sexta-feira, março 15, 2013

Vítor Gaspar, o nosso 'Maozinho' estalinista da economia


Primeiro havia alguma dívida soberana e uma crise internacional, não quiseram mais austeridade, chumbaram o PEC IV e empurraram o país para o FMI.
  
Não contentes com o memorando e enquanto meio mundo detesta a ideia de se sujeitar á brutalidade das medidas do FMI, a nossa direita inventou a política absurda, desumana e incompetente do mais troikista do que a troika.
  
No que consiste este troikismo ao quadrado? É uma política económica que combina o ultra-liberalismo com o estalinismo. É ultra liberal no ódio ao Estado, a tudo o que cheire a social, a direitos sociais, a princípios constitucionais que interfiram com a economia. É estalinista porque tem pouca consideração pelos mercados e decide ao nível central quais os sectores que devem ser salvos e quais os que devem ser eliminados.
  
A economia do país foi sujeita a um verdadeiro plano quinquenal estalinista em que se pretendia reformatar tudo e todos no pressuposto de que no fim do plano quem estava a mais no país teria emigrado, os empresários de sectores considerados inúteis estariam falidos, as empresas consideradas necessárias seriam salvas com o dinheiro cobrado aos contribuintes. Destruíram-se sectores inteiros como a restauração, o pequeno retalho ou a construção civil, ao mesmo tempo cortaram-se subsídios a todos os portugueses para com esse dinheiro tapar o buraco do BPN e emprestaram-se milhões aos bancos emprestados com dinheiro da troika cuja garantia é dada por uma política brutal para o cidadão comum.
  
Esta política estalinista é infalível e por isso sempre que os sinais de insucesso são evidente adoptam-se mais medidas brutais, o sucesso da política está acima da vontade do povo, as manifestações são para ignorar, o governo tem legitimidade, conta com um rebanho parlamentar e, portanto, podem protestar, chiar, berrar ou cantar a ‘Grândola’, as eleições serão no fim da legislatura, até lá manda o Gaspar, conta com o apoio do Passos Coelho, do sindicato financiado pela banca e do Presidente que pouco mais é do que presidente.
  
O crescimento débil transformou-se em espiral recessiva, a dívida elevada passou a galopante e insustentável, a receita fiscal colapsou, as gorduras do estado transformaram-se em obesidade mórbida, esqueceram-se da lipoaspiração das tais gorduritas e quanto aos famosos esqueletos escondidos no armário para os quais alertaram a troika numa famosa carta entregue pelo agora camarada Eduardo Catroga, devoto de Mão e das notas do BCE.
  
Mas o plano quinquenal estalinista está a ser um sucesso, como, aliás, o foram todos os planos estalinistas. Pouco importam os custos sociais, o pai que se atira ao poço com o filho de dois anos, as famílias que voltam às despedidas em Santa Apolónia. São figuras menores que não conta, gente que nasceu para aguentar nem que para isso sejam sem-abrigos, porque é mais barato dar uma sopa quente a um sem-abrigo do que um subsídio a um desempregado, menos dinheiro gasto com subsídios significa mais receitas de IRS disponibilizadas para reduzir o IRC à banca. Os bancos é que financiam a economia e segundo esta lógica quantos mais portugueses inúteis forem transformados em sem-abrigos mais dinheiro haverá para ajudar os coitados dos banqueiros.
  
Faltava um argumento para convencer os portugueses de que o plano estalinista era mesmo necessário? Inventou-se um famoso desvio colossal que foi combatido destruindo toda uma classe profissional acusada (como sucedeu com os judeus alemães) de ser responsável por todos os males do país, de viver à grande e à francesa à custa dos outros. O desvio colossal foi corrigindo expropriando 30% do rendimento de um grupo profissional. Tal como Mão perdeu uma colheita matando os pardais no pressuposto de que estes comiam as colheitas, cá o consumo colapsou e o desvio colossal provocado pelas medidas foi quatro vezes superior ao falso desvio colossal que justificaram essas medidas. Pior do que isto só a política estalinista de Mão do tempo do grande passo em frente, quando derreteram todas as alfaias agrícolas para transformar a China num grande produtor de aço e no final a china ficou com uma imensidão de entulho de aço de péssima qualidade e muitos milhões de chineses morreram à fome porque sem as alfaias não produziram alimentos.
O Portugal do Gaspar faz lembrar a China estalinista de Mo-Tse-Tung.