domingo, março 03, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
 photo _ganso-do-egipto_zpsd7e90b94.jpg

Juvenil de ganso-do-Egipto na Quinta das Conchas, Lisboa
   
Imagens dos visitantes d'O Jumento
 
 photo Alcochete_zps967c1256.jpg
   
Alcochete [A. Cabral]

 photo troika-faro-2_zpsb5178bbc.jpg

 photo Troika-Faro-1_zpsdc1c7812.jpg
 
Que se lixe a troika, Faro [A. Moura]

Jumento do dia
  
Teresa Caeiro
 
Teresa Caeiro não foi à manifestação nem havia um único português qie a esperasse ver, era como se vissem uma freira numa casa de putas, a senhor é da direita lá da pontinha mais à direita, é uma incondicional de Paulo Portas e não faria sentido ela ser contra o governo ou que quer que seja que tresande a direita.

Mas o problema da senhor não está em ir a uma manifestação, está no facto de achar que alguém lhe ouve os argumentos contra a manifestação ou que a leve a sério. Quem é Teresa Caeiro para questionar quem não tem a sua opinião, que ideias novas apresentou ela para agora as exigir dos outros, que política de sucesso apoia, que resultados positivos tem para apresentar aos que usufruem do direito de não pensar como ela?

O problema das pessoas como Teresa Caeiro é não perceberem nem aceitarem que os que não concordam com ela têm opiniões igualmente válidas e são tão portugueses quanto ela. Mas este é um velho problema da direita portuguesa, apenas tolera a democracia porque deixou de conseguir impor uma ditadura. Azar ó Teresa, terás de continuar a ouvir as opiniões dos que pensam de forma diferente, é uma chatice mas vai continuar a ser assim.
 
«Não vou e nunca iria a uma manifestação como a que se prepara para o dia 2 de Março de 2013. Citando Paulo Portas, “ninguém são de juízo dirá que tudo está bem”. É evidente que as coisas não estão bem: uma taxa de desemprego acima dos 17% é uma calamidade; a deterioração das condições económicas maior do que se previu; a consolidação orçamental está a ser mais lenta do que se pretendia; a crise é mais profunda do que esperado e a carga fiscal atingiu o limite do suportável pela classe média. Precisamos de mais tempo para diminuir o défice, de um período mais alargado para uma redução estrutural da despesa corrente e de maior tolerância para cumprir o programa que nos devolverá a soberania plena. Precisamos de aceleradores da economia sem entrar no despesismo que nos obrigou ao pedido de resgate. Temos de ter a lucidez de compreender que o Memorando de Entendimento deve ser ajustado às realidades com que nos vamos confrontando. E há que ter noção de que não é possível exigir o esforço tremendo pedido aos portugueses sem um mínimo de compreensão da população.

Dito isto, os “lixem-se” não representam a população portuguesa e não encontro no slogan simplista “que se lixe a troika” e no entoar do “Grândola” em todas as esquinas qualquer vislumbre de pensamento ou de propostas alternativas. Aposto que a maioria dos que se reúnem hoje não lutaram pela liberdade e pela democracia: receberam-na de bandeja e beneficiam - felizmente - dessas conquistas. Tomam-na como garantida, para sempre. Mas esquecem que a liberdade implica responsabilidade, nomeadamente o dever de contribuir de forma construtiva para que ela se perdure. E a democracia exerce-se nos actos eleitorais, de quatro em quatro anos. Seria interessante saber quantos dos que se “indignam” e mandam a troika lixar--se, exerceram este direito/dever nas últimas eleições.

A contestação faz parte da democracia, e ainda bem. Mas contestar por contestar não contribui para a solução dos problemas, nem dignifica a liberdade. As grandes concentrações de 15 de Setembro, transversais a toda a sociedade e faixas etárias, tinham uma mensagem precisa e concreta: não aceitamos uma redução dos nossos vencimentos para uma medida sem retorno perceptível. E tinham razão.

Já os que querem que “a troika se lixe” não apresentam uma única ideia. A não ser, claro… que se lixe tudo. E da pouca substância que se retira das forças políticas que os apoiam não há uma medida que não levasse o país à ruína, a uma desvalorização de mais de 80% do nosso PIB (leia-se das posses de cada um de nós) e a tornarmo-nos uns párias internacionais durante gerações e gerações.

Deixo umas perguntas, às senhoras e senhores que hoje estão num afã a pintar cartazes e a afinar as vozes: a um ano e meio do fim do programa de resgate é altura de romper tudo ou tentar cumprir a nossa parte para recuperar a nossa soberania? E preferem, hoje, estar em Portugal ou na Grécia? E preferem que se lixe a troika ou que se lixe Portugal?» [i]

 Governo fantoche

Um governo pode ser juridicamente legítimo, pode invocar a Constituição que despreza, odeia e desrespeita para justificar a sua permanência no poder, mas a verdade é que um governo que governa contra o seu povo, que segue um programa secreto em quem ninguém votou e que tem contra si quase todo o povo é um governo fantoche. Dizem que a Itália escolheu palhaços, nós temos fantoches e uma governação que não passa de uma imensa fantochada.
 
 O que é feito do Relvas
 
Desde que os estudantes correram com ele do ISCTE que o ministro desapareceu, terá, finalmente, percebido quanto é odiado e desprezado pelos portugueses ou precisará de mais demonstrações de rejeição? Se não o entender terá de ir à Lusófona ver se dão a equivalência de inteligentes a políticos burros.
 
 A manifestação

Mais do que um aviso a Passos Coelho, à direita e aos banqueiros oportunistas que estão vivendo à custa dos portugueses a grande manifestação foi um aviso a António José Seguro. Se o líder do PS anão percebeu que o povo se divorciou do poder está cometendo um erro grave. O mesmo povo que aceitou inicialmente o memorando não aceita a brutalidade das medidas que resultaram de sucessivas revisões do memorando feitas pela troika e pelo governo de extrema-direita que está no poder.
  
O governo ainda governa porque se esqueceram de o demitir, pode ser legítimo mas a verdade é que é um governo fantoche no qual já nem os militantes dos partidos que o sustentam se revêm nele, é um governo que governa segundo as ideias de um ministros das Finanças que ninguém ouviu, ninguém conhecia e nem sequer foi candidato a deputado.
  
Se Seguro não percebeu isto arrisca-se a ter o mesmo destino do seu amigo Passos Coelho. Seguro está convencido de que os portugueses serão obrigados a votar nele mas arrisca-se a cometer um erro grave, para o perceber basta olhar ao que sucedeu na Itália. Palhaços por palhaços os portugueses poderão optar por palhaços nacionais em vez dos palhaços impostos, sugeridos ou tolerados pela troika. O PS corre um sério risco de perder as próximas eleições pois votar independência pode ser votar contra os que apoiam esta política e a verdade é que a diferença entre Passos e Seguro não está na natureza das medidas, está no tamanho do prato, Passos é defensor de uma dose, Seguro apoia tudo o que Passos decide mas limita-se a sugerir meia-dose.
  
O governo caiu na tarde de 2 de Março e com o governo caíram os que não perceberam este facto, muito provavelmente Cavaco Silva e António José Seguro.


  
 Bife à Marrare só a marrar
   
«A recuperação está aí, basta olhar para o prato. Ainda ontem os conselhos da Isabel Jonet eram para não comermos bife e hoje já se discute o tipo de bife: só de vaca! Bife à Marrare, só a marrar. Esta mania dos bifes, falo dos ingleses, de que a função do cavalo é alimentar-lhes o vício das apostas e não ser servido às postas, tornou-se a preocupação nacional. Lendo os jornais, parece que o pior que pode acontecer aos portugueses não é o desemprego, é dar uma dentada no prego (de vaca) e outra na ferradura. O velho provérbio sobre enganados, comer gato por lebre, hoje transformou-se no pesadelo de alguns gramas de cavalo na nossa lasagna de vitela. Engolirmos o BPN, ainda vá lá, agora picarmos com garfo o que nasceu para ser picado por esporas, não! Aqui chegados, há que dizer que a crise é global. Ontem, o Le Monde anunciava que a ASAE sul-africana encontrou na carne seca de antílope, pitéu local, vestígios de girafa. Ao que chegou a ousadia dos traficantes: tentar esconder girafa, o mais notório dos animais! Entretanto, soube-se que na origem da crise do cavalo estava, claro, Bruxelas. Em 2007, uma diretiva europeia impôs à Roménia normas rodoviárias: nada de carroças puxadas a cavalo. Nesse tempo, havia 750 mil carroças romenas e o preço da carne de cavalo era pouco inferior ao de vaca. Agora, o preço da carne de cavalo caiu para um quarto... Expulsai o natural das estradas, ele volta a galope para o prato.» [DN]
   
Autor:
 
Ferreira Fernandes.
   

 Muitas razões para 'grandular'
   
«Ficámos ontem a saber, através do insuspeito Eurostat, que a taxa de desemprego em Portugal voltou a subir em janeiro, cifrando-se agora nos 17,6%. Isto é, quase um milhão de portugueses contabilizados sem trabalho, o que significa mais de milhão e meio de desempregados reais. A evidência é tal que o ministro da Economia já admitiu o falhanço. Paulo Portas foi mais longe e assegurou que "só uma pessoa que não está no seu são juízo é que diz que está tudo bem". Porém, há precisamente uma semana, o primeiro-ministro garantia em Viena estarmos "na direção correta" e não existir "necessidade de alterar a trajetória".

Se outros motivos não existissem, o autismo e a obstinação que conduzem Pedro Passos Coelho à negação permanente da realidade seriam razões de sobra para que um mar de gente saísse à rua, no exercício legítimo de "um sobressalto cívico". Ontem como hoje, as palavras de Cavaco Silva a 9 de março de 2011 em que incentivava à indignação da sociedade civil e desafiava os jovens para que fizessem "ouvir a vossa voz porque este é o vosso tempo" não podiam ser mais adequadas. A diferença é que hoje, além de estar sitiado em Belém (de onde não sai há um mês), o Presidente da República, cujo maior poder é o da palavra, mantem o silêncio preferindo entreter-se a distribuir medalhas ou com questões de semântica jurídica.

A Grândola voltou pois à rua num tempo assim. Em que o desemprego continua a aumentar, em que os portugueses são acusados de pieguice e em que os jovens são convidados a emigrar, em que o confisco e o assalto fiscal são a receita de quem está no poder, em que se faz no Governo exatamente o contrário daquilo que se havia prometido na oposição de forma impune, em que a economia está feita em cacos, em que as previsões são corrigidas à velocidade meteórica de quem muda de camisa mostrando cada vez mais que os brutais sacrifícios exigidos não valem a pena, em que dentro dos próprios partidos da maioria são cada vez mais os que acusam o ministro das Finanças de estar a levar o País à ruína.

Perante os factos, o primeiro--ministro responde com apelos à "serenidade" e classifica como "radicalização" a indignação legítima de quem protesta seguindo a máxima de que "a cantiga é uma arma". Uma espécie de variação em "Pedro menor" do "nós ou o caos" cavaquista.

As reações aos protestos dos últimos dias têm revelado, aliás, uma estranha comunhão de pontos de vista entre sociais-democratas, centristas e... socialistas. Todos, ou quase todos, saíram em defesa de Miguel Relvas após a grandolada no ISCTE falando em "atentados à liberdade de expressão" e à "democracia". Mas então a democracia esgota-se no momento em que votamos? O protesto, a expressão pública do descontentamento, o "sobressalto cívico" defendido em tempos por Cavaco não são também um exercício democrático? E alguém "no seu são juízo" acredita mesmo que se atentou contra a liberdade de expressão? Mas não pode um ministro falar quando quer, como quer e onde quer? É evidente que pode e é óbvio que a democracia é tudo isto. Ou será que preferiam umas boas pedradas ou montras partidas à la grega em vez das manifestações pacíficas enquadradas pela Grândola, vila morena de Zeca Afonso? Aí, sim, estariam em causa as liberdades democráticas.

E de uma coisa tenhamos todos a certeza. É impossível governar, com ou sem memorando de entendimento para cumprir, contra a vontade e a revolta de um povo quase inteiro. Como defenderam esta semana Jorge Coelho e António Pires de Lima, numa conferência promovida pela TSF, é chegado o tempo de dizer à troika que a receita da austeridade falhou, que após quase 20 meses de sacrifícios brutais os portugueses não aguentam mais e de impor ao FMI, ao BCE e à Comissão Europeia um "memorando para o crescimento e o emprego" e o fim da escravatura fiscal a que estamos sujeitos.

Não o fazer é ignorar o sentimento do País. E é bom que o Presidente da República, a quem compete também ler os sinais, esteja atento e os saiba interpretar. Sob pena de, um dia destes, as grandoladas darem lugar ao caos social e à rutura. E o descontentamento e desencanto com os políticos e as políticas conduzam, como em Itália, ao voto maciço num palhaço.» [DN]
   
Autor:
 
Nuno Saraiva.
   
  
     
 Leviandade
   
«Luís Filipe Vieira disse ontem que um eventual perdão da Banca ao Sporting seria uma "leviandade", sobretudo quando todos os dias pessoas "passam fome", e outras ficam sem casa. O presidente do Benfica referiu, num encontro com jornalistas, que a situação financeira do "Sporting começa a ser preocupante para o sistema financeiro", adiantando que há um banco a querer sair do futebol.
  
"O justo não pode pagar pelo pecador", sublinhou, frisando que se fala de "um perdão" da Banca a dívidas do clube de Alvalade. "Os benfiquistas podem estar descansados que estamos atentos. Não podemos aceitar que haja um perdão sem consequências. Se aqueles que têm fome são postos na rua, aqueles que geriram mal vão lhes perdoar a dívida? Mais vale fugir do País", disse, sublinhando que "se houver perdão tem de haver para o Benfica também". » [CM]
   
Parecer:
 
Algo de muito errado está sucedendo quando são os homens da bola a substituir os políticos.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se a crítica.»
  

   
   
 photo Victoria-Solodar-5_zpsbef6b3dd.jpg
  
 photo Victoria-Solodar-4_zps11921039.jpg
   
 photo Victoria-Solodar-3_zpsedf0509d.jpg
   
 photo Victoria-Solodar-2_zps8940a3f1.jpg
  
 photo Victoria-Solodar-1_zpsa0b26353.jpg