Foto Jumento
Manhã de nevoeiro no Terreiro do Paço, Lisboa
Imagens dos visitantes d'O Jumento
Espelho de água no Tejo [A. Cabral]
Jumento do dia
Vítor Gaspar, articulista.
Em Portugal o ministro das Finanças nada diz, nada explica, nada justifica, até parece que o país é demasiado pequeno para ele. Prefere claramente falar e escrever em Bona ou nos EUA onde parece andar armado em porta-voz do ministro das Finanças alemão. Quem o ouve até pode pensar que menda nas reuniões de Bruxelas é ele.
«O ministro das Finanças disse hoje em Washington que "o acordo alcançado para o Chipre não é um modelo para outros países". De acordo com a Bloomberg, Vítor Gaspar defendeu que o facto de os depósitos acima de 100 mil euros terem sido protegidos deve ser encarado como um precedente para a zona euro.
Este discurso vêm em sentido contrário das declarações feitas ontem pelo presidente do Eurogrupo, Jeroen Dijsselbloem, que afirmou que a 'receita' aplicada aos bancos cipriotas poderia ser um exemplo para futuros resgates europeus. Depois da bolsas terem afundado por causa destas palavras, o holandês fez um comunicado, ainda ontem ao final do dia, a referir que, afinal, o caso cipriota era "excepcional" e que cada país tem as suas especificidades.» [DE]
António Calvário: Regresso
Amália Rodrigues: Cheira bem, Cheira a Lisboa
Sugestão musical pós debate para a maralha da petição
Uma Europa nojenta
Aquilo que os senhores do novo IV Reich fizeram ao Chipre mete nojo, mais do que um resgate o acordo imposto para evitar a bancarrota da ilha foi meia bancarrota mais um pesado castigo pelas práticas financeiras. Ao mesmo tempo os cinzentos de Bruxelas promoveram uma imensa campanha de difamação contra o Chipre, passando a ideia de que era um paraíso fiscal de lavagem de dinheiro das máfias russas.
O bonito Luxemburgo não é um paraíso financeiro? Os holandeses não se estão transformando na sede de uma boa parte das empresas europeias? Os bancos alemães não fazem lavagem de dinheiro?
Os canalhas que agora dizem andar a desinfectar o sistema financeiro europeu são precisamente os mesmos que têm uma chanceler que ainda há poucos dias pisava no seu gabinete um tapete roubado aos judeus. Quanto milhões roubados aos judeus ajudaram a Alemanha e estão por devolver? Será esse dinheiro mais limpo do que os depósitos dos russos no Chipre?
Passos Coelho desapareceu?
Parece que o governo adoptou uma nova estratégia de comunicação, os ministros desaparecem e não comunicam. Há membros deste governo que despareceram há muitas semanas, a última baboseira intelectual do despedido da Goldman Sachs foi a opinião sobre as vantagens da miséria salarial.
Carta desnecessária
A carta de Seguro à troika explicando a moção de censura é uma decisão infantil desnecessária e que revela falta de respeito pela soberania nacional. Do memorando não consta qualquer promessa do PS de obedecer a um governo que governa impondo disparates, que despreza a Constituição e que ignora as promessas eleitorais. Não consta igualmente qualquer subordinação do parlamento ou dos seus partidos à avaliação política da troika e muito menos dos três palerminhas que costuma andar por cá com caras de parvos.
Seria aceitável que perante uma situação de crise política o PS assumisse publicamente as suas posições em coerência com o que assinou no passado. Mas não é aceitável que ainda antes da apresentação da moção já esteja dizendo à troika que lhes vai pedir desculpa.
A que memorando é que Seguro está vinculado? A verdade é que do memorando inicial só está em vigor a alínea que permite a sua revisão, o actual memorando não é mais do que as opiniões do extremista Gaspar caldeadas pelas sugestões dos rapazolas da troika. Tanto quanto se sabe o PS foi marginalizado de qualquer negociação e o actual memorando nada tem que ver com o inicial.
URNSUE
Para quem tem menos de 100 mil euros em depósitos na Europa vive na União Europeia, quem tiver mais passou a viver na União das Repúblicas Nacional Socialistas da União Europeia com capital em Bona e Merkel como Führer e Durão Barroso como mordomo do ninho das águias.
União Europeia morreu em Chipre
«Quando as tropas norte-americanas libertaram os campos de extermínio nas áreas conquistadas às tropas nazis, o general Eisenhower ordenou que as populações civis alemãs das povoações vizinhas fossem obrigadas a visitá-los. Tudo ficou documentado. Vemos civis a vomitarem. Caras chocadas e aturdidas, perante os cadáveres esqueléticos dos judeus que estavam na fila para uma incineração interrompida. A capacidade dos seres humanos se enganarem a si próprios, no plano moral, é quase tão infinita como a capacidade dos ignorantes viverem alegremente nas suas cavernas povoadas de ilusões e preconceitos. O povo alemão assistiu ao desaparecimento dos seus 600 mil judeus sem dar por isso. Viu desaparecerem os médicos, os advogados, os professores, os músicos, os cineastas, os banqueiros, os comerciantes, os cientistas, viu a hemorragia da autêntica aristocracia intelectual da Alemanha. Mas em 1945, perante as cinzas e os esqueletos dos antigos vizinhos, ficaram chocados e surpreendidos. Em 2013, 500 milhões de europeus foram testemunhas, ao vivo e a cores, de um ataque relâmpago ao Chipre. Todos vimos um povo sob uma chantagem, violando os mais básicos princípios da segurança jurídica e do estado de direito. Vimos como o governo Merkel obrigou os cipriotas a escolher, usando a pistola do BCE, entre o fuzilamento ou a morte lenta. Nos governos europeus ninguém teve um só gesto de reprovação. A Europa é hoje governada por Quislings e Pétains. A ideia da União Europeia morreu em Chipre. As ruínas da Europa como a conhecemos estão à nossa frente. É apenas uma questão de tempo. Este é o assunto político que temos de discutir em Portugal, se não quisermos um dia corar perante o cadáver do nosso próprio futuro como nação digna e independente.» [DN]
Viriato Soromenho-Marques.
Passos é um zero à esquerda
«Sou um feroz adepto da reciprocidade. Trato por tu quem me trata por tu. Esforço-me por tratar bem quem é simpático comigo. E que se desengane quem me trata mal, pois se espera que eu retribua maus-tratos com delicadeza o melhor que tem a fazer é esperar sentado, para não ganhar varizes. Não sou daqueles que oferece a outra face. Não consigo respeitar quem não se sabe dar ao respeito.
Vem isto a propósito de já se ter tornado claro para quase toda a gente - com a exceção das avestruzes que vivem com a cabeça enterrada nas areias de Lisboa - que o rio Minho deixou de ser uma cicatriz e reassumiu o papel de dobradiça que une o Norte e a Galiza.
É aos turistas galegos (e à Ryanair) que o aeroporto Sá Carneiro deve os seus seis milhões de passageiros/ano, um movimento 33% superior ao do conjunto dos aeroportos de Vigo, Corunha e Santiago.
A proximidade da Citroën de Vigo (a segunda maior fábrica do grupo PSA) ajuda a explicar por que é que os parques industriais de Cerveira e Arcos de Valdevez estão cheios de fábricas de componentes para a indústria automóvel.
A vizinhança da Zara (a maior cadeia mundial de pronto-a-vestir) ajuda a perceber a sobrevivência da fileira têxtil, que já tinha recebido a extrema-unção dado pelos panditas de Lisboa, monoteístas que elegeram os serviços como o seu Deus.
Ignorante das potencialidades da euro-região no atenuar do abismo de riqueza entre as duas margens do Minho (do outro lado , o rendimento per capita é 93% da média comunitária, deste lado é 62%), Lisboa torpedeia este esforço.
Para além de semear portagens na A28, com um sistema de pagamento absurdo, quis fechar a ligação ferroviária Porto-Vigo, alegando que ela não tinha passageiros suficientes. O mesmo argumento seria válido para as linhas de Sintra e de Cascais, se a CP diminuísse drasticamente a frequência dos comboios, pusesse ao serviço composições que foram novas no período entre as duas guerras e o primeiro comboio chegasse a Lisboa às 9.05!
Pressionado pelos galegos e o Eixo Atlântico, Passos Coelho recuou e anunciou obras de eletrificação e sinalização que permitiriam que os 75 km da ligação ferroviária entre o Porto e Viana demorassem apenas 50 minutos (em vez das atuais duas horas), e que a duração da viagem para Vigo diminuísse de três horas para 1,50 horas.
A promessa de Passos de inscrever no QREN uma verba de 50 milhões de euros (metade do que custou a nacionalização dos esgotos de Lisboa) para a modernização da Linha do Minho não foi escrita na pedra. Na verdade, só inscreveu cinco milhões - apesar de 85% do investimento ser comunitário.
No caminho entre a promessa e a sua realização perdeu-se um zero à direita, o que faz do primeiro-ministro um zero à esquerda.
Viana do Castelo continua sem cinemas, cercada por portagens, com os estaleiros moribundos por incúria de quem governa, sem Alfa ou Intercidades e servida por um comboio do tempo do faroeste. Como é que havemos de respeitar Passos, se ele não se sabe dar ao respeito?» [JN]
Jorge Fiel.
«final, quem tem medo do lobo mau? Vamos esquecer o Capuchinho Vermelho ou os Três Porquinhos porque esta não é uma história para crianças. É a história de um país bacoco que lida mal com o carisma alheio, procurando justificar o desmoronamento político que se avizinha com um passado já devidamente escrutinado. É, também, a história de um país que, à falta de outros argumentos e entretenimento, avança com patéticas petições públicas por tudo e por nada. A mais mediatizada dos últimos tempos é, pasme-se, para impedir que um ex-primeiro-ministro seja contratado (e, ainda por cima, probono) por uma televisão para um novo espaço de comentário político. A aparição de José Sócrates deverá ser analisada a dois níveis distintos, ainda que estas coisas estejam todas ligadas.
O primeiro é político. O insuspeito social-democrata e, por sinal, comentador Marques Mendes acha que o regresso de Sócrates pode ser "mortífero" para o Governo. É certo que o peso do antigo primeiro-ministro vai transformar, ainda mais, a oposição de Seguro numa brincadeira de meninos, mas Mendes tem razão quando afirma que será Passos o verdadeiro alvo de Sócrates. O ex-líder socialista ferve em pouca água vezes de mais para evitar ajustar contas de tudo o que dele foi dito pelos membros do atual Governo. Nesta revisão do passado recente, Sócrates não deverá igualmente deixar Cavaco Silva em sossego.
O segundo nível do regresso de José Sócrates é jornalístico. Ao ir buscar para o ecrã o mais odiado - mas também amado - dos ex-primeiros-ministros, a RTP protagonizou uma contratação surpreendente. E, de uma só vez, atirou para segundo plano os políticos comentadores da concorrência: Marcelo Rebelo de Sousa na TVI (e as suas mais do que previsíveis análises com direito a réplicas na generalidade da imprensa); e Marques Mendes, recentemente seduzido pelos encantos da SIC e que aos espectadores se apresenta muito mais como a correia de transmissão de um qualquer 'garganta funda' da esfera governativa do que como o comentador que quer ser.
Sócrates no ecrã vai eclipsar os seus pares e garantir, sem grandes margens de erro, audiências à RTP.
Eram, portanto, previsíveis as reações à ousadia da televisão pública. José Sócrates foi, para o bem e para o mal, o mais carismático dos líderes portugueses dos últimos anos e esse é um património que uma (breve) ida para Paris não apaga. O que não se esperaria é que o seu eco transbordasse as fronteiras nacionais.
A sua contratação televisiva mereceu ontem generosas referências na imprensa de Direita no país vizinho. O "La Vanguardia", de Barcelona, escreveu que "em Espanha ninguém poderia imaginar que no canal 1 da TVE, logo após o Telejornal, aparecesse José Luis Zapatero [ex-chefe do Governo socialista] para comentar a atualidade política semanal". O "El Mundo", de Madrid, refere a multiplicação de petições online contra e a favor da passagem de Sócrates "de primeiro-ministro a tertuliano" televisivo, referindo ainda as suas responsabilidades na crise iniciada em 2008, mas sem admitir que, se Sócrates cá tivesse continuado, haveria sempre a hipótese de, tal como em Espanha, estarmos sem resgate e hipotecados à troika.
Por tudo isto, a diabolização do regresso de Sócrates era inevitável. Essa fatalidade não pode é servir para atirar alguém para uma lista negra onde aos proscritos está vedado o regresso à vida pública.» [JN]
Alfredo Leite.
Ladrão com 83 anos rouba carro da polícia
«Quando o idoso, de 83 anos, atrelou o Opel Corsa ao seu reboque, para o roubar, anteontem à noite, mal sabia que o carro estacionado em Alcântara pertencia à frota de veículos descaracterizados da Divisão de Investigação Criminal (DIC) da PSP de Lisboa. Uma hora depois do crime, o idoso e o homem que seguia com ele dentro do veículo de reboque, um jovem de 23 anos, acabaram detidos, em Vila Franca de Xira.» [CM]
Parecer:
Este anda a roubar até uma idade bem mais avançada do que a do Soares dos Santos!
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
E outro adormece
«A patrulha da PSP foi chamada à avenida de França, no Porto, onde o alarme de uma casa havia sido acionado. Suspeitando de um caso de furto, os agentes e o proprietário da residência entraram na habitação, onde apanharam o ladrão a dormir.
A inusitada situação teve lugar pouco depois das 05h00 da madrugada de ontem. Um homem de 42 anos, desempregado, ignorou as placas de aviso de alarme e entrou na moradia, que se encontrava, naquela altura, sem ninguém no interior.» [CM]
Parecer:
Começa a ser preocupante, uns "trabalham" até aos 83 anos e os outros adrmecem no "local de trabalho".
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»
BdP promete sonhos em 2014
«O Banco de Portugal prevê um crescimento da economia portuguesa de 1,1 por cento em 2014, quase o dobro das previsões do Governo. Este ano, a recessão será ainda mais profunda: 2,3 por cento.
O Banco de Portugal anunciou esta terça-feira, no relatório da Primavera, que prevê que a economia portuguesa cresça 1,1% em 2014. Ainda assim, este valor fica abaixo do previsto no Boletim de Inverno, que projetava um crescimento do PIB de 1,3%.» [CM]
Parecer:
Obrigadinho ó Costa! Primeiro inventaste uma catástrofe para o povo não consumir, agora prometes paraísos na esperança de o povo gastar apressadamente os poucos tostões que lhe restam.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Pergunte-se ao sô Costa em quantas previsões o BdP acertou desde que é governador.»
Ai, ai, ai....
«José Sócrates é um entrevistado "agressivo, duro, muito duro. Tem um olhar intimidatório, o que é muito relevante na televisão. Tem um olhar feroz", descreve Judite Sousa.
A atual diretora adjunta de informação da TVI, deparou-se muitas vezes com o olhar do antigo Primeiro Ministro quando moderou, estava ainda na RTP, o espaço de comentário entre Sócrates e Pedro Santana Lopes. Continuou a enfrentar em diversas entrevistas o seu "olhar feroz", como classifica, quando já era José Sócrates Primeiro Ministro. Não hesita em afirmar que Sócrates "talvez tenha sido a pessoa mais difícil para entrevistar".
Sócrates, diz, "tem uma linguagem corporal muito forte", isso combinado com o facto de ser um "homem sanguinolento", como o próprio se autodefiniu, frisa, resultava sempre num "entrevistado muito difícil".» [DN]
Parecer:
Esse Sócrates é assustador.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
Crato nunca mais abre o jogo
«O ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, recusou hoje esclarecer quais as "condições extremas" que tornariam admissíveis a inclusão dos professores no regime de mobilidade especial aplicável à Função Pública.
À saída da audição regular pela Comissão de educação, Ciência e Cultura que esta tarde decorreu na Assembleia da República, o ministro recusou esclarecer quais as "condições extremas" que podem levar os docentes à mobilidade especial, uma situação que Nuno Crato disse querer evitar.» [i]
Parecer:
Vai ser interessante perceber quando é que Crato deixa de ser o blogueiro para passar a ser o inimigo dos professores responsável pelo despedimento de dezenas de milhares de profissionais das escolas.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aguarde-se pela metamorfose da borboleta em larva.