Para os senhores do 4.º Reich não há um problema de
sobrevalorização do euro, a globalização só trouxe benefícios e os custos e
proveitos de uma união monetária feita à pressa são distribuídos
equitativamente. Esta é a tese da senhora Merkel, do estado maior da Wehrmacht,
agora instalado na sede do BCE em Frankfurt, bem como de todos os gemanófilos, germanofilozinhos
e banqueiros locais de ascendência alemã.
Se as coisas correram mal em Portugal é porque os
portugueses são um povo inferior de gente pouco dada a trabalhar, só querem
beber e descansar, um misto entre pretos e ciganos. Aliás, é um mal comum aos países
do sul, nem a Itália escapa a esta doença climática do Mediterrâneo, mesmo
sendo um velho aliado da Alemanha nunca mereceu grande confiança pois desde
Mussolini que gostam de ser dirigidos por palhaços.
Portanto o problema de Portugal não era económico, o país é
com um computador com o disco danificado, ocupado por vírus e com software
demasiado lento. Não bastava um upgrade, era necessário reformatar, reparar o disco,
eliminar o software inadequado, instalar novos programas e reorganizar os
ficheiros.
Isto significava que os portugueses tinham de ser
reprogramados, muitos deviam ser convidados a emigrar, uma boa parte das
empresas deviam ser encerradas e os seus recursos serem usados pelas novas
empresas. O país devia ser tratado como um computador, pouco importando o que
sucederia enquanto este estivesse em reparação. Tira-se português daqui e
põe-se ali ou manda-se para acolá, fecha-se uma empresa aqui e cria-se um
directório de empresas ali, as que estiveram a mais, bem como os portugueses
considerados inúteis, incapacitados ou politicamente inadequados deverão ir
para a reciclagem e atirados para o lixo com a reformatação pois não devem
ocupar espaço durante o backup.
No fim teríamos empresas mais rápidas, menos tempo de
paragem da máquina e portugueses com os bits no lugar. O país lento e
desactualizado daria lugar a uma máquina rápida e sem paragens, o facto de ter
um processador velho pouco importa, seria útil para correr programas que já não
são usadas em máquinas como a alemã. Depois de devidamente reformatado, o país
já pode ser ligado de novo à rede do euro que tem o servidor na Alemanha.
Pouco imposta os sacrifícios humanos, a vontade dos
portugueses ou a democracia, tudo foi suspenso e cabe ao programador da
confiança da Wehrmacht decidir quem pode continuar em Portugal, quem enriquece,
quem empobrece, quem pode ser curado num hospital público ou quem pode ir à
escola. Durante o período de ocupação esse programador, equiparado a
sargento-mor da Wehrmacht, tem plenos poderes para fazer o que bem entender aos
indígenas, escolher os mais aptos para trabalhar, meter nos combóios com
destino à Alemanha os que estiverem a mais mas forem aptos para trabalhos na
emigração, nacionalizar os recursos dos que forem considerados parasitas.
O país ou aceita a reformatação, pagando os juros e as
devidas comissões, ou trata os ocupantes com subserviência e proporcionando-lhe
instalação nos melhores hotéis, ou não leva mais dinheiro. Quem o costuma dizer
é o controleiro do sargento-mor da Wehrmacht, um tal Simon O’Connors.