Como pode alguém com um curso tão caro ser acusado de
incompetência ou dar ouvidos ao velho aluno do Instituto Comercial que não
entendia que interesse tinha para os colegas do ISCEF a leitura de romances, Gaspar
tem razão, a sua política é a correcta e se alguém tem dúvidas arrisca-se a
aturar uma conferência de imprensa com o Simon O’Connor, porta-voz daquele
comissário com ar de ter um pico a azedo, a ameaçar o país com o fim do pilim.
Gaspar é o único soldado da parada que marcha com o passo
certo, os outros todos é que estão com o passo trocado. Vítor Gaspar não se
enganou nas previsões do desemprego, os empresários é que são maus portugueses,
não puxam pelo país como apela o Passos Coelho e estão a aproveitar-se das
facilidades legais concedidas pelo sôr Álvaro. Vítor Gaspar não se enganou no
crescimento, a culpa é do Belmiro de Azevedo e dos Soares dos Santos, andam a
dar tantos descontos nos hipermercados que os portugueses deixaram de gastar. O
Gaspar não se enganou na previsão das receitas fiscais, os portugueses é que
fogem de impostos como o diabo da cruz e o país assiste a uma desobediência
fiscal colectiva, ainda pró cima o secretário de Estado nem foi escolhido por
ele, é um crente do Portas que se calhar foi para o lugar por se ter
notabilizado no referendo do aborto.
Portugal é assim e na hora das ratazanas já só falta o
Passos Coelho dizer que nunca viu o Gaspar em Massamá nem foi seu colega na
Tecninova, o próprio Relvas estará quase a dar uma conferência de imprensa
dizendo que nunca o teve como colega na Lusófona e se ele tirou a licenciatura
com um requerimento de equivalências que perguntem ao cardeal, ele é que era o
reitor da Universidade Católica quando o Gaspar recebeu o diploma, se calhar
passou o tempo a fazer de diácono e isso serviu-lhe de equivalência a
econometria, é por isso que as suas previsões têm o valor de promessas a Nosso
Senhor.
Gaspar tem razão, o país é que anda todo ao contrário, nem o
compreende, nem o merece. Não deve ser o Gaspar a ser demitido do governo, deve
ser o governo e Portugal a serem demitidos do Gaspar.