A palhaçada montada pela troika e pelo governo em torno da
sétima avaliação põe a ridículo não só a política que tem vindo a ser seguida,
como evidencia a falta de credibilidade a instituições que fazem parte da
troika ou ainda a incompetência da rapaziada que aquelas instituições achou que
servia para brincar com Portugal.
A troika que fazia ameaças em público agora prolonga as
negociações, a troika que fazia chantagem com o dinheiro agora aceita negociar,
a troika que usava um palerma chamado O’Connor para avisar o povo português de
que ou aceitava tudo ou não levava a próxima tranche agora está muito
dialogante. A troika que impunha um programa económico salvador a um povo
irresponsável procura agora uma saída que ilibe as suas responsabilidades na
destruição da economia de um país.
Estas supostas negociações transformaram-se numa palhaçada
de tal ordem que um dia destes ainda vamos ter papa antes de haver avaliação e
quando o Gaspar se decidir a fazer a sua conferência de imprensa para explicar
como vai prosseguir o seu aturado trabalho de destruição do país, já os fieis
ouviram a bênção do novo papa na Praça de São Pedro, no Vaticano. A nossa sorte
é não estarmos no Terreiro do Paço, ao relento, esperando que o neto da senhor
de Manteigas venha à janela anunciar a boa nova, se assim fosse até a estátua
equestre do D. José se fartava e um dia destes o cavalo aparecia deitado.
Então não foi o Gaspar quem teve a ideia de rever as funções
do estado, ideia a que o Passos Coelho, que como se sabe é um intelectual de
primeira água, designou por “refundação” para dois ou três dias depois o
pequeno Marques Mendes ir à TVI explicar quantos milhões seriam cortados em
cada função social do Estado? Então não foi o governo que para chegar a um
corte de 4 mil milhões sugeriu ao FMI um portefólio de cortes de 12 mil milhões
num estudo que elaborou e a organização do palerma do Salassie emprestou a sua
chancela? Então não foi o governo português que organizou um debate num
palácio, com os portugueses de primeira para discutir como aumentar os impostos
e os cortes aos portugueses de segunda e criar um estado social exclusivo para
os portugueses de terceira? Então não é este governo que anda há meses a dizer
que o corte é de 4 mil milhões e que não há dinheiro para manter o estado
social?
Se assim como é que agora dizem que de um lado está a troika
a exigir um corte de 4 mil milhões e do outro está um governo a opor-se? É
evidente que toda esta avaliação é uma palhaçada pouco abonatória para um
governo e que põe em causa a credibilidade internacional do FMI e da União
Europeia.
Enfim, a dúvida é saber quem vem primeiro à janela, se o
novo papa para explicar aos fieis como vão ter de expiar os pecados do mundo,
ou se o Gaspar para explicar aos portugueses que trabalham a que penitência
adicional vão ser condenados para pagarem pelos pecados dos banqueiros e de
outros canalhas do nosso jet set económico, jornalístico, judicial e político.