quarta-feira, março 27, 2013

O regresso do jogo sujo


Começa a ser um hábito deste PSD, mal sente receio de alguém atira logo merda para a ventoinha, por isso mal foi notícia o “regresso” de José Sócrates foi o que se viu, circulam e-mails com as velhas insinuações e difamações, Sócrates é gay, encheu-se no Freeport, é íntimo do sucateiro e agora até é farmacêutico.

É estranho que perante um político com tantos defeitos, derrotado e tão odiado pelo jornalismo a direita rasca tenha que recorrer ao jogo sujo típico de movimentos fascistas para tentar derrotar antecipadamente um adversário político. Ainda há poucos dias Portugal voltava a ser um oásis pelas mãos do ideólogo da plantação de palmeiras no meio do deserto, no meio de toda a desgraça grega o nosso país era um caso de sucesso do ajustamento, era um sucesso tão grande que a Europa renovou a dívidas ao juro simbólico de 4,5% e tendo em consideração que o melhor povo do mundo adora austeridade até nos deu mais dois anos de pinochetada económica.

Mas a direita está tão viciada no desespero pela inteligência colectiva que não confia na inteligência do povo, receia que a populaça ainda ache que essas ideias de ter boas escolas, apostar na formação profissional investir nas renováveis, exportar computadores ou investir nas universidades não é mais do que o velho gonçalvismo na versão Sócrates. Aliás, a direita esqueceu-se de tentar processar Sócrates por homicídio em consequência do pai que se atirou ao poço com o filho ou, como aparece hoje no CM, pelo homicídio da esposa por parte de um desempregado. Sócrates é culpado de tudo isto e muito mais, pelo que aconteceu, pelo que esteve por acontecer e pelo que há-de acontecer.

É um velho tique do PSD adquirido na fase final do cavaquismo governamental, ideólogos do PSD como o brilhante Dias Loureiro ou o genial Marques Mendes começaram a combater os adversários não com o debate de ideias, mas com o recurso a alcunhas. Antes de responder às críticas esta gente respondia tentando desvalorizar a imagem dos responsáveis da oposição. Quem não se recorda, por exemplo, da alcunha de “picareta falante” posta a Guterres, o então líder da oposição tinha opiniões, a resposta não foi a sua discussão, foi a sua eliminação alcunhando o autor.

O ponto mais alto desta estratégia suja digna dos piores momentos do fascismo europeu, o morte à inteligência do franquismo, surgiu na campanha que opôs Santana Lopes a Sócrates, quando os jotas produziram cartazes com insinuações e o líder do PSD promovia a sua imagem dizendo que dele sabíamos quem era.  Hoje esse senhor é provedor da Santa Casa, talvez como reconhecimento da excelente pessoa que os cartazes diziam ser.

Para o PSD todos os banqueiros devem ser financiadores do PSD, todos os donos da comunicação social devem ser militantes do PSD, todos os jornalistas devem ser do PSD; todos os comentadores devem ser do PSD. A direita tem um grande apego à democracia, na condição de deter o poder sobre todos os instrumentos de manipulação da opinião pública. É por isso que em muitos programas de televisão a esquerda é representada por gente cujo passatempo é criticar a esquerda, é por isso que o partido mais representado na televisão portuguesa é o Bloco de Esquerda.

Bastou o risco de terem de enfrentar alguém que os assusta e toda a máquina do PSD comportou-se como uma organização neo-nazi e multiplicaram-se os e-mails sujos, típicos de quem odeia a democracia e prefere a destruição política dos seus adversários. Foi lamentável, mostrou um PSD sem argumentos, uma militância que já não acredita nos seus líderes mas querem o poder porque lhes dá jeito.