Começa
a ser um hábito deste PSD, mal sente receio de alguém atira logo merda para a ventoinha,
por isso mal foi notícia o “regresso” de José Sócrates foi o que se viu,
circulam e-mails com as velhas insinuações e difamações, Sócrates é gay,
encheu-se no Freeport, é íntimo do sucateiro e agora até é farmacêutico.
É
estranho que perante um político com tantos defeitos, derrotado e tão odiado
pelo jornalismo a direita rasca tenha que recorrer ao jogo sujo típico de
movimentos fascistas para tentar derrotar antecipadamente um adversário político.
Ainda há poucos dias Portugal voltava a ser um oásis pelas mãos do ideólogo da
plantação de palmeiras no meio do deserto, no meio de toda a desgraça grega o
nosso país era um caso de sucesso do ajustamento, era um sucesso tão grande que
a Europa renovou a dívidas ao juro simbólico de 4,5% e tendo em consideração
que o melhor povo do mundo adora austeridade até nos deu mais dois anos de
pinochetada económica.
Mas
a direita está tão viciada no desespero pela inteligência colectiva que não
confia na inteligência do povo, receia que a populaça ainda ache que essas
ideias de ter boas escolas, apostar na formação profissional investir nas renováveis,
exportar computadores ou investir nas universidades não é mais do que o velho
gonçalvismo na versão Sócrates. Aliás, a direita esqueceu-se de tentar
processar Sócrates por homicídio em consequência do pai que se atirou ao poço
com o filho ou, como aparece hoje no CM, pelo homicídio da esposa por parte de
um desempregado. Sócrates é culpado de tudo isto e muito mais, pelo que
aconteceu, pelo que esteve por acontecer e pelo que há-de acontecer.
É um
velho tique do PSD adquirido na fase final do cavaquismo governamental, ideólogos
do PSD como o brilhante Dias Loureiro ou o genial Marques Mendes começaram a
combater os adversários não com o debate de ideias, mas com o recurso a
alcunhas. Antes de responder às críticas esta gente respondia tentando
desvalorizar a imagem dos responsáveis da oposição. Quem não se recorda, por
exemplo, da alcunha de “picareta falante” posta a Guterres, o então líder da
oposição tinha opiniões, a resposta não foi a sua discussão, foi a sua eliminação
alcunhando o autor.
O
ponto mais alto desta estratégia suja digna dos piores momentos do fascismo
europeu, o morte à inteligência do franquismo, surgiu na campanha que opôs
Santana Lopes a Sócrates, quando os jotas produziram cartazes com insinuações e
o líder do PSD promovia a sua imagem dizendo que dele sabíamos quem era. Hoje esse senhor é provedor da Santa Casa,
talvez como reconhecimento da excelente pessoa que os cartazes diziam ser.
Para
o PSD todos os banqueiros devem ser financiadores do PSD, todos os donos da
comunicação social devem ser militantes do PSD, todos os jornalistas devem ser
do PSD; todos os comentadores devem ser do PSD. A direita tem um grande apego à
democracia, na condição de deter o poder sobre todos os instrumentos de
manipulação da opinião pública. É por isso que em muitos programas de televisão
a esquerda é representada por gente cujo passatempo é criticar a esquerda, é
por isso que o partido mais representado na televisão portuguesa é o Bloco de
Esquerda.
Bastou
o risco de terem de enfrentar alguém que os assusta e toda a máquina do PSD
comportou-se como uma organização neo-nazi e multiplicaram-se os e-mails sujos,
típicos de quem odeia a democracia e prefere a destruição política dos seus
adversários. Foi lamentável, mostrou um PSD sem argumentos, uma militância que
já não acredita nos seus líderes mas querem o poder porque lhes dá jeito.