está à beira de um colapso social de consequências imprevisíveis.

De nada serve um Gaspar alérgico a medidas que promovam o crescimento vir agora balbuciar uma aposta no crescimento, com a sua pinochetada fiscal levou o défice a níveis absurdos e com a dívida soberana quase 40% acima da deixada por Sócrates Portugal está mais perto da mendicidade do que da capacidade de promover o crescimento. Com Sócrates o país estava em dificuldades, mas crescia e ainda podia estudar soluções alternativas. Com Gaspar Portugal deixou de estar em dificuldades, agora é um estado sem-abrigo e incapaz de equacionar soluções.

O desemprego vai continuar a aumentar, as pequenas empresas continuarão a falir aos milhares, as empresas de média dimensão dificilmente se conseguirão manter. Bastará uma quebra nas exportações para que a economia se desmorone como um baralho de cartas. A experiência diz-nos que tal pode suceder a qualquer momento, uma qualquer crise,  uma qualquer previsão americana, um qualquer incidente de fronteiras pode desencadear uma alta do preço do crude, uma valorização do euro ou uma quebra na procura dos nossos parceiros. A economia portuguesa está mais vulnerável do que alguma vez esteve e basta uma pequena quebra na procura externa para que pelo impacto directo ou pela incerteza que conduz a uma quebra na procura interna, para que tudo descambe.

A espiral recessiva é uma realidade e o risco de se agravar é bem maior do que a probabilidade de ser travada, Portugal está entregue ao factor sorte, é governado por técnicos estrangeiros de competência mais do que duvidosa, tem um governo cujo QI está entre a deficiência mental e a imbecilidade, os gabinetes governamentais estão cheios de jotas em quem nem os pais confiam, a banca só quer lucros fáceis obtidos no crédito ao consumo ou na especulação da dívida, os quadros mais qualificados fogem do país, a incerteza é cada vez maior com um governo tarado que ao mesmo tempo que acena com menos austeridade diz que vai despedir dezenas de milhares de funcionários públicos.

Portugal caminha para uma catástrofe económica e social, é o preço que terá de pagar pelo oportunismo de políticos que viram no PEC IV a oportunidade de derrubarem o governo para chegarem ao poder, para terem mais meia dúzia de deputados ou para se vingarem de um primeiro-ministro incómodo. O PSD, o CDS, o PCP, o BE, os professores, os magistrados do Ministério Público, os jornalistas do DN e Cavaco Silva estão todos de parabéns, conduziram o país à bancarrota, ao colapso social e, muito provavelmente, à beira de uma guerra civil.